Na poupança, por exemplo, o poupador pode perder dinheiro se descontar a inflação do período.

om a redução da taxa básica de juros da economia brasileira de 2,25% para 2%, deixar dinheiro aplicado em instituições financeiras já não é tão atrativo. O percentual chegou ao menor patamar histórico para a taxa Selic desde 1999, quando entrou em vigor o regime de metas para a inflação. É a nona redução seguida.
Segundo o professor e analista de valores mobiliários, Claudemir José de Souza, com essa taxa básica na mínima histórica, em meio a uma expectativa de que ela permaneça pelo menos até o final do ano, os investidores de uma forma geral começam a fazer contas, para ver o que de fato valerá a pena em termos de investimento.
“Quando a gente olha para caderneta de poupança, que rende 70% da taxa Selic mais TR (Taxa Referencial) que desde 2017 está no patamar zero, significa dizer que teremos uma caderneta de poupança rendendo 1,4% ao ano. Comparada com a expectativa de inflação, significa que em vez de ganhar dinheiro, o poupador vai perder dinheiro deixando o dinheiro na caderneta de poupança, porque a poupança vai ter juros de 1,4%, e a expectativa de inflação para os próximos 12 meses, é que esteja no patamar de 3%”, comenta Claudemir.
Como fica o Governo?
De acordo com Claudemir, o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou nas entrelinhas que pode ocorrer nova redução na taxa de juros nas próximas reuniões. “Só que já estamos praticamente no limite, basta lembrarmos que é a menor taxa histórica. E essa taxa é justamente a taxa no qual o Governo remunera os títulos públicos – como ele não fecha a conta no verde, ele não consegue arrecadar suficiente para pagar as suas contas, a diferença é o que falta para cobrir o saldo negativo, ele acaba emitindo título de dívida ou mesmo rolando títulos de dívida – e para alguém comprar títulos brasileiros precisa ter uma taxa atrativa. Quando você fica com a taxa que não remunera nem mesmo a inflação do País, o Tesouro Nacional começa sim ter dificuldade de rolar os títulos de dívida e também lançar novos títulos. ”
Claudemir ressalta que neste momento o que mais o mercado espera e precisa, é crédito, para os empresários irem conseguindo retomar a contratação e gerar emprego e renda. Para que essa renda atinja fortemente o consumo e a recuperação da economia brasileira. “Então, a novidade foi justamente nesse sentido, que o Banco Central está de olho na questão fiscal e preocupado, em paralelo acompanhando a economia para ver se ela vai se recuperar ou se o Governo vai ter que continuar estimulando a economia, como por exemplo, colocando mais parcelas do auxílio emergencial, para dar esse fôlego necessário à economia.”