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Francisco Beltrão
quinta-feira, 05 de junho de 2025

Edição 8.219

05/06/2025

Com escassez no Brasil, camarão se tornou principal contrabando vindo da Argentina

Atravessadores e contrabandistas têm altas margens de lucro com o camarão argentino.

 

A Polícia Militar localizou um depósito clansdestino no Loteamento Pedra Branca.
Foto: Divulgação PM

 

O camarão da Argentina se tornou o principal produto trazido ilegalmente para o Brasil nos últimos anos. O crustáceo que entra pelas divisas entre San Antonio/Santo Antônio do Sudoeste e Bernardo de Irigoyen/Barracão/Dionísio Cerqueira (SC) abastece diversos Estados brasileiros. 
Segundo a Polícia Federal, que desencadeou no final de 2016 uma operação para combater esse tipo de contrabando, o camarão da Argentina proporciona altas margens de lucro aos atravessadores. 
Além de ter a venda proibida no Brasil, o acondicionamento para transporte em desconformidade com as normas sanitárias gera preocupação em virtude do perigo de contaminação dos consumidores. 
O delegado da Polícia Federal Márcio Anater, da Delegacia de PF de Dionísio Cerqueira, afirma que há uma grande demanda por camarão no Brasil. Uma doença afetou a produção brasileira no final do ano passado, derrubando significativamente a produção nacional. 
O camarão é muito apreciado nos restaurantes brasileiros, especialmente no litoral. Tanto é que a maioria do camarão apreendido na região Sudoeste quase sempre tem como destino Balneário Camboriú, Itapema, São José e Florianópolis, cidades litorâneas de Santa Catarina.

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Importação é proibida no Brasil
O delegado informa que desde 2013 uma decisão judicial proibiu a importação de camarão. O produto vinha da Ásia, Equador e Argentina na época, mas foi cancelado para controlar a proliferação de doenças que prejudicavam a produção brasileira. No ano passado a Polícia Federal fez uma grande operação e dos 24 investigados, 15 tinham ligação com o contrabando de camarão. 
“Em Bernardo de Irigoyen havia três grandes fornecedores, com estruturas de carretas com câmaras frias e depósitos. Conseguimos chegar em dois deles, isso porque um era brasileiro e foi preso no Brasil e o outro, filho dele, se apresentou para responder perante a justiça. O terceiro e maior contrabandista, que é argentino, continua operando. Há um acordo de cooperação jurídica internacional em andamento para ver se as autoridades argentinas colaboram. O grupo tinha forte atuação em Guaratuba, no litoral do Paraná, e no litoral catarinense”, informa o delegado.

Camarão é vendido por R$ 80 no litoral
O delegado da PF diz que não consegue mensurar a quantidade de camarão que entra pela fronteira, até porque a instituição não está mais atuando do lado do Paraná. O certo, conforme disse, é que existem diversos depósitos clandestinos pela região Sudoeste. O camarão grande sai da fronteira na faixa de R$ 28 a R$ 30 o quilo e chega no litoral catarinense comercializado entre R$ 60 e R$ 80. Agora, com a chegada da alta temporada nas praias, o consumo aumenta expressivamente. 

Produto é transportado de forma inadequada
Em carros pequenos, os contrabandistas conseguem transportar entre 400 e 800 quilos de camarão. Em caminhonetes, levam até mil quilos. Eles precisam disfarçar, por isso não usam câmaras frias. Embora saiam com o produto congelado da Argentina, ao percorrer até 700 quilômetros, chegam ao destino com o produto descongelado. Anater salienta que em uma das interceptações de áudio da PF, o comprador disse que teria que fazer um tratamento no camarão para vendê-lo, pois chegou escuro e descongelado. Há informação de que o produto, que vem do extremo sul argentino, já esteja sendo vendido até em São Paulo e Minas Gerais. 
Mancha branca afetou produção de camarão
Segundo reportagem da Folha de São Paulo, no ano passado uma doença chamada mancha branca afetou a produção nacional de camarão. O problema é letal para o crustáceo e chegou em junho de 2016 ao Ceará, responsável por metade da produção brasileira. O produto sumiu das prateleiras e aumentou mais de 50%. O volume total de produção em 2015 foi de 76 mil toneladas, no ano seguinte caiu para 60 mil toneladas. 

Marmeleiro tinha depósito clandestino
A PF desconfia que existam pontos de distribuição de camarão contrabandeado por todo o Sudoeste do Paraná. No final do mês de agosto deste ano, a Polícia Militar descobriu um depósito de camarão contrabandeado no Loteamento Pedra Branca, em Marmeleiro. Os policiais abordaram um Ford Escort que estava cheio de camarão, depois disso, a equipe foi até a residência do suspeito, onde foi localizado mais alguns freezers com o produto congelado. Pela estimativa inicial, mais de 700 quilos do produto foram apreendidos e um homeme foi preso. 

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