Em função da pandemia, a expectativa era um possível aumento nas agressões.

“O grande segredo é aprender o amor próprio, porque a gente está num momento em que se acostumou com os maus tratos”, diz Heloísa.
Foto: Leandra Francischett/JdeB
Uma feliz constatação. “Em relação à pandemia, não sentimos aumento no número de casos que envolvem violência doméstica e familiar contra a mulher neste período. Alguma variação, mas nada que interfira nas estatísticas. Na verdade, esperávamos por um aumento, mas felizmente não aconteceu”, comenta dra. Emanuelle Carolina Baggio, delegada titular da Delegacia da Mulher de Francisco Beltrão.
O tempo passa, mas as cicatrizes ficam. Heloísa, na época com 22 anos de idade, submeteu-se a um relacionamento abusivo por três anos. Hoje, aos 41 anos, ela é profissional da área de educação, formou família e tem uma filha de 6 anos. Esta experiência motiva Heloísa a se manter atenta aos demais relacionamentos, principalmente de amigas, para que elas não passem pelas mesmas circunstâncias.
“É um momento muito doloroso e uma situação em que você fica como se fosse paralisada. A dependência emocional é tão grande, que você não quer enxergar. É tipo um vício, a pessoa te faz mal e ao mesmo tempo volta, traz flores, diz que não vai mais fazer. São situações que te amarram”, conta.
Para Heloísa, a libertação veio a partir de terapia, que contribuiu para que ela percebesse que estava vivenciando abuso psicológico, não somente físico. “A terapia me ajudou a enxergar que não existia só aquela pessoa. Eu não tinha dependência financeira, mas sim a emocional, que era muito grande. Pra eu poder enxergar isso levou muito tempo. Hoje, eu olho pra trás e me dói.”
Para ela, “o grande segredo é aprender o amor próprio, porque a gente está num momento em que se acostumou com os maus tratos, porque a pessoa maltrata e depois trata bem, isso se torna dúbio”. Ela cita ainda o livro “Amores que nos fazem mal”, de Patricia Delahaie, uma indicação de sua psicóloga, que a ajudou muito.