Motorista que causou o acidente foi preso.
Na manhã de ontem, 7, duas pessoas morreram em um acidente de trânsito em Francisco Beltrão, provocado por um motorista embriagado. Foi na PR 180, Contorno Leste, em frente ao Centro Regional de Especialidades (CRE), no Bairro Água Branca.
De acordo com testemunhas, o condutor de um automóvel Peugeot 208, placas de Francisco Beltrão, dirigia em alta velocidade e colidiu na traseira de uma camioneta GM Montana, de Marmeleiro, que reduziu a velocidade para passar em uma lombada que tem naquele trecho.
Depois de atingir a Montana, o Peugeot saiu da pista, colidiu em uma placa de sinalização e atropelou os pedestres Joel dos Reis Macedo e DuLcimara da Silva, ambos de 21 anos, que residiam no interior de Barracão. Os dois morreram no local. O veículo só parou quando bateu na traseira de um Fiat Uno. O motorista que provocou o acidente fugiu no local, mas foi localizado e preso pela Polícia Rodoviária Estadual. O condutor é Alduino Malinoski, 57 anos, agricultor, que reside em Beltrão.
Ele foi submetido ao teste de bafômetro, com resultado de 0,84 mg/l, confirmando a embriaguez. Foi conduzido para a delegacia e autuado em flagrante e permanece preso. À tarde, ao ser submetido a interrogatório, Alduino preferiu se manter calado. Dois advogados acompanharam a apresentação do preso ao delegado adjunto da 19ª Subdivisão Policial, Ricardo Morais Faria dos Santos.
Além das duas mortes, outras duas pessoas que estavam na Montana sofreram ferimentos leves e foram atendidas no Hospital Regional, que fica a cerca de 300 metros do local onde aconteceu o desastre.
Policiais militares e civis, bombeiros, além dos peritos do Instituto de Criminalística e funcionários do Instituto Médico Legal e do Samu foram mobilizados para acompanhar este desastre. Filas de veículos se formaram nos dois sentidos e a Polícia Rodoviária estava coordenando o trânsito.
Mais dois acidentes na cidade
No perímetro urbano de Beltrão foram anotados dois acidentes com feridos. Na avenida General Osório, bairro Cango, colisão entre uma moto e um GM Monza. Felipe Matheus Karlingue, de 19 anos, condutor da moto, teve ferimentos considerados graves.
Na Avenida Julio Assis Cavalheiro aconteceu colisão envolvendo uma moto e um Corsa. Patrícia Girardi, 24 anos, condutora da moto, também teve ferimentos graves.
Duas vítimas residiam no no interior de Barracão
A jovem Dulcimara da Silva, 21 anos, agricultora, veio a Francisco Beltrão para uma consulta com a médica oftalmologista do CRE. Dulcimara viria com mãe, dona Marilde dos Santos da Silva, mas como ela não estava bem, veio junto seu namorado, Joel dos Reis Macedo, 33 anos. Eles residiam na Linha Vista Alegre, em Barracão. Conforme informações, a jovem já tinha consultado com a médica. Os dois iriam retornar a Barracão, mas acabaram sendo as vítimas fatais deste desastre no Contorno Leste/PR 180.
Hélio dos Santos Reis Macedo, irmão de Joel, e Aliomar da Silva, irmão de Dulcineia, vieram a Beltrão para reconhecer e liberar os corpos dos dois no IML. Hélio diz que o carro que pegou Dulcimara e Joel jogou eles cerca de 40 metros longe.
O rapaz trabalhou numa metalúrgica de Barracão e tinha deixado o emprego há pouco tempo. Estava morando com o pai, João Francisco de Macedo, na propriedade da família, em Vista Alegre. Seu João, de 89 anos, era casado com Elvira dos Reis Macedo (falecida). O casal teve seis filhos – dois homens e quatro mulheres. Hélio conta que recebeu ligação telefônica quando estava ao lado do pai e teve de comunicá-lo sobre a morte de Joel.
