Policiais
Por Isadora Stentzler
Os registros de violência contra a mulher cresceram 51,6% na última década em Francisco Beltrão, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SSP/RP) solicitados pelo Jornal de Beltrão. Os números, que apontam para a quantidade de registros nas delegacias, mostram que foram cinco casos por dia nos últimos dez anos para os crimes de ameaça, estupro, lesão corporal e feminicídio. No final de semana em que se comemora o Dia da Mulher (8 de março), os dados colocam em xeque as comemorações diante da persistente violência, o que, segunda a delegada Emanuelle Carolina Baggio, titular da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) de Francisco Beltrão, só irá mudar com educação e consciência.
De acordo com o levantamento, os registros de ameaça, estupro, lesão corporal e feminicídio, juntos, passaram de 1.461, em 2010, para 2.215, em 2019. Somados, apontam que 18.498 casos foram denunciados só na última década – se cada caso fosse registrado por uma vítima diferente, por exemplo, seria o mesmo que ter mais que uma cidade de Marmeleiro inteira de mulheres agredidas (que segundo o último Senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas tinha 13,9 mil habitantes).
Os números, porém, não apontam quantos são registros de vítimas reincidentes e nem refletem a totalidade de casos. De acordo com a delegada Emanuelle um número que dificilmente será calculado, já que o que se tem são números de registros, em que a vítima procurou os órgãos se Segurança Pública ou, infelizmente, se tornou estatística antes dessa busca. “É importante diferenciar entre número de registros e número de casos (…) Todavia, acredito que o aumento no número de registros se deve, justamente, à divulgação da lei e dos direitos, campanhas de conscientização, empoderamento feminino…”, frisa.
No recorte por tipo de crime, de acordo com o levantamento da Secretaria de Segurança, foram 11.218 registros de ameaça, 373 de estupro, 6.906 de lesão corporal e um de feminicídio na década. O maior aumento percentual foi relacionado aos crimes de estupro que cresceram 131,8%.
Diante de números desanimadores, a delegada ressalta a importância de uma nova educação para que o homem agressor passe a ver a mulher como um ser humano tal qual e se tenha a real diminuição da violência. “Somente com educação em todas as áreas conseguiremos baixar os indícios de violência (e isso se aplica em todas as searas e não somente em violência doméstica contra a mulher). Quando respeitarmos o próximo simplesmente por ele ser um ser humano como nós, sem dúvidas os indícios de violência diminuirão”, pondera.