Ivani Bueno contou que fez pesquisas de preços e viu muita propaganda no Facebook. E lamenta: “Tô dormindo à base de remédio; são mais de seis meses nessa angústia”.
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A Polícia Civil de Francisco Beltrão instaurou inquérito para investigar possível crime de estelionato envolvendo uma construtora suspeita de lesar diversas famílias do município. O delegado-chefe da 19ª SDP, Ricardo Moraes Faria dos Santos, disse que a Polícia vai averiguar se o caso trata-se de descumprimento de contrato – o que traria apenas implicações na área cível – ou se houve má-fé ou dolo (conhecimento da criminalidade do que se está fazendo) por parte da empresa, o que então caracterizaria golpe. “Vamos apurar se houve contratação de casas pré-moduladas já sabendo que não seriam entregues como forma então de somente receber os valores.” Conforme disse, testemunhas estão sendo ouvidas para embasar a investigação policial. A empresa investigada é a Concrevida.
Ivani de Fátima Bueno, trabalhadora autônoma de Francisco Beltrão, falou ao Jornal de Beltrão que se sente prejudicada pela construtora. Ela vendeu sua casa em São Paulo para construir outra em Francisco Beltrão. Mas o projeto não deu certo e hoje mora em um quitinete alugado. “Vendi minha única casa em Atibaia [SP], casa essa que com o aluguel dela eu pagava o meu aluguel aqui [em Beltrão]. Já paguei R$ 70 mil para a empresa [construtora] e da minha casa só fizeram fundação e parede com apenas algumas partes rebocadas. Desde de dezembro venho tentando fazer acordo com eles, mas só enrolam. Agora estou morando numa kit, sendo que era para estar morando na minha casa desde dezembro.”
Ivani comprou um terreno no município e ainda sobrou R$ 120 mil para fazer sua casa. “Eu queria construir uma casa pra eu morar e outra pra alugar, pra ter uma renda extra.”
Ivani contou que fez pesquisas de preços e viu muitas propagandas da construtora Concrevida no Facebook, a princípio de madeira, e depois moduladas em alvenaria. “E eu tinha ideia que fosse alguma coisa rápida. Fui em uma outra empresa primeiramente fazer o orçamento, no qual o m² ficava na faixa de R$ 1.290, dando chave na mão. Naquela semana mesmo vi uma promoção no Facebook, no mesmo estilo de casa, até melhor, por R$ 850 o m². Eu fui lá, me atenderam bem inicialmente, fizeram os projetos todos e, resumindo, me convenceram de que eu podia ter a minha casa e mais duas casas de 40 m² por R$ 117 mil. Eu achei interessante e fechei o contrato. Só que na hora de assinar já pediram 30% e já paguei R$ 35 mil de imediato.”
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Construção com muitos problemas
Ivani relatou que a obra foi abandonada e que tentou várias vezes firmar acordo, mas sem sucesso. Em função disso acionou a construtora na justiça. “Estou tendo muita dificuldade para terminar minha casa, porque está totalmente fora de esquadro. Já fiz orçamento com pedreiro que chegou e disse não quero pegar isso daí, porque é muito pior consertar do que fazer desde o princípio. Além de estar toda fora de esquadro, os encanamentos ficaram errados. Um dos encanamentos da pia do banheiro ficou dentro do quarto. Ou seja, só isso já prova a má-fé deles, porque em momento algum o engenheiro ia lá fiscalizar, ou demonstrava estar preocupado em finalizar a minha obra. Era todo dia um pedreiro diferente. Eles pegavam pedreiro que trabalhava a semana toda, chegava final de semana e eles não pagavam, o pedreiro não voltava. Não tem engenheiro responsável pela empresa, só depois que a gente ficou sabendo. Eles só queriam saber de pegar o dinheiro da gente, não queriam saber se a casa ia ficar pronta ou não.” Segundo ela, as paredes estavam tão tortas que para consertar foi necessário fazer reboco duas vezes. Onde deveria dar 10 cm de espessura estava dando 18 cm. Ivani diz que está sofrendo muito, pagando tratamento psicológico e tomando remédios para conseguir dormir. “São mais de seis meses nessa angústia.”