Decisão de uma das câmaras foi tomada nesta semana.

O prefeito de Chopinzinho, Leomar Bolzani (PSDB), foi preso na manhã do dia 22 de março, em sua casa, pela Polícia Civil de Pato Branco. Sobre ele pesava a acusação de ser o mandante do assassinato do então procurador do município, advogado Algacir Teixeira de Lima, morto uma semana antes, na frente de suas filhas, no momento em que chegava em casa. Um homem chegou e atirou no advogado, fugindo em seguida. Naquela manhã de domingo, seis mandados de prisão foram cumpridos em Chopinzinho.
O comboio policial fortemente armado, após cumprir os mandados judiciais, retornou a Pato Branco, por volta das 11 horas, com o prefeito e demais envolvidos presos, deixando para trás uma cidade atônita.
Segundo o delegado-chefe da 5ª SDP, Getúlio Vargas, após três dias ininterruptos de investigação foram cumpridos os seis mandados de prisão contra suspeitos de envolvimento com a morte do procurador Algacir Teixeira de Lima. Entre eles, o homem que teria sido o mandante do crime, o prefeito Leomar Bolzani. Ele foi preso em sua casa, com mandado expedido pelo Tribunal de Justiça, por prerrogativa de foro do chefe do Executivo.
Na última quinta feira, 1º, um novo episódio na novela que deve ainda ter longos capítulos, de uma história que envolve traços de poder, magia negra, corrupção e morte. A 2ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Paraná votou, por unanimidade, pelo acolhimento da denúncia contra o prefeito Leomar Bolzani, e manteve sua prisão de forma preventiva. O prefeito chegou a ficar um tempo na Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão, mas a pedido da defesa voltou para a cadeia pública de Pato Branco, onde permanece preso à disposição da Justiça. Até hoje o prefeito não concedeu entrevistas à imprensa, nem através de seus advogados.
A execução
Consta nos autos do processo que Bolzani pagaria pela morte da vítima R$ 6,5 mil, sob a motivação de queima de arquivo. O delegado Alexander Meurer, que à época presidiu as investigações, afirmou que o procurador vinha oferecendo ao Ministério Público denúncias de improbidade contra o prefeito. “O procurador indicava nas denúncias que havia um grupo dentro da própria Prefeitura, chefiado pelo prefeito, que pedia a cabeça da vítima”. No dia do crime, Darci Lopes de Aquino, de 35 anos, invadiu a garagem da casa da vítima que chegava na residência acompanhado pelas duas filhas, e o executou praticamente a queima roupa.
Aos poucos a Polícia solucionou o caso. João Mota do Nascimento, irmão de outro acusado, Jeferson do Nascimento, com participação na trama, apresentou-se à Polícia e voluntariamente confessou os detalhes da trama.
O autor dos disparos, que teria sido Darci Lopes de Aquino, também foi preso. A arma utilizada, um revólver calibre 38, foi localizada pela polícia em um matagal na comunidade de Porto Barreiro, no Alagado do Iguaçu, onde havia sido escondida por Darci Lopes de Aquino. Em determinado momento das investigações chegaram a estar presas oito pessoas acusadas de envolvimento na morte de Algacir Teixeira de Lima.
Crime hediondo e processos de improbidade contra o prefeito
O Ministério Público do Paraná indicou a existência de quatro processos em que o prefeito de Chopinzinho, Leomar Bolzani, figura com réu. Em três deles ocorreu o bloqueio dos bens, o último com notificação no dia 12 de março de 2015. As quatro ações juntas indicam que os cofres da Prefeitura de Chopinzinho foram lesados em R$ 684 mil. Uma das ações é referente à época em que o prefeito era servidor estadual cedido ao município, em que ele permaneceu recebendo a remuneração dos dois salários, o que é proibido por lei. Nesta ação, se condenado, o prefeito terá que devolver R$ 327,6 mil aos cofres públicos.
Em outra ação, o prefeito é réu com mais três pessoas acusadas de utilização de maquinários públicos em terrenos particulares, com desvio de valores de R$ 6,7 mil. Um terceiro processo indica fraude à licitação pública e utilização de maquinários públicos em obras contratadas por empresas particulares, no valor de R$ 200 mil. Um quarto processo traz acusações pelo Ministério Público de contratação de funcionários fantasmas e nepotismo, no valor de R$ 150 mil. Em três das quatro ações os pedidos de bloqueio dos bens foram deferidos pelo Tribunal de Justiça do Paraná, por conta do foro privilegiado do prefeito Leomar Bolzani.
O assassinato do procurador do município, cuja acusação de ser o mandante paira sobre o prefeito, está sendo tratado como um crime hediondo. A Lei 8.072, de 1990, conhecida como Lei dos Crimes Hediondos, dá a base legal à justiça para esta equiparação, por tratar-se de crime de assassinato mediante pagamento ou promessa de recompensa. Se o prefeito e os demais acusados forem condenados, poderão pegar até 30 anos de prisão, cumpridos inicialmente em regime fechado.
Passo a passo até o dia do crime
Foram denunciados pelo Ministério Público, e estão presos, Darci Lopes de Aquino, Elvi Aparecida Haag Ferreira, Giovanni Baldissera, Jeferson Rosa do Nascimento, João Rosa do Nascimento e Nilton Ferreira, além do prefeito Leomar Bolzani. O planejamento da morte do procurador começou em meados de dezembro de 2014, quando Giovanni Baldissera, o Pardal, e o prefeito Leomar Bolzani, foram a um “terreiro de macumba”, em Saudade do Iguaçu, onde teriam combinado os detalhes do assassinato. O crime foi intermediado por um casal, que contratou Darci Lopes de Aquino para executar a trama assassina, em nome do prefeito e de Giovanni, que seriam fregueses do “terreiro”.
Darci teria sido contratado mediante a promessa de pagamento de R$ 6.500,00, sendo que ele receberia, a título de adiantamento, R$ 2,5 mil, através da proprietária de um “terreiro de macumba”.
Darci teria ido à cidade de Chopinzinho por três vezes. Em uma delas acompanhado pelo contratante, que mostrou ao pistoleiro o local da casa de Algacir. Para facilitar a execução, ficaram observando a rotina da vítima.
Notificação judicial
No dia 12 de março de 2015 um novo acontecimento. Segundo os autos, teria sido agravado o “desejo” dos acusados de dar fim à vida do procurador. O prefeito Leomar Bolzani foi notificado pela Justiça que seus bens foram bloqueados por medida liminar, em ação civil pública proposta pelo Ministério Público.
Este fato foi atribuído às denúncias do procurador, e isso aumentou o ódio contra a vítima.
Naquela oportunidade, Giovanni Pardal e o prefeito Leomar voltaram ao “terreiro” e cobraram do pistoleiro a execução do crime pelo qual inclusive já haviam pagado uma parcela de R$ 2,5 mil. Darci, pressionado pelo prefeito, uniu-se então aos acusados João Rosa do Nascimento, vulgo “Crentinho”, e Jeferson Rosa do Nascimento para ajudar na empreitada, no que aceitaram, segundo os autos, prontamente.
Foi então que os três, utilizando-se de um GM Corsa, cor preta, emprestado de Mariza Daniel Lorete, cunhada de João e Jeferson, dirigiram-se a Chopinzinho.
Darci armado com um revolver calibre 38 adentrou no dia 16 de março de 2015, por volta do meio- dia, na garagem de Algacir, que chegava com as duas filhas, apanhadas na escola, e efetuou vários disparos contra a vítima, acertando em várias partes do corpo, matando-o na hora.

procurador que foi assassinado.