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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Mulheres são mais criativas em suas empresas durante a pandemia

Percentual de empreendedoras que vendem pela internet, usam redes sociais e inovam em produtos e serviços é superior ao de empresários do sexo masculino.

Tania Luza, empresária de Pato Branco que modificou estratégias e conseguiu ampliar vendas.

A crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus atingiu, de forma praticamente indistinta, homens e mulheres que empreendem no Brasil. Entretanto, segundo pesquisa realizada pelo Sebrae e Fundação Getúlio Vargas, as mulheres empreendedoras demonstraram maior agilidade e competência ao implementar inovações em seus negócios.

De acordo com o levantamento, a maioria das mulheres (71%) faz uso de redes sociais, aplicativos ou internet para vender seus produtos. Já o percentual de homens que utilizam essas ferramentas é bem menor: 63%. Essa vantagem das mulheres diante dos empresários também foi verificada no uso do delivery e nas mudanças desenvolvidas em produtos e serviços.

A 7ª Pesquisa sobre o Impacto nos Pequenos Negócios, realizada entre os dias 27 e 31 de agosto, revelou que a maioria dos empresários registrou uma diminuição do faturamento mensal, a partir do início da pandemia, com uma situação ligeiramente pior para as mulheres (78%), em comparação com os empresários do sexo masculino (76%).

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Por outro lado, elas passaram — por força das medidas de isolamento social — a utilizar mais as vendas on-line do que os homens (34% delas contra 29% dos empreendedores). As mulheres donas de negócios também inovaram mais na oferta de seus produtos e serviços (11% contra 7% dos homens); e usaram mais os serviços de delivery (19%), enquanto 14% dos empresários passaram a adotar essa mesma estratégia.

Motivos do sucesso delas
Dianalu de Almeida Caldato, gestora do Programa Sebrae Delas do Sebrae/PR, aponta alguns motivos que levam ao resultado da pesquisa. “As mulheres, em média, têm grau de escolarização maior dos que os homens, o que significa que estão mais preparadas para buscar alternativas. A pesquisa apontou que 63% delas possuem ensino superior contra 55% dos homens. Elas também são mais jovens (24% têm até 35 anos contra 18% deles), têm perfis ligados às dinâmicas de transformação digital e estão mais conectadas”, explica Dianalu.

A consultora observa que a pandemia forçou os empreendedores a saírem da zona de conforto, acelerando assim o processo de digitalização dos negócios. “A inovação apareceu na reinvenção de negócios, no modelo de entrega, nos atendimentos e até na criação de novos produtos ou serviços. A necessidade do cliente não deixou de existir, o que mudou foi a forma de relacionamento”, contextualiza Dianalu.

As empreendedoras paranaenses têm aplicado a inovação e a criatividade para diferentes áreas de atuação. Tania Terezinha Luza, proprietária de uma loja de colchões em Pato Branco, é um exemplo do dinamismo feminino. A empreendedora salienta que, no início da pandemia, já estava recebendo consultorias para entender o novo momento. “Na semana em que o Brasil parou (quando foi declarada a quarentena), ampliamos as consultorias, mudamos nossas estratégias e nos adaptamos à nova realidade.”

A empresária relata que, mesmo com a falta de mercadorias (em decorrência do desabastecimento de matérias-primas), conseguiu encontrar maneiras de aproveitar a alta demanda de consumo, com a estratégia de ampliar estoques, entre junho e julho, entender o momento e buscar oportunidades que resultaram em mais vendas. “O mês de setembro ainda não terminou e as vendas são superiores à campanha da Black Friday do ano passado”, compara.

Tania tem opinião semelhante à da consultora Dianalu quanto ao resultado da pesquisa. “As mulheres são mais versáteis e procuram sempre se preparar melhor. Nas dificuldades, nós vamos buscar saídas. Vamos assistir a lives, trocar experiências com outras empresárias. Tudo flui melhor.”

Dívidas e crédito
Ainda de acordo com os dados da pesquisa, as mulheres têm se mostrado mais avessas a empréstimos bancários do que os homens. Desde o início da crise, 54% dos empresários do sexo masculino buscaram crédito, enquanto a proporção de mulheres é praticamente a oposta: 55% delas não buscaram empréstimos.

Outro aspecto que também mostra uma diferença significativa de comportamento entre homens e mulheres é o percentual de endividamento. Enquanto a maior parcela dos empresários (37%) tem dívidas/empréstimos em dia, a parcela mais representativa das mulheres é aquela que afirma não ter dívidas (36%).

O último levantamento mostrou que há uma predominância das mulheres que empreendem em casa (35%), em comparação com os homens (29%). Em geral, essa situação se dá em razão de as mulheres buscarem compatibilizar a rotina do negócio com as demandas da família.

A pesquisa também revelou que a maioria dos empreendedores está em processo de reabertura, com ligeira vantagem para as mulheres (76%) em relação aos homens (75%).

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