
O suposto caso de envenenamento praticado na tarde de sábado, 28, em Francisco Beltrão, quando um homem teria dado veneno de rato para suas filhas, duas gêmeas de 2 anos e meio de idade, até ontem à tarde não tinha se confirmado oficialmente. As meninas foram forçadas a tomar bebidas de álcool e hospitalizadas passando mal, mas na manhã de ontem, 30, receberam alta hospitalar. A Justiça definiria se o homem continuaria preso ou não.
O delegado-chefe da 19ª SDP, Valderes Luiz Scalco, iria pedir um exame médico-legal, no IML, e requisitar prontuários médicos para posterior perícia. A princípio, o suspeito foi atuado por tentativa de homicídio, porém, durante o interrogatório ele se manteve em silêncio. “Estamos levantando evidências materiais para verificar com segurança como os fatos se deram”, falou.
Uma mulher fez a denúncia no sábado, informando que na casa de um senhor de 51 anos, pai de duas meninas, ouvia as crianças gritando e chorando muito. Ela chegou a acreditar que o homem estava abusando sexualmente, pois ele já responde processo por tentativa de estupro de duas enteadas. A mulher foi até a casa e encontrou o homem bêbado e, para ela, ele teria confessado que forçou as meninas a ingerir bebida alcoólica e veneno, com intuito de matá-las.
Na sequência, ele pegou as meninas e levou para a casa da mãe delas em Marmeleiro. A equipe policial foi acionada e constatou que as crianças choravam muito, reclamavam de dor de barriga e tinham dificuldade para permanecer em pé. As duas foram levadas para o hospital e, após os exames, os médicos constataram que as crianças haviam ingerido bebida alcoólica e que estavam em estado de embriaguez.
O pai foi preso e levado para a 19ª SDP para lavratura do flagrante. A Polícia Militar divulgou a foto de uma embalagem de veneno de rato, produto utilizado para o suposto envenenamento.
O Conselho Tutelar de Marmeleiro divulgou, conforme relatório da Polícia Militar, que o homem responde por tentativa de dois estupros de suas enteadas, que possui uma medida protetiva de afastamento de lar e que não pode se aproximar da residência onde residem as meninas e a mãe. Porém, no sábado, ele descumpriu a ordem judicial, ainda pela manhã, ameaçou a mãe das meninas, uma mulher de 33 anos, e entrou na residência dizendo que levaria as meninas para um passeio.
“As meninas não paravam de pé”
A mãe das gêmeas e ex-mulher do suspeito, Gerci Voivoda, 33 anos, que reside em Marmeleiro, falou que o homem chegou por volta das 11 horas para pegar as meninas. “Eu estava fazendo almoço e ele disse: ‘Eu quero levar as meninas, eu trago às seis horas’ e eu confiei nele. Era quatro e pouquinho chegou ele e uma mulher que falou: ‘Pegue as meninas, por favor, e não deixe mais esse louco pegar, ele envenenou suas meninas, não deixe mais’. Ela avisou a polícia e o policial chegou ali e as meninas não paravam de pé mais. Ele só falou que deu veneno para as meninas, que eu não ficaria com a guarda e ele não ficaria também e tinha dado veneno para as meninas”, falou em entrevista para a Tribuna da Massa/TV Guará.
“O pai não deu comida, só pinga”
A mãe estava muito emocionada na entrevista e relatou que, quando pedia para as filhas pequenas o que tinha acontecido, apenas diziam: “o pai não deu comida, só deu pinga”. A mulher tinha se separado dele há cerca de 15 dias. “Eu quero ver ele longe e preso, pagar tudo o que ele fez para as minhas filhas, porque não quero mais ver minhas filhas sofrerem, minha família tá sofrendo por causa das minhas filhas.” Apesar de ter uma ordem de restrição e não poder chegar perto da casa da família, Gerci não acreditou que aconteceria nada de mal com as crianças quando concordou que ele saísse com elas. “Eu confiei nele, que não ia fazer nada para as filhas dele.”
Evidências materiais
O delegado Scalco confirmou que um pacotinho de veneno de rato foi recolhido na casa e o hospital notificou as suspeitas de envenenamento. Contudo, os prontuários médicos são importantes para investigação, pois há que se identificar o que os médicos apuraram com certeza. “Preciso de evidências materiais do suposto crime. Estamos dando a prioridade que o caso demanda, mas com calma, a tranquilidade que deve nortear todas as investigações.”
Momento da abordagem
O policial militar soldado Márcio Apollo, que atendeu a ocorrência, ressaltou que no momento da abordagem o pai das meninas admitiu que tinha fornecido bebida alcoólica, que forçou as garotinhas a tomar e, em seguida, estaria ministrando uma quantidade de veneno de rato com água e forçava as meninas a ingerir. “Ele estava realmente convicto que ele queria que elas morressem”, frisou o policial para a TV Guará/Rede Massa. O policial também observou que o suspeito lhe teria dito que estava querendo se vingar da ex-mulher, “e já que as crianças não podiam ficar com ele, então ele não podia ficar com a mãe”.