Dos 4.287 celulares furtados ou roubados na região Sudoeste nos últimos 5 anos, 292 foram recuperados. Cuidados simples podem ajudar a evitar este tipo de crime.
Por Niomar Pereira – Os celulares, cada vez mais sofisticados, tornaram-se um dos principais objetos de desejo dos consumidores, mas também passaram a ser alvos recorrentes de criminosos. Embora os novos modelos estejam sendo equipados com recursos avançados de segurança para dificultar a ação dos ladrões, o número de roubos e furtos desses dispositivos no Brasil ainda é alarmante. No ano passado, foram registradas 937.294 ocorrências de roubo e furto de celulares em delegacias de todo o país, o que equivale a quase dois aparelhos subtraídos por minuto. Mesmo com essa elevada quantidade, 2023 apresentou uma queda de 4,7% nos números globais em comparação a 2022.
Na região Sudoeste do Paraná, o número de roubos e furtos de celulares também é alto, principalmente porque esses dispositivos se tornaram ferramentas visadas para o tráfico de drogas. Apesar dos esforços contínuos das polícias, o número de aparelhos recuperados ainda é pequeno. Dos 4.287 celulares furtados ou roubados na região nos últimos cinco anos, apenas 292 foram recuperados.
Roubos
Segundo um relatório da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp-PR), elaborado a partir de uma solicitação do Jornal de Beltrão, os roubos de celulares na região têm ocorrido de forma constante ao longo dos anos, com uma média mensal relativamente estável. Nos últimos cinco anos, foram registrados 661 boletins de ocorrência de roubos de celulares na região, uma média de 132 por ano. O roubo ocorre quando há emprego de algum tipo de violência ou ameaça para subtrair o bem da vítima. No entanto, houve variações mensais significativas: os meses de março e julho apresentaram picos, com aumento de até 20% em comparação aos outros meses. Os dias da semana em que mais ocorrem esses crimes são sábados (112 casos) e domingos (105 casos). Os horários noturnos, especialmente entre 18h e 23h, são os períodos mais perigosos para os cidadãos, concentrando 34% dos casos, com o pico de incidentes acontecendo às 23h.
Furtos
Os furtos de celulares são mais numerosos e ocorrem com maior frequência em áreas residenciais e comerciais. Entre 2019 e 2023, foram registrados 4.166 furtos. O mês de dezembro lidera em casos, com 410 registros. Os finais de semana também são os momentos em que os criminosos mais agem, com 708 casos nos sábados e 640 nos domingos. Os horários de pico para furtos ocorrem às 10h da manhã (254 casos) e às 15h (262 registros). Os celulares são furtados principalmente em residências, que representam 38% dos casos. Embora o número de celulares recuperados pela polícia não seja desprezível, com 292 dispositivos recuperados em cinco anos, isso representa apenas cerca de 6% do total de roubos e furtos registrados.

Medo de dados expostos
A verdade é que, mais do que o valor monetário, os celulares se tornaram uma caixinha de segredos pessoais, com senhas arquivadas, conversas, contas bancárias, redes sociais, além de contatos de trabalho e da família. Ficar sem é difícil, mas imaginar que alguém mal intencionado está bisbilhotando suas coisas é ainda pior.
Jaqueline Zanini, psicóloga, teve seu celular furtado de sua sala de trabalho. Ela saiu do ambiente, encostou a porta e, ao sair, viu uma pessoa estranha que não estava ligada à instituição onde trabalha. Quando voltou, percebeu a porta aberta. “Na hora falei: roubaram meu celular. Saí procurando e não achei. Mas lembrei que aquele era o único cara estranho, então procurei em todas as câmeras de segurança e vi que ele tinha entrado no prédio acompanhado de outra pessoa. Mostrei a foto dele, e várias pessoas o reconheceram. Descobri as redes sociais dele e percebi que ele começou a atualizá-las depois que meu celular sumiu.” Jaqueline entrou em contato com ele e ameaçou denunciá-lo se não devolvesse o celular. Ele acabou devolvendo o aparelho, temendo a ação da polícia. Jaqueline conta que sentiu uma sensação de impotência e raiva por alguém ter invadido seu local de trabalho e levado seu celular, além do medo de que os dados confidenciais de seus pacientes pudessem ser expostos.
Samsung e Iphone são os preferidos dos criminosos
Da assessoria e JdeB – A 18ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública revela uma mudança inédita nas modalidades de subtração de celulares no Brasil: pela primeira vez, o número de furtos superou o de roubos. Em 2023, foram registrados 494.295 casos de furtos contra 442.999 roubos de aparelhos, totalizando 937.294 ocorrências em delegacias de todo o país. Esses números aproximam o Brasil da marca de 1 milhão de telefones celulares furtados ou roubados, alimentando a economia do crime no país.
