Lojistas têm observado aumento nas vendas para reformas e ampliações e início de novas obras médias.

Grandes e pequenas obras estão animando o setor de construção civil de Francisco Beltrão.
As construções não pararam em meio à pandemia e muitas foram iniciadas.
Fotos: Leandro Czerniaski/JdeB
A realidade, hoje, tem se mostrado bem diferente das perspectivas que empresários e autônomos da área de construção civil tinham há quatro meses, no início da pandemia. A paralisação de atividades, obras e a previsão de redução da renda das famílias pintou um cenário catastrófico para o setor, mas que não vem se confirmando em Francisco Beltrão. Por aqui, lojas e profissionais estão comemorando o crescimento da demanda e dos serviços nos últimos dois meses.
“No início do ano tivemos um sinal de melhora, aí veio o coronavírus e a previsão era a pior possível, mas nos últimos 60 dias registramos um aumento muito grande no volume de vendas, algo inexplicável e que pegou todo mundo de surpresa. Pra se ter uma ideia, julho foi o melhor mês em quase 30 anos de atividades”, comenta o empresário Ricardo Almeida, da Pio-X Materiais de Construção.
Na Center Sudoeste, as vendas de junho e julho foram superiores às registradas em 2019 e o gerente Rodrigo Appel cita uma característica observada no perfil dos compradores: “Nos últimos dias tivemos uma procura grande de quem estava comprando para fazer uma reforma ou pequena ampliação e mais recentemente também observamos que aumentou a saída de material mais bruto, o que significa que há mais obras novas sendo iniciadas”.
O aumento repentino da demanda, aliado à paralisação parcial da produção em grandes centros, está tornando alguns produtos escassos nas lojas. É o caso de ferro, cimento e pisos. Os empresários citam que não é nada tão impactante, mas que os pedidos estão demorando mais para chegar e que em muitos produtos tiveram o preço reajustado pelos fornecedores.
Cadeia extensa
O bom momento da construção civil local anima não só os proprietários de lojas, mas toda a cadeia envolvida com as obras, como operadores de máquinas, arquitetos e engenheiros, pedreiros, eletricistas, funileiros, metalúrgicas, vidraceiros, pintores… A equipe do mestre de obras Carlos Morais está construindo um sobrado no Bairro Jardim Seminário e já tem trabalho encaminhado para depois que concluir a construção. “Aqui é um loteamento novo, pode ver o quanto de casa sendo feita e gente trabalhando. Nesse aqui ainda vai uns meses, mas já estamos vendo pra fazer outro [sobrado] aqui do lado, a gente não fica parado porque melhorou bem a procura por serviço”, comenta.
Dados da Secretaria de Viação e Obras de Beltrão mostram que houve uma redução na área requisitada para construção em julho, mas foi o mês com maior número de alvarás solicitados – foram 60 pedidos, totalizando 9,2 mil m². Isso significa que obras menores continuam sendo iniciadas na cidade. É preciso considerar também que, em muitos casos, pequenas reformas e ampliações não são requisitadas à Prefeitura pelos proprietários e não entram neste cálculo.
Projetos de longo prazo
O economista Robson Faria observa que a pandemia afetou pouco o andamento de obras e que o setor trabalha com planejamento de longo prazo: muitas construções em andamento ou iniciadas nos últimos meses foram planejadas bem antes. Ele comenta que o isolamento também contribui. “Com as pessoas mais tempo em casa, sobrou tempo para fazer aquelas pequenas reformas, que antes ficavam pendentes pela correria entre ir e vir das empresas, escolas e viagens. Tudo isso, pode ter estimulado o setor, mas não nos enganemos, como dito, os projetos são de longo prazo, o que significa que o setor pode ser afetado negativamente daqui alguns meses, coincidentemente pelo mesmo motivo”.
O empresário Ricardo Almeida, no entanto, acredita que “como há muita obra ainda na fase inicial, a demanda deve se manter aquecida, pelo menos, até o final do ano”.
