Apesar do fim da paralisação, manifestantes afirmam que o movimento continua, porque não recebeu nenhum avanço.
No fim da tarde de quinta-feira, dia 8, policiais do 21º Batalhão de Polícia Militar (BPM) retiraram, com o uso da força, os agricultores que paralisavam as obras da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, entre Capanema e Capitão Leônidas Marques. Segundo informações do capitão Rogério Gomes Pitz, do 21º Batalhão da PM, que comandou a ação, 60 policiais estavam no local e os manifestantes também eram cerca de 60.
Os policiais cumpriam mandato de reintegração de posse emitido pela juíza da Vara da Fazenda Pública de Capanema, Roseana Assumpção, que proibia que os manifestantes impedissem a passagem de pessoas e veículos pela entrada do canteiro de obras.
Em nota emitida pela assessoria do BPM, o Capitão Pitz afirmou: “Foram seguidos todos os passos para reestabelecer a ordem. Primeiramente, foi negociado com os manifestantes, explicado sobre o quê se tratava a ordem judicial, esclarecendo inclusive que poderiam continuar no local, desde que permitissem a entrada e saída de pessoas e veículos, e não depredassem mais nada”.
No entanto, os manifestantes não acataram a ordem e afirmaram em entrevista ao Jornal de Beltrão, ainda na quarta-feira, que não se retirariam porque a causa deles “era justa” (foto).
Diante dessa resistência, os policiais utilizaram a tropa de choque para dispersar os manifestantes. Na nota do BPM, afirma-se que no início a tropa utilizou granadas de luz e som e gás lacrimogênio. No entanto, houve confronto e os policiais passaram ao uso de balas de borracha e gás de pimenta.
Ao fim da ação, três manifestantes foram detidos sob acusação de agredirem os policiais, alguns manifestantes foram feridos e precisaram ser atendidos pelo Siat (Corpo de Bombeiros) e encaminhados para o hospital. Em nota, o BPM acrescenta que dois policiais foram feridos por pedradas. Depois disso a manifestação se dispersou. Ontem de manhã, 9, os detidos foram ouvidos, orientados e liberados.
Ontem, os manifestantes tiveram reuniões para tentar resolver a situação – inclusive uma conversa com o chefe da Casa Civil do Governo do Estado, Valdir Rossoni. No entanto, segundo Sidney Martini, um dos manifestantes, não houve nenhuma definição.
Martini afirmou que agora os agricultores pedem suspensão da obra enquanto não haja um acordo no valor das indenizações pelas terras que serão alagadas pela formação do reservatório da nova usina. “Mas Rossoni disse que o governo não pode atender essa nossa reivindicação e suspender a obra.”
Assim, até o fim da tarde de ontem não havia nada definido sobre os encaminhamentos da mobilização dos agricultores. O JdeB tentou contato com a juíza Roseana Assumpção, que emitiu o mandado, mas não conseguiu encontrá-la na tarde de ontem.
Infiltrados
Tanto a nota policial quanto órgãos da imprensa que acompanharam a ação na tarde de quinta-feira acusaram indivíduos entre os manifestantes de atacar policiais e repórteres, além de depredar materiais.
Sidney Martini afirmou que os manifestantes não querem violência: “A informação que eu tenho é que tem gente infiltrada no movimento. Gente que pode ser infiltrada pela empresa para criminalizar nossa manifestação”, disse.