Estudo mostra que 92% dos afogamentos no Estado ocorrem em água doce.
Na tarde de sábado, dia 19, aconteceram dois afogamentos nos lagos do Iguaçu. Em Nova Prata do Iguaçu a vítima foi Luís Ferreira Oliboni, 41 anos, que estava pescando acompanhado do filho de 11 anos e de amigos. Em determinado momento ele e o filho entraram na água para tomar banho. Os dois gritaram por socorro porque estavam se afogando. O menor foi retirado da água, mas Luís se afogou. Os Bombeiros resgataram o corpo na manhã de domingo, dia 20. Em Mangueirinha, a vítima de afogamento foi Terezinha Palauro. Ela estava no lago com o marido e desapareceu na tarde de sábado. O corpo foi localizado no dia seguinte.
A preocupação com os afogamentos aumenta nesta época do ano em rios, piscinas e lagos da região. Um levantamento feito na área de abrangência do 3º Subgrupamento de Bombeiros Independente (SGBI), em 27 municípios, indica que em 2014 foram registradas seis ocorrências de busca aquática ou incidente em meio líquido, com três óbitos. Em 2015, até ontem, a corporação atendeu sete ocorrências de busca aquática ou incidente em meio, também com 3 óbitos.
No Paraná, um estudo denominado “Epidemiologia de Afogamento: Estado e Políticas Públicas no Paraná”, desenvolvido na Unioeste, que faz parte de uma dissertação de mestrado do major Antônio Schinda, comandante do Corpo de Bombeiros de Francisco Beltrão, aponta o perfil das pessoas que morrem afogadas.
O oficial levantou informações entre os anos 2008 e 2012, quando foram analisados 650 casos para traçar o perfil do afogado. A dissertação mostra que 92% dos afogamentos no Estado ocorrem em água doce; 47% das mortes ocorrem nos fins de semana; 54% ocorrem nos rios e 30% nas represas, lagoas e açudes; a maioria absoluta são homens, 90%, com predomínio de jovens, sendo que as principais atividades em que estas tragédias ocorrem são o banho e a natação: 49% dos casos.
15% estão relacionados com pescaria
O estudo mostra que 15% dos casos de afogamento estão relacionados com pescaria, tendo como principal causa a queda das vítimas na água. Além disso, no Paraná, de 2008 a 2012 ocorreram 48 casos fatais de afogamento em piscinas e banheiras. Dos mortos, 23% eram crianças de um a quatro anos.
“O afogamento é um problema de difícil solução. Todos os anos ocorrem muitas mortes no Estado e a maioria em locais isolados. O afogamento, normalmente, é rápido e a falta de habilidade da vítima aumenta os riscos. O verão é estação do ano em que mais ocorrem mortes deste tipo”, analisa Schinda. Dos casos analisados, 97 ocorreram em dezembro, 99 em janeiro e 91 em fevereiro. No inverno, o número caiu drasticamente: 19 casos em junho e 24 em julho.
Segundo ele, o número de ocorrências permanece alto porque os banhistas ou não conhecem os riscos ou os desafiam. Para combater esses casos, os bombeiros fazem treinamentos constantes para salvamento das vítimas. Schinda observa que a bebida também é um fator que está relacionado a essas mortes, principalmente no fim do ano. “Em média, 36% dos afogamentos estão ligados ao uso de álcool”, afirma.
Banho ou natação
Antônio Schinda salienta que a atividade predominante das mortes por afogamento no Paraná é banho ou natação. A maioria das mortes no período de 2010 a 2012 ocorreu em cidades pequenas, onde praticamente não existem escolas de natação. “Nas cidades que possuem essas escolas, o acesso à modalidade é restrito a quem tem maior poder aquisitivo. Desta forma, entende-se que a maioria das pessoas que frequentam rios, represas, cavas, açudes, lagoas ou baías, não sabe nadar, tecnicamente”.
Dos 650 casos, 258 ocorreram em correntezas de rios e 120 em represas. As mais prováveis causas dos afogamentos são, respectivamente: problemas na natação, em 192 dos casos; queda em buraco, 119 casos; e queda na água, com 104 casos.
