Se seguir projeção nacional, Francisco Beltrão pode ter 2.900 novos desempregados

Segundo o Ministério do Trabalho, são 21.352 empregos formais no município, oriundos de 6.140 estabelecimentos

Os empresários beltronenses estão preocupados com a situação econômica do município e do país, por conta da quarentena. Ontem pela manhã, 30 empresários de Francisco Beltrão se reuniram no estabelecimento de um deles, a KM Pneus, com o devido espaçamento entre eles, para discutir alternativa de tentar reabrir o comércio de forma consciente, atendendo as exigências do Ministério da Saúde. Durante a reunião, eles começaram a projetar demissões em suas empresas.

“Temos aí várias empresas que já demitiram, que estão preocupadas. Tem o problema do vírus, mas tem a saúde mental, a saúde financeira também. É uma questão de sobrevivência das empresas. Queremos abrir o comércio com cautela, pra não disseminar o vírus. O comércio tem um fluxo de pessoas muito menor do que bancos, farmácias e supermercados. Precisamos que continue pingando receita pra manter a equipe. A flexibilização pode acontecer, em horário reduzido, pra ajudar quem quer ir na loja”, disse Luciano Steimbach, gerente da loja O Doidão.

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“Esse decreto dos 12 dias vai até o dia 16 de abril. Portanto, o comércio voltaria a abrir apenas no dia 17. Já vai ter passado a Páscoa e o final de semana. Não dá tempo de se recuperar até o final do mês. Isso que a gente não sabe se esse decreto pode ser prorrogado ou não. A preocupação é muito grande em relação aos compromissos assumidos com os funcionários, cada dia as despesas aumentam. A dificuldade aumenta e vai ter que demitir funcionários. A coisa vai complicar mais pra frente. O empresário precisa estar unido para retomar os trabalhos”, afirma Valério Caveglion, sócio-proprietário da KM Pneus.

“Nossa preocupação hoje é folha de pagamento, impostos, aluguel, enfim, a despesa fixa da empresa. Desafio é manter a empresa. Mas como vai ser daqui a 30 dias? O comércio vive da venda. Se não está vendendo, como vamos arcar com esses compromissos? Até mesmo as rescisões dos funcionários, como vamos bancar? A gente apela para as entidades que representam o comércio, para que se mobilizem. O emprego é uma questão de saúde pública também, que a médio prazo vai acometer a nossa população”, avalia Guilherme Toss, sócio-proprietário da Itália Móveis.

Projeção de desemprego no Brasil
Analistas entrevistados pelo jornal Correio Braziliense estão prevendo taxa de desemprego em 13,5% até o fim de 2020, podendo saltar de 12 milhões para 20 milhões de pessoas. Isso que é preciso levar em conta ainda que 40 milhões de pessoas trabalham informalmente no Brasil. A previsão é que o PIB (Produto Interno Bruto) caia 10% no segundo trimestre de 2020. Dependendo do tamanho da queda do PIB neste ano e do desemprego, a recuperação será muito lenta, comprometendo 2021 e 2022, pois uma das principais alavancas do PIB, o consumo das famílias, estará prejudicado.

Projeção de desemprego em Francisco Beltrão
Segundo dados do Ministério do Trabalho, Francisco Beltrão tinha até dezembro de 2019 um total de 21.352 empregos formais, oriundos de 6.140 estabelecimentos formais, que variam entre os setores de comércio (1.949 estabelecimentos e 6.611 empregos formais), serviços (3.129 estabelecimentos e 8.516 empregos formais), construção civil (278 estabelecimentos e 1.213 empregos formais), indústria da transformação (615 estabelecimentos e 4.096 empregos), agropecuária, extração vegetal, caça e pesca (151 estabelecimentos e 509 empregos formais), administração pública direta e autárquica (4 estabelecimentos e 329 empregos diretos), extrativa mineral (5 estabelecimentos e 67 empregos formais) e serviços industriais de utilidade pública (9 estabelecimentos e 11 empregos formais). Se Francisco Beltrão seguir a projeção nacional, serão 2.883 novos desempregados no município até o fim de 2020.