19.6 C
Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Dois em cada três feridos no trânsito de Francisco Beltrão são motociclistas

Policiais

Os acidentes envolvendo motos preocupam cada vez mais as autoridades de segurança. Do total de atendimentos no trânsito, de janeiro a outubro deste ano, feitos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) em Francisco Beltrão, 67% foram registrados com motociclistas. O órgão atendeu 392 vítimas, sendo que 293 (75%) se envolveram em acidentes na área urbana e os demais em rodovias (21%) e zona rural (4%).

A Polícia Militar e o Debetran (Departamento Beltronense de Trânsito) estão desenvolvendo campanhas de orientação no trânsito ao longo do ano associadas ao aumento das blitz de fiscalização. Há uma preocupação, principalmente, com os entregadores de aplicativos, que segundo a PM, têm cometido abusos no trânsito.

No levantamento do Samu também fica claro que os homens continuam sendo as principais vítimas dos acidentes de trânsito, respondendo por 68% das ocorrências. Outro dado que mostra o quanto eles estão expostos é que 127 motociclistas foram vítimas de acidentes de automóvel com moto, 40 sofreram queda de moto, 21 de moto com moto, sete moto com caminhão e quatro moto com anteparo. Apesar de frequentes, 62% das vítimas tiveram ferimentos leves, 31% não critico, apenas 6% crítico e 1% óbito.

- Publicidade -

Custos hospitalares
A coordenadora do Samu, Kelly Cristine Custódio dos Santos, ressalta que as consequências dos acidentes de trânsito vão além do momento do impacto e das vítimas envolvidas. Os custos hospitalares, o processo de reabilitação, a ausência da produção no trabalho, o estresse pós-traumático e os familiares que sofrem indiretamente as sequelas de acidentes que poderiam ser evitados. Tudo isso, na opinião dela, precisa ser levado em consideração.

Carla Rota, coordenadora do Debetran, diz que o órgão tem uma preocupação constante com todos os usuários da via, pois cada sinistro registrado não representa apenas números e sim vidas. Ela diz que todas as ações são enaltecidas, sejam educativas de fiscalização, engenharia e sinalização objetivando a redução de sinistros, a gravidade das lesões e os óbitos. Lembra, por exemplo, que recentemente foi feita uma campanha junto com a Polícia Militar, “Ágil, porém Frágil” focada nos motociclistas. Várias visitas foram feitas para entregadores de motos da cidade enaltecendo questões de trânsito.

Agora maior fiscalização
O tenente Anderson Srutkoske Frossard, comandante da 1ª Cia da PM, diz que várias palestras foram feitas e agora o trabalho mais intenso é de repressão e fiscalização. Ele observa que a frota de motocicletas cresceu muito no município nos últimos anos. A frota de motos subiu de 12.490 em 2017 para 14.242 (outubro 2021), crescimento de 14% no período. “Tem preocupado demasiadamente, visto que, um acidente de trânsito retira uma equipe policial da rua por em média duas horas. No caso de ontem (quinta-feira), tivemos quatro acidentes. Ou seja. Ficamos sem uma equipe por 8 horas. O que ocasiona a diminuição do patrulhamento e o resultado vem também em forma de aumento dos crimes de furto.”

De acordo com ele, a Polícia Militar, após realizar inúmeras campanhas de orientação, distribuição de matérias, informação aos condutores, vem fazendo fiscalização com ênfase na diminuição dos acidentes, porém o alto número de emplacamentos de motocicletas, bem como, a demanda alta de novos condutores semanalmente, vai na contra mão da diminuição dos acidentes. “E vale salientar também, que as nossas vias já não suportam mais o alto tráfego de veículos da cidade bem como da região que acabam deslocando por aqui”, ressalta Tenente Anderson.

Carla Rota salienta, ainda, que o motociclista se encontra numa posição de fragilidade no trânsito, sendo assim diversas ações em caráter permanente são realizadas, alertando quanto aos limites de velocidade, a sinalização de trânsito, uso correto do capacete, manutenção preventiva das motocicletas, equipamentos obrigatórios, além de sensibilizar quanto a responsabilidade, respeito e escolhas praticadas no trânsito.

[relacionadas]
Custo de um acidente
Não se pode calcular o que representa a perda de uma vida humana ou os danos psíquicos e estresses traumáticos aos quais as vítimas de trânsito e seus familiares são submetidos, porém é possível mensurar os custos econômico-financeiros que impactam diretamente as famílias, bem como a sociedade em geral. Em 2020 o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) atualizou seu estudo Custos dos Acidentes de Trânsito no Brasil.

O estudo, que utiliza dados de 2014, mostra que a sociedade perde cerca de R$ 50 bilhões por ano com os acidentes de trânsito, onde se destacam os custos relativos à perda de produção das vítimas e também os custos hospitalares. Em média, cada acidente custou à sociedade brasileira R$ 261.689, e um acidente envolvendo vítima fatal teve um custo médio de R$ 664.821. Esse tipo de acidente respondeu por menos de 5% do total de ocorrências, mas representou cerca de 35% dos custos totais, indicando a necessidade de intensificação das políticas públicas de redução não somente da quantidade dos acidentes, mas também da sua gravidade.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques