“Infelizmente, foi muito pior do que eu imaginava! Nós, mulheres, não temos um minuto de paz.”
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O caso da estudante de Direito Andressa Lustosa, 25 anos, que foi derrubada após ser tocada enquanto andava de bicicleta em Palmas, ganhou repercussão Nacional. “Que covardia, espero que as autoridades localizem este imbecil”, escreveu Luciano Huck em sua conta no Twitter. “Absurdo! Andressa Lustosa estava andando de bicicleta em Palmas, no domingo, quando dois homens dentro de um carro a assediaram, passaram a mão nela e a derrubaram da bicicleta. Não temos liberdade nem para praticar uma atividade física em segurança”, publicou a política Manuela D’Ávila.
A atriz Ingrid Guimarães também demonstrou sua indignação: “Ela saiu de casa pra andar de bicicleta e sofreu duas violências. A violação do seu corpo, que acabou causando um acidente. Percebam como ele estica o braço pra fora do carro pra passar a mão em seu corpo, fazendo com que ela desequilibre pelo contato e pelo susto. Ser mulher é isso, sofrer qualquer tipo de invasão, a qualquer momento. Não importa a roupa, não importa a atitude, não importa nada, mulheres sempre serão alvos. Minha solidariedade e apoio a Andressa”. A jovem também participou do programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo, na manhã de ontem.
A agressão, o susto e o tombo
Domingo, 26, Andressa havia saído de casa para praticar ciclismo fazia apenas 5 minutos quando foi surpreendida e derrubada no meio da via pública. Uma câmera de monitoramento flagrou o momento em que um automóvel Gol, branco, se aproximou da ciclista e, na sequência, o carona passou a mão nas nádegas.
A jovem caiu no chão e sofreu diversas escoriações. “Infelizmente, foi muito pior do que eu imaginava! Nós, mulheres, não temos um minuto de paz! Saí de casa para andar de bicicleta e volto toda machucada pra casa por uma atitude covarde dessas! Todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas. Estou bem, só quero que paguem pelo que fizeram”, escreveu Andressa em sua conta do Facebook. Ela também divulgou um vídeo dizendo que estava bem, em casa se recuperando e agradeceu as mensagens de apoio.
Para assistir o vídeo do momento em que a agressão aconteceu, clique aqui.
Delegado diz que foram crimes de importunação sexual e lesão corporal
O delegado de polícia de Palmas, Felipe Silva de Souza, concedeu entrevista coletiva ontem à tarde na qual anunciou a prisão do autor da agressão. A primeira informação que chegou à delegacia, ainda no domingo, foi de atropelamento, pois ainda não tinham sido divulgados os vídeos. Imediatamente a Polícia Civil iniciou buscas pelo veículo.
Segunda-feira, 27, a própria Andressa publicou o vídeo, em redes sociais, no qual mostra o carro se aproximando e o passageiro esticando o braço para passar a mão em seu corpo. “O vídeo foi amplamente divulgado e tivemos contribuição em massa da população. Foi fundamental para prender um dos indivíduos.”
De acordo com o delegado, o homem nega o ato de ter passado a mão. Disse que já estava com o braço para fora e que não de seu conta que tinha acertado a ciclista. “Só que nos vídeos, ele tá com o braço recolhido, o motorista faz a aproximação e ele move o braço pra importunar a vítima.”
O delegado classificou como um crime grave de importunação sexual, para o qual a pena varia de 1 a 5 anos de reclusão. Além de lesão corporal, por ela ter caído e se machucado. O homem já tem passagem pela polícia, mas o crime não foi divulgado. Um passageiro, que estava no banco de trás do carro, também foi ouvido e contou à polícia que estavam em quatro pessoas dentro do carro. Todos tinham ingerido bebidas alcoólicas. A princípio, serão indiciados pelos crimes de importunação sexual e lesão corporal, o motorista, pois tinha o controle do carro, e o carona. As investigações seguem para tentar comprovar se havia um menor no veículo e se o condutor estava sob influência de álcool, neste caso, embriaguez ao volante.
Mesmo o fato tendo ocorrido no domingo, 26, o delegado Felipe disse que o Código de Processo Penal autoriza a prisão em flagrante. Já na sequência ele deve pedir a prisão preventiva do agressor. Todos estavam identificados até ontem à tarde, mas preso apenas o autor da agressão. O passageiro do banco de trás foi ouvido como testemunha e liberado. Mesmo com toda repercussão nacional, Felipe disse que a Polícia Civil, Ministério Público e Poder Judiciário não podem se deixar influenciar e devem agir dentro dos limites legais, pois o crime já é considerado grave.