Entre as marcas mais visadas pelos criminosos, a Samsung lidera com 37,4% dos casos, seguida pela Apple, com 25%, e pela Motorola, com 23,1%. Embora os iPhones representem apenas 10% do mercado nacional, eles correspondem a um em cada quatro aparelhos subtraídos, tanto em roubos quanto em furtos. Isso indica que os usuários da Apple estão mais expostos a riscos em comparação com os de outras marcas.
Apesar de uma redução global de 4,7% nos números de roubos e furtos de celulares em relação a 2022, o volume de quase 1 milhão de ocorrências registradas em 2023 ressalta a centralidade desses aparelhos na dinâmica dos crimes patrimoniais. Os celulares não apenas se consolidam como alvos preferenciais dos criminosos, mas também como portas de entrada para outras modalidades criminosas em ascensão, como estelionatos e golpes virtuais.
Delegado da 19ª SDP orienta população sobre como evitar furtos e roubos de celulares
JdeB – O delegado Ricardo Moraes Faria dos Santos, chefe da 19ª Subdivisão Policial (SDP) de Francisco Beltrão, fez um observação à população sobre o aumento da importância dos celulares no cotidiano e, consequentemente, a necessidade de cuidados para evitar furtos e roubos desses aparelhos. Embora os índices de crimes envolvendo celulares na região sejam relativamente baixos, com uma média estável de casos graves por mês, o delegado ressaltou a importância de ações preventivas por parte dos cidadãos.
“Os celulares se tornaram parte essencial do nosso dia a dia, armazenando desde contatos pessoais até informações bancárias. Isso os transforma em alvos atraentes para criminosos. Por isso, é crucial que as pessoas tomem medidas simples para proteger seus aparelhos.” Ele mencionou situações comuns em que os cidadãos acabam facilitando a ação dos criminosos, como deixar o celular exposto em mesas de restaurantes ou balcões de lojas. “Ainda é muito comum vermos pessoas usando o celular para reservar uma mesa em um restaurante ou comerciantes deixando seus aparelhos em cima do balcão, facilmente acessíveis a qualquer pessoa que passe pela loja.”
Não fomentar o crime
Além disso, o delegado enfatizou a importância de não fomentar o crime comprando celulares de procedência duvidosa. “Adquirir um celular sem nota fiscal, caixa ou carregador, por um preço muito abaixo do mercado, pode parecer uma boa oportunidade, mas na verdade você pode estar contribuindo para o ciclo de crimes, além de cometer o crime de receptação.”
Ricardo Moraes também recomendou a adoção de medidas de segurança adicionais, como o uso de senhas de bloqueio de tela e a anotação do Imei do aparelho, que podem facilitar as investigações em caso de furto ou roubo. “Essas são medidas básicas que, se aplicadas corretamente, podem dificultar a vida do criminoso e ajudar na recuperação do aparelho.”
Sistemas
O delegado também destacou a utilidade dos recursos de localização disponíveis nos sistemas Android e iOS, como o “Encontre Meu Dispositivo” e o “Buscar iPhone”. “Esses recursos são extremamente eficazes para localizar o aparelho e até mesmo para apagar os dados remotamente, caso o dispositivo seja roubado”, afirmou.
Ele mencionou ainda a funcionalidade do iOS chamada “Proteção Dispositivo Roubado”, que aumenta a segurança do aparelho ao exigir biometria ou reconhecimento facial para o desbloqueio, especialmente quando o celular é usado longe dos locais habituais.
Caso o furto ou roubo aconteça, o delegado aconselha as vítimas a tomarem medidas rápidas para minimizar os danos. “Assim que o furto ou roubo for constatado, é essencial que a vítima apague remotamente os dados do aparelho, notifique as instituições financeiras para evitar fraudes e entre em contato com a operadora de telefonia para desativar o chip e bloquear o Imei”.
O delegado mencionou ainda o Programa Celular Seguro, iniciativa do Ministério da Justiça, que auxilia a população na proteção dos aparelhos e na comunicação rápida com instituições financeiras e operadoras. “Esse programa é uma ferramenta valiosa para evitar que os aparelhos subtraídos sejam utilizados em crimes e para reduzir a incidência de roubos e furtos.”
Ricardo reiterou a importância de evitar a exposição desnecessária dos celulares em locais públicos e horários de maior risco. “Não facilite a vida dos criminosos. Pequenos cuidados podem fazer uma grande diferença na proteção do seu aparelho e na sua segurança pessoal. Trabalhando juntos, podemos reduzir ainda mais os números de furtos e roubos de celulares na nossa região”, concluiu.