Apesar do estigma de ter um alto custo e ser uma modalidade dominada por aposentados, viagens de motorhomes e trailers também podem ser conciliadas com trabalho e ter baixo investimento.

Encontro de motorhomes vai até domingo no parque de exposições e reúne 170 veículos.
Fotos: Leandro Czerniaski/JdeB
“É um estilo de vida”, taxa a mineira Beth Avelar ao explicar como vivem os estradeiros – termo pelo qual são chamados os adeptos do campismo em motorhomes e trailers. “A principal vantagem é que acordamos com uma vista diferente cada dia; nossa ‘casa’ é pequena, mas o quintal é o mundo”, resume o marido Ronaldo.
O casal está em Francisco Beltrão participando de um encontro com estradeiros de vários Estados brasileiros e também da Argentina, Paraguai e Uruguai. São cerca de 170 famílias instaladas em veículos adaptados no parque de exposições. “É como se fosse um novo bairro que surgiu na cidade e toda essa gente vem pra cá, realiza passeios, consome na cidade e ajuda a movimentar a economia”, explica o coordenador do grupo Estradeiros, Moacir Feiten.

O encontro também desperta a curiosidade de visitantes e de quem tem aquele sonho antigo de se aposentar e cair na estrada. Tornar-se um adepto do campismo pode ser mais simples do que se imagina, segundo os próprios aventureiros. “Aqui não há discriminação, desde o melhor motorhome até quem vem de carro e arma barraca é tratado igual e isso mostra a quantidade de possibilidades que existem no campismo. Tem colegas que trabalham – e nós mesmos no início – que saem do emprego no final de semana, feriados e férias e participam de viagens curtas e encontros mais próximos”, destaca Ronaldo.
O investimento em um veículo adaptado pode ser alto. O casal Avelar, por exemplo, se desfez do melhor imóvel que possuíam para investimento para comprar o motorhome. Atualmente, há opções que chegam a R$ 1,5 milhão, mas também é possível iniciar na modalidade com bem menos, em vans e camionetes adaptadas, que podem partir de R$ 50 mil.
O casal Juliane e Carlos Campelo, também de Minas Gerais, conheceu o campismo em uma viagem pela Europa de motorhome e dali em diante resolveu investir no equipamento próprio. “Cada pessoa tem um esquema próprio de programação. No nosso caso, vemos o calendário anual de encontros e programamos outras viagens próprias; ficamos algumas semanas na estrada e uns dias em casa, para ver os filhos, como estão os negócios, as contas. Depois voltamos para a estrada”, contam.

Sem ficar parado
Nos encontros, os participantes aproveitam para passear, fazer compras, conhecer pontos turísticos da cidade e também fazem muita festa. Em Francisco Beltrão, todas as noites foram realizados eventos: teve moda de viola, baile com chope, jantar italiano e amanhã acontece o jantar natalino. Esta já é a terceira vez que a cidade sedia o encontro, que tem apoio da Prefeitura.

Adeptos novos e antigos
Rosi e Nico Calza são iniciantes no campismo. Eles moram em Xanxerê (SC), conheceram a modalidade há pouco tempo, em encontros de antigomobilistas, e resolveram adaptar um chassi de caminhão ¾ numa carcaça do Chevrolet Coe 1946. Na casa ambulante, o casal realizou 22 viagens em um ano e meio e conheceu do Mato Grosso ao Rio Grande do Sul. “Isso é ótimo, tínhamos que ter tido essa ideia há 20 anos”, comentam.
Entre os campistas, também há gente de mais idade. Dona Marilde, de 81 anos, e seu Alteloir Gubert, de 87, são funcionários públicos aposentados e estão na estrada há décadas com um caminhão adaptado que consideram rústico, mas segundo eles “muito prático e confortável”. “Moramos em Curitiba, mas ficamos mais tempo conhecendo outros lugares do que em nossa própria casa”, revelam.