Familiares de Augusto Barbosa fizeram um manifesto ontem, na frente da delegacia em Beltrão.

Foto: Niomar Pereira/JdeB
Familiares de Augusto Barbosa, 64 anos, que foi morto no final do mês de julho deste ano em Eneas Marques, fizeram um manifesto em frente à 19ª Subdivisão Policial ontem, 22, em Francisco Beltrão. Gabriel Eliseu Fioravanso, 19 anos, e Luana Eliseu Gois, 18 anos, foram presos anteontem, 21, próximo ao viaduto da Vila Capanema, em Curitiba, e depois trazidos para o setor de carceragem da Delegacia de Francisco Beltrão. Os dois são suspeitos de cometer latrocínio (roubo seguido de morte) e de jogar o corpo dentro de um açude (lagoa).
Alexia Fernanda Julianotte, neta de Augusto, relatou que familiares e amigos clamam por justiça. “Não tem como trazer ele de volta, mas a gente quer que eles paguem pelo que fizeram. Pessoas como essas não podem ficar soltas.”
Pelas informações levantadas, o casal suspeito estava morando há cerca de 20 dias em um casebre de madeira que ficava distante 500 metros da casa da vítima. Segundo a neta, eles se conheceram em uma pequena igreja da comunidade e Augusto começou a ajudar o casal que vivia em condições precárias. “Até compras de supermercado ele dividia com os dois, tinha um bom coração, gostava de ajudar os outros.”
Célia Rodrigues Dias, sobrinha de Augusto, falou que a casa onde os dois suspeitos viviam era como uma cracolândia no interior. Sem água encanada, sem energia elétrica, sem móveis, viviam apenas com um colchão dentro da casa. “Tanto é que no dia que ele sumiu, os dois tinham pedido uma carona ao tio pra vir pra Francisco Beltrão para comprar lâmpadas e fios para fazer uma instalação elétrica.”
Morreu por tão pouco
Maria Eloisa Barbosa, esposa da vítima, disse que é difícil se conformar que o marido tenha morrido por tão pouco. “O celular dele que foi roubado foi vendido por R$ 20. Inclusive, as pessoas alertaram ele de que o casal era de má índole, que tinham passagens, mas ele falou que todo mundo merecia uma segunda chance”, lamentou.
Augusto era aposentado por invalidez, viveu por muitos anos no Bairro Padre Ulrico e ultimamente tinha mudado para cuidar uma chácara na comunidade do Rio Bocó, interior de Eneas Marques, que é de seu cunhado. “Era uma pessoa que nunca se envolveu com nada. Morreu fazendo o bem, por confiar demais nas pessoas; mataram ele sem dó, nem piedade”, comentou Maria Eloísa.
Os investigadores da 19ª SDP descobriram que Gabriel e Luana tinham fugido para a capital do Estado e repassaram as informações à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Os suspeitos estavam vivendo em condição de rua em Curitiba até serem presos pela Polícia Civil na segunda-feira.
O crime
Augusto desapareceu no dia 24 de julho e foi encontrado morto no dia 31 dentro de um açude próximo da comunidade de Rio Bocó, interior de Eneas Marques, atrás do casebre onde os suspeitos moravam. Os dois chegaram a ser ouvidos pela polícia no dia 25, mas negaram envolvimento e foram liberados.
O delegado Valderes Scalco, que preside o inquérito, pediu no dia 29 a prisão dos suspeitos, que foi autorizada pela Justiça. Segundo a Polícia Civil, as provas indicam a ocorrência de latrocínio, pela subtração do aparelho celular (que já foi recuperado e apreendido pela PC) e do aparelho de som do carro.