Dulcimara era filha de Marilde e Jair da Silva. O casal teve três filhos – todos moram com os pais. Dulcimara e Joel moravam na mesma comunidade e já se conheciam antes de começar o relacionamento. Mas o namoro começou há pouco tempo. Aliomar, irmão da moça, disse que seus pais “estão em estado de choque”. A princípio, os Dulcimara e Joel devem ser sepultados hoje no cemitério da Linha Vista Alegre.
Aliomar diz que sua irmã era extrovertida. Hélio conta que o irmão gostava de jogar bocha e 48. No começo da noite, Aliomar e Hélio tiveram de levar os corpos dos irmãos, em carro funerário, para o velório em Barracão.
Perante o delegado de Polícia, motorista opta pelo silêncio
Alduino Malinoski, 56 anos, agricultor em Francisco Beltrão, foi preso em flagrante após o acidente e levado para a Delegacia de Polícia onde se encontrava detido. A prisão em flagrante se deu por lesão corporal e homicídio ao dirigir veículo automotivo, além da embriaguez ao volante.
À tarde, o delegado adjunto Ricardo Morais Farias dos Santos, da 19ª Subdivisão Policial, tentou ouvir o condutor sobre o desastre. Alduino preferiu ficar em silêncio. Ele estava acompanhado de dois advogados de defesa. O JdeB perguntou ao delegado Ricardo se a Polícia Civil poderia, neste caso, arbitrar a fiança e liberar o motorista para responder ao inquérito em liberdade.
Ele respondeu que neste caso não cabe à Polícia Civil conceder a liberdade. Somando-se todas as penas, o caso de Alduino passa de quatro anos de pena. Por isso, a Polícia Civil não pode arbitrar fiança e liberar o condutor. Pela legislação, a pena de homicídio ao volante é de quatro anos, por causar lesão, a pena máxima é de dois anos e por embriaguez ao volante é de três anos. O delegado explica que, somando estes três delitos, dá mais que quatro anos. Outra agravante é que o condutor deixou o local do acidente e não prestou socorro às vítimas.
O delegado adianta que serão ouvidas mais pessoas. Ontem, foram ouvidos os policiais que estiveram no local e captadas imagens que registram o fato.
Também serão solicitados os laudos do acidente e das necropsias dos jovens ao Instituto Médico Legal e Instituto de Criminalística. Na próxima semana devem ser ouvidas as pessoas que estavam nos outros dois veículos – GM Montana e Fiat Uno – e mais pessoas.
O delegado diz que, se o motorista for mantido preso, o inquérito deve ser concluído em dez dias. Se ele conseguir a soltura via judicial, para responder em liberdade, o prazo máximo para concluir o inquérito será de 30 dias.
ARSS e Unioeste pedem a construção de trevo
A Associação Regional de Saúde do Sudoeste (ARSS), mantenedora do Centro Regional de Especialidades (CRE), que fica de frente para a PR 180/Contorno Leste, já solicitou ao Governo do Estado a construção de um trevo em frente a sua sede para facilitar o acesso dos veículos e a circulação dos pedestres.
Recentemente, a Unioeste passou a utilizar o Bloco de Ciências da Saúde, pouco adiante do CRE, também de frente para o Contorno Leste. Por isso, as direções da Unioeste e ARSS solicitaram que o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) que instalasse lombadas naquele trecho. Uma lombada foi colocada em frente à entrada da Unioeste, bem como redutores de velocidade nos dois lados – antes da entrada.
Para Eduardo Broring, diretor administrativo da ARSS, mesmo que houvesse o trevo, o acidente não seria evitado porque o motorista do Peugeot estava em alta velocidade. “Não adiantava ter trevo, lombada, porque o veículo vinha em alta velocidade”, observou Eduardo. Câmeras de monitoramento de TV captaram o momento do acidente de trânsito.
Em relação ao trevo, o coordenador administrativo da Associação Regional, disse que o pedido “está nas mãos do governo pra viabilizar” e que “está tendo o empenho das autoridades” para viabilizar a obra.
Eduardo disse que a ARSS comunicou o acidente e as mortes das duas pessoas de Barracão à Secretaria Municipal de Saúde, que contatou as famílias.
