O Paraná responde por pouco mais de 3% dos roubos registrados em nível nacional.
Nos últimos anos o setor de transporte de cargas vem sofrendo com os roubos de cargas. As quadrilhas atuam principalmente no eixo Rio-São Paulo e escolhem cargas de alto valor que acabam sendo vendidas a receptadores. Estima-se que 86% dos roubos de cargas ocorrem no Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Dados apontam que o Rio de Janeiro registrou 9.862 casos de roubo de mercadorias, enquanto São Paulo contou com 9.943 casos do crime. As informações são da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) relativas a 2016.

O coronel Sérgio Malucelli, presidente da Federação dos Transportes das Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), relata que no Rio de Janeiro situação está tão grave que há o risco de desabastecimento de alimentos. As empresas de transportes não se arriscam. A taxa Imex, taxa de emergência de risco – um sobrepreço ao produto transportado -, teve aumento em decorrência dos frequentes assaltos.
A repressão nas fronteiras dos Estados foi fortalecida pelos órgãos de segurança e os grupos de criminosos teriam chegado à conclusão de que o roubo de cargas é um grande negócio. Há empresas que estavam pagando tarifa de “pedágio” para liberação das cargas ou para evitar que suas cargas fossem assaltadas.
Na região Sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul -, o roubo de cargas responde por 6% do total registrado no Brasil. Já o Paraná responde por 3,8% a 4%. “Se comparar em relação a outros Estados é um índice ínfimo. Mas nunca podemos dizer que os índices são aceitáveis. Nós não podemos dizer que os índices são alarmantes”, observa o presidente da Fetranspar.
Aproximação com o governo
Federação e os sindicatos regionais de empresas de transportes de cargas estão buscando se aproximar das autoridades de segurança pública do Paraná – Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Rodoviária. As entidades do segmento pediram ao Governo do Estado para que sejam criadas delegacias especializadas em roubos de cargas. Coronel Malucelli diz que tem sete Estados que contam com delegacias especializadas. No Paraná, a delegacia especializada foi criada em 2016. Mas o presidente da Federação defende que esta delegacia tenha seções nas principais cidades do interior – Londrina, Maringá e Cascavel.
Outra reivindicação ao Governo do Estado é que seja implantada a Lei Estadual do deputado Ney Leprevost, de 2016. A lei visa punir empresas utilizadas para comércio, distribuição e transporte de cargas ilícitas, furtadas ou roubadas. Na prática, a Lei de Leprevost prevê a cassação da licença de funcionamento de empresas utilizadas para o crime de receptação. Atualmente a lei pune os proprietários, através do Código Penal, mas muitos continuam comercializando produtos roubados já que as empresas não são fechadas. No entanto, coronel Malucelli diz que esta lei ainda não foi implantada no Estado. “A Polícia prende os ladrões, mas não se segue o caminho da mercadoria. Tem que penalizar quem recebe”, defende.
Polícia tem agido
No ano passado, a Polícia do Paraná prendeu uma quadrilha de roubo de combustível, mas estes casos são sazonais. Estas quadrilhas, evetualmente, mudam de um estado para outro ou mudam a forma de atuação. Neste ano, no mês de fevereiro, a Polícia Civil recuperou 133 fogões roubados que estavam sendo comercializados em uma loja na região Sudoeste. Os eletrodomésticos haviam sido furtados de uma carga no mês de fevereiro de 2016, quando eram transportados de Pato Branco para o Mato Grosso. *Com informações G1.com
Os números do transporte de cargas
O setor de transporte de cargas tem grande importância para a economia do Paraná. Hoje, 65% do que se produz no Paraná é transportado por rodovias e 75% da produção de grãos que circula no Paraná, é levada para outros Estados ou portos, segue em caminhões. O setor emprega 260 mil pessoas e conta com 140 mil veículos.