Empresariado regional acredita que tendência pode se manter positiva no 2º semestre.
A produção industrial brasileira cresceu 8,9% em junho deste ano, na comparação com maio. Essa é a segunda alta consecutiva do indicador, que já havia registrado expansão de 8,2% em maio. Foi também foi a maior taxa de crescimento desde junho de 2018 (12,5%).
“Apesar da pandemia, o Brasil continua crescendo, basta ver os números globais. O agronegócio e a indústria de infraestrutura estão a todo vapor. Existem vários setores que estão sofrendo e outros que vão precisar se reinventar, mas, no global, nosso PIB vai ter um bom resultado”, comentou o empresário de Francisco Beltrão Edson Flessak.
“Tomara que essa tendência continue. Alguns setores estão muito bem, como as empresas agroindustriais, material de construção, alimentos, cosméticos, que está bombando, metalurgia e eletromecânicos”, completou o empresário também de Beltrão Névio Urio.
Além dos itens citados por Névio, o levantamento destacou a alta de 24 das 26 atividades industriais pesquisadas, em especial pela produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, que teve um crescimento de 70% no mês.
Para o empresário de Dois Vizinhos Nilton Almeida, “o Brasil estava entrando nos trilhos do desenvolvimento, aí veio a pandemia para atrapalhar, porém temos muitas riquezas e, com certeza esse percentual de crescimento demonstra que tão logo acabe tudo isso que estamos passando, a nossa indústria será um dos pilares que fará com que nosso país cresça a passos largos”.
Para Tarsízio Carlos Bonetti, presidente da Acefb, “o nosso setor do agronegócio é muito forte, e consegue alavancar o desenvolvimento do País. Entendo que a nossa região não sentiu muito o impacto econômico da pandemia; é claro que nós temos a construção civil que retomou, além da área moveleira, confecções, metalurgia, enfim uma infinidade de outros segmentos que estão trabalhando com bastante firmeza e em breve tudo isso será resolvido e a gente poderá voltar à normalidade; lamentamos, claro, as mortes vítimas da Covid-19”.
O empresário pato-branquense e presidente da Cacispar (Coordenadoria das Associações Empresariais do Sudoeste), Carlos Manfroi, acredita na reação. “Recebi essa notícia com alegria, as coisas estão acontecendo, sim, não parou tudo e esse crescimento da indústria é bom para todo mundo, torcemos para um segundo semestre nesse mesmo ritmo”.
Bens de consumo
Entre as quatro grandes categorias econômicas da indústria, a maior alta foi observada nos bens de consumo duráveis (82%). Os bens de consumo semi e não duráveis cresceram 6%; os bens de capital, isto é, as máquinas e equipamentos usados no setor produtivo, subiram 13% e os bens intermediários — insumos industrializados usados no setor produtivo — tiveram alta de 5%.
Ainda falta mais recuperação
Apesar da boa notícia de maio/junho, a indústria brasileira ainda não conseguiu recuperar totalmente as perdas sofridas em março e abril, causadas pela pandemia da Covid-19, quando o setor caiu 26,5%.
Apesar da alta de maio para junho, a produção apresentou queda de 9% na comparação com junho de 2019. Houve ainda recuos de 11% no acumulado do ano e de 5,5% no acumulado de 12 meses.
“Esse setor acumulou expansão de 495% em dois meses consecutivos de crescimento na produção, mas ainda assim está 54% abaixo do patamar de fevereiro”, disse o gerente da pesquisa, André Macedo.
Equipamentos de transporte
Equipamentos de transporte também tiveram destaque, com alta de 142%, puxados principalmente pela produção de motocicletas.
Por outro lado, as atividades com queda na produção foram a indústria alimentícia e a produção de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis, ambas com recuo de 2% na produção.
“A indústria alimentícia tem uma dinâmica diferente do restante do setor industrial, por conta de suas características relacionadas ao abastecimento. Ela vinha de resultados positivos, quando a indústria, de forma geral, estava em queda. Os crescimentos nos meses anteriores, combinados com uma queda no açúcar, resultaram no recuo registrado em junho. Alimentos, porém, têm um saldo positivo, diferente da média da indústria”, explicou o gerente da pesquisa, André Macedo.