7.5 C
Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Taleban e EUA disputam caças brasileiros que deixaram o Afeganistão

Policiais

O Taleban quer reaver a frota de caças brasileiros A-29 Super Tucano que escapou, no fim de semana passado, da tomada final de poder do grupo fundamentalista que havia governado o Afeganistão de 1996 a 2001. Não só ele: os Estados Unidos fazem movimentos com o Uzbequistão para que os aparelhos, comprados da Embraer, pela Força Aérea Americana, e depois doados para os afegãos, sejam repatriados.

O pedido do Taleban é explícito, feito numa entrevista à agência Reuters pelo membro da cúpula Waheedullah Hashimi, que disse esperar o retorno de todos os aviões e helicópteros que pousaram em países vizinhos enquanto o grupo se aproximava de Cabul. O grupo já controla o restante da Força Aérea afegã, criada pelos EUA, na esteira da invasão de 2001, mas não tem nenhum piloto. Já a gestão americana está sob as sombras da diplomacia, segundo a Folha ouviu de pessoas do governo americano. Além da questão política, os EUA desembolsaram quase US$ 560 milhões (sem correções) em dois contratos por 26 aviões da Embraer, 23 dos quais estavam no Afeganistão quando o Taleban tomou o poder, domingo, 15.

O destino dos Super Tucano é uma das sagas paralelas à avassaladora ascensão do Taleban, que retomou o controle do País após meras duas semanas de ofensiva contra centros urbanos. Nas duas décadas de ocupação militar ocidental, o grupo sempre controlou áreas no País. Comprados a partir de 2011 pelos americanos para serem a ponta de lança da nova Força Aérea Afegã, os aviões foram feitos nos EUA, pela Embraer, e entregues por meio de uma parceira local da fabricante brasileira. Aparelho especializado e armado para atividades de contra insurgência a baixo custo, já que é um monomotor turboélice e não um jato bimotor como o F-15 amplamente usado pelos americanos no País, o Super Tucano simbolizou a tentativa dos EUA de emancipar militarmente os afegãos.

- Publicidade -

Quando havia apenas 14 dos caças no País, em 2019, eles chegaram a ser responsáveis por um terço das bombas despejadas sobre alvos talebans. Mas isso foi minguando, dada a falta de reposição de munição para Cabul e um problema humano. O Taleban, que nunca operou aeronaves e não tinha mísseis antiaéreos capazes de derrubar os Super Tucano, passou a matar os pilotos e suas famílias. Pelo menos sete, de cerca de 30 aviadores formados nos EUA foram atingidos. Agora, Hashimi diz que é para esquecer o passado.

“Nós contatamos vários pilotos e pedimos eles para se unir a nós, seus irmãos, seu governo.” Parece algo otimista, dado que pelo menos 14 pilotos e um número incerto de copilotos, já que o Super Tucano tem dois lugares, podem ter voado para o Uzbequistão. Um dos aviões caiu na fuga, ou derrubado por fogo antiaéreo ou num choque com um caça de escolta, a depender da versão. Além do mais, não basta ter os pilotos. Um avião como o Super Tucano depende de minuciosas inspeções para operar, e basta apagar o software de controle de armas que ele não irá disparar um tiro.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques