Para o beltronense Roberto Mano Pécoits, problema deve ter acontecido na China.

As entidades e lideranças do setor de carnes do Brasil rechaçaram a hipótese de que a carne processada de aves de um frigorífico de Santa Catarina, que exporta para a China, tenha problema de contágio do novo coronavírus. A notícia foi publicada quinta-feira, 13, no site do município de Shenzhen, Província de Guangdong, com informações da autoridade sanitária local sobre uma suposta detecção de ácido nucleico do coronavírus na superfície de uma amostra de asa de frango congelada, oriunda de um lote importado do Brasil. Segundo a nota, outras amostras do mesmo lote foram coletadas, analisadas e os resultados foram negativos.
O Escritório de Prevenção e Controle de Epidemiologia de Shenzhen informou que todas as pessoas que manusearam ou entraram em contato com o material testaram negativo para a Covid-19. A direção da Organização Mundial de Saúde (OMS) foi uma das primeiras instituições de saúde a se pronunciar e disse não acreditar na hipótese de contágio na carne de frango congelada.
A OMS minimizou o risco de o novo coronavírus ser transmitido por meio de embalagens de alimentos, e pediu às pessoas que não tenham medo de que o vírus entre na cadeia alimentar. Duas cidades da China disseram ter encontrado vestígios do vírus em alimentos congelados importados e em embalagens de alimentos, provocando o temor de que remessas de alimentos contaminados possam causar novos surtos.
“As pessoas não devem temer alimentos, embalagens de alimentos ou entrega de alimentos”, disse o chefe do Programa de Emergências da OMS, Mike Ryan, em entrevista coletiva. “Não há evidências de que a cadeia alimentar esteja participando da transmissão desse vírus”, frisou.
Governo emitiu nota
O Ministério da Agricultura do Brasil emitiu nota tranquilizando as pessoas e o setor de agronegócio. “O Mapa ressalta que, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há comprovação científica de transmissão do vírus da Covid-19 a partir de alimentos ou embalagens de alimentos congelados. O Mapa reitera a inocuidade dos produtos produzidos nos estabelecimentos sob [registro no] SIF, visto que obedecem protocolos rígidos para garantir a saúde pública”.
Brasil tem excelência
José Antônio Ribas Júnior, presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), também se manifestou através de nota oficial. Em um trecho da nota ele afirma que “as autoridades brasileiras estão em contato com as autoridades chinesas na obtenção de informações precisas, reiterando, contudo, que o Brasil é um País de excelência na produção de proteína animal no mundo, seja pelo aspecto de sanidade, seja pela segurança dos processos produtivos, auditados reiteradamente por mais de 150 países para os quais o produto é exportado. O processo produtivo brasileiro, reconhecido internacionalmente, sempre levou em consideração o respeito às pessoas, aos animais e ao uso intensivo de técnicas e tecnologias que levam excelência em qualidade e segurança do alimento colocando assim o Estado de Santa Catarina e o Brasil no topo da cadeia de produção e exportação de aves”.
O diretor da Gralha Azul Avícola, de Francisco Beltrão, Roberto Mano Pécoits, que tem grande conhecimento no setor, também não acredita na possibilidade de contaminação. “A comunidade científica diz que a possibilidade de contaminação não é nem de frango é de qualquer animal produzido em escala comercial. O vírus estava alojado na embalagem, se foi na embalagem, tem que ter acontecido por lá”.
Mano diz que até agora não houve suspensão de embarques de carnes de aves do Brasil para China. Porém, ele admite que a notícia “é ruim porque tá todo mundo assustado, mas no frango é impossível [o vírus se alojar}. Como que vai sobreviver congelado? Não deve ter grandes consequências [para o Brasil]”.
*Com informações do Mapa, Reuters, Agrolink e Acav.