São sete óbitos de motociclistas até outubro, enquanto que no ano passado não houve nenhum.

O sinal de alerta foi ligado para os acidentes de trânsito com motociclistas em Francisco Beltrão. O tráfego aumentou exponencialmente nos últimos anos em virtude das entregas de delivery durante a pandemia de Covid-19. Atualmente tudo gira em torno dos celulares, foi-se o tempo de folhear listas telefônicas para pedir comida.
Sentado no sofá você abre o aplicativo, faz o pedido e em poucos minutos a entrega está na porta da sua casa. Os aplicativos hoje têm a preferência da população e o serviço explodiu depois da pandemia. A proprietária de um restaurante de Francisco Beltrão diz que seu estabelecimento faz de 70 a 100 entregas por dia. São cinco motoboys trabalhando no horário de pico.
No caso deles, a maioria dos pedidos é pelo WhatsApp da empresa e pouca coisa pelos aplicativos. Mas ela afirma que durante a pandemia a empresa teve que se reinventar e foi na entrega de comida que encontrou a sustentabilidade. “Graças a Deus, na empresa, ainda não registramos nenhum acidente com os entregadores e sempre pedimos que redobrem a atenção no trânsito.”
Aumento de acidentes Houve um aumento no número de acidentes envolvendo motociclistas no primeiro semestre deste ano se comparado com igual período do ano passado, subindo de 165 registros para 180 (9%). O que mais preocupa as autoridades de trânsito tem sido a gravidade dos acidentes. Neste ano já ocorreram 21 mortes no trânsito do município (área urbana e rodovias), sendo que sete eram motociclistas (33,33%).
Carla Rota, coordenadora do Debetran, ressalta que não há uma classificação dos acidentes no que tange entregadores, os números são apresentados em sua totalidade. No ano passado inteiro tinham sido registradas apenas sete mortes no trânsito e nenhuma delas era de motociclista. Uma mecânica de motocicletas consultada pela reportagem informou que aumentou consideravelmente na pandemia o número de motos que chegam para conserto, seja em virtude de acidentes de trânsito ou por desgaste por uso.
Polícia Militar está atenta O major Rogério Pitz, comandante do 21º Batalhão de Polícia Militar, diz que a corporação está atenta e percebe que os motociclistas que trabalham pelos aplicativos têm descumprido regras de trânsito básicas, fatores que aumentam os riscos de acidentes graves. “A PM, junto com o Debetran, tem feito muitas palestras de conscientização para este público específico, demonstrando a necessidade de eles terem mais prudência no trânsito.”
Segundo o comandante da PM, quando os motoboys imprimem uma velocidade maior que aquela permitida para a via pública, fazendo manobras arriscadas, transitando entre veículos, passando pelo sinal amarelo em alta velocidade, ultrapassando pela direita, acabam colocando em risco a vida deles e também da mercadoria que saíram para entregar. Major Pitz diz que só as palestras e orientações não têm surtido o resultado esperado e muitos acidentes vêm acontecendo.
“Por conta disso nós estamos intensificando, junto com nossa Rocam (Ronda Com apoio de Motocicletas), a fiscalização do pessoal que trabalha com aplicativo de entregas, principalmente motocicletas. O que nós observamos é que um grande número desses profissionais está trabalhando, inclusive, sem carteira de habilitação.”
Não bastasse a falta de habilitação, há pessoas sem nenhuma experiência na condução de motocicletas, que perderam emprego em outros setores, por conta da pandemia, e optaram por esta atividade. Ele ressalta que a Polícia Militar vai continuar com fiscalização focada neste segmento. “Nossa intenção é ter um trânsito seguro para que estes profissionais consigam exercer a atividades deles, mas com segurança para eles, os demais usuários da via e também o empresário.”