Perícia foi realizada ontem com a participação da Polícia Militar, Polícia Civil, Gaeco, Ministério Público e advogados de defesa.

Momento em que o terceiro policial chega na cena do crime de moto.
Foto: Niomar Pereira/ JdeB
Órgãos de segurança fizeram na manhã de ontem, na PR 281, município de Salto do Lontra, uma reprodução simulada da ocorrência que resultou na morte dos irmãos Orestilhano Maria da Rosa Júnior, 21 anos, e Adrian Beppler da Rosa, 26 anos, registrada em 23 de julho.
A perícia teve a participação do Instituto de Criminalística, Ministério Público, Gaeco, Polícia Militar, Polícia Civil, com acompanhamento dos advogados de defesa, e durou cerca de 1 hora e 20 minutos. Os detalhes do que teria acontecido no dia dos fatos foram repassados pelo policial Leandro Becher que estava presente no episódio. Os dois irmãos morreram após serem baleados, supostamente, pelo policial Andrei Castelli, que está preso temporariamente (30 dias) no 6º Batalhão da PM em Cascavel.
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Orestilhano e Adrian estavam em um veículo Ford Courier, com placas de São Francisco do Sul (SC), quando foram abordados pela PM em frente a uma cerealista na saída para Santa Izabel do Oeste. A versão apresentada no dia dos fatos é de que eles teriam feito movimentos aparentando estarem armados. Os dois foram baleados e socorridos, mas morreram em casa hospitalar de Francisco Beltrão. Há um Inquérito Policial Militar (IPM) e um inquérito na Polícia Civil para apurar as circunstâncias das mortes.
Na semana passada o Major Zochi, do 21º Batalhão da PM, afirmou que os indícios levam a crer que as armas (um revólver 38 e uma garrucha 32) que – na versão inicial seriam dos irmãos – em tese, teriam sido colocadas no veículo pelo soldado Castelli, que hipoteticamente saiu do local em determinado momento, foi até a sede do destacamento da Polícia Militar e retornou com as duas armas, colocando-as na cena do crime.
Um terceiro policial na cena
O delegado da Comarca de Salto do Lontra, Sandro Spadotto Barros, falou que a reprodução simulada é importante para ajudar esclarecer alguns pontos “e ver se o policial que falou sobre tudo vai confirmar o que disse anteriormente”. De acordo com ele, é uma maneira de reforçar o que já foi dito ou identificar controvérsias. Além dos dois policiais que fizeram a abordagem inicial, um terceiro policial de folga (que participou da simulação ontem) esteve no local das mortes. Quando chegou de moto, os dois irmãos já tinham sido baleados.
Spadotto informou ainda que a Polícia não sabe se quando o terceiro PM esteve no local as armas já tinham sido colocadas no veículo das vítimas. O inquérito policial tem 30 dias para ser concluído, porque há um decreto de prisão temporária do suspeito. “Então a gente vai ver se pede a prisão preventiva ou a prorrogação por mais 30 dias”, ressaltou.
Perícia ajudará elucidar os fatos
O perito chefe do Instituto de Criminalística de Francisco Beltrão, Patrick Souza, conduziu a reprodução simulada na manhã de ontem. Conforme disse, desde o início, quando ocorreu o fato, foi feito o exame de local pelo perito plantonista, coletando os vestígios encontrados no veículo, nas proximidades, estojos de arma de fogo e o laudo está sendo elaborado, junto com o croqui demonstrando a posição de cada vestígio em relação ao veículo e em relação ao local.
Segundo ele, foram encaminhados à perícia os aparelhos de telefonia celular das vítimas e dos policiais, que serão analisados através do cellebrite – software usado pela Criminalística que ajuda recuperar listas de contatos, conversas pelo WhatsApp, informações das redes sociais e de e-mails, fotos e vídeos e dados de localização, além de buscas e sites visitados – para buscar informações que tenham sido apagadas. As armas e os estojos coletados no local e os projéteis retirados dos corpos das vítimas foram enviados à seção de balística (em Curitiba) para perícia de confronto.
Na reprodução simulada dos fatos, os peritos fizeram várias fotos das posições dos policiais e das vítimas. Patrick contou que a cena foi montada conforme informações prestadas no inquérito. “O objetivo foi verificar a dinâmica dos fatos e se não há contradições com o que foi declarado e o que foi demonstrado no local hoje (ontem).” Ele reforçou que foi uma reprodução com base em informações de quem estava na cena no dia da ocorrência. “Não acredito que, em virtude de ser de dia ou de noite, vá mudar o que aconteceu na data do ocorrido”, comentou o perito.