Número alarmante de óbitos em acidentes de trânsito preocupa autoridades e comunidade local.

Por Niomar Pereira – Na manhã desta quarta-feira, 5 de julho, mais uma ocorrência foi registrada na PR-566, em Francisco Beltrão (leia matéria acima). Essa rodovia, que se estende desde Beltrão até a comunidade de Vista Alegre, em Coronel Vivida, tem se tornado um dos trechos mais perigosos da região. A PR-566 está ganhando a fama de “rodovia da morte”.
Dados preocupantes revelam o número de óbitos decorrentes de acidentes de trânsito ocorridos na PR-566, apenas dentro do território de Francisco Beltrão. Do total de mortes em 2022, quando foram registradas 26 mortes, sete (27%) ocorreram na PR 566. Neste ano, de 1º de janeiro a 5 de julho, já aconteceram 20 óbitos, novamente cinco deles, ou 25%, são da rodovia PR 566.
De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, entre 2018 e o primeiro semestre de 2022, foram registrados 245 acidentes nesse trecho de 42 km, envolvendo 470 pessoas, das quais 141 ficaram feridas. Houve ainda o registro de 20 mortes na PR 566.
O que mais chama a atenção e causa grande preocupação é o fato de que 17 óbitos (85%) ocorreram desde o início de 2021 até junho deste ano, ou seja, em curto período de tempo. Essa escalada de violência nas estradas torna-se cada vez mais alarmante e exige ação urgente das autoridades competentes.
A comunidade local clama por medidas efetivas para garantir a segurança dos motoristas que utilizam a PR-566. Melhorias na sinalização, aumento da fiscalização, campanhas educativas e investimentos em infraestrutura são algumas das soluções propostas para conter essa triste realidade.
Comunidade reivindica medidas para redução de acidentes
No sábado, 1º de julho, reportagem do jornalista Flávio Pedron, do JdeB, mostra a cobrança dos moradores da comunidade de Nova Seção, localizada em Francisco Beltrão e cortada pela PR-566, para que o Departamento de Estradas de Rodagens (DER-PR) execute melhorias na rodovia, proporcionando a redução de acidentes. Eles levaram a demanda também para os deputados estaduais Luciana Rafagnin (PT) e Wilmar Reichembach (PSD).
No passado, Beltrão tinha a rodovia PR 483, trajeto da Bica D’Água, em que ocorriam muitas mortes. Um redutor de velocidade eletrônico e mais algumas medidas de engenharia ajudaram a reduzir consideravelmente os acidentes fatais naquele local.
A situação mais crítica da PR 566 concentra-se no trecho que vai desde a saída de Beltrão, passando por Nova Seção, Seção São Miguel, entrada para Seção Jacaré e até Vila Lobos. A estrada apresenta muitas curvas e áreas de baixa visibilidade, além de possuir diversas áreas com árvores próximas à pista. AE praticamente não há acostamento nos 31 quilômetros que separam Beltrão de Itapejara.
Especialmente no acesso à Nova Seção, embora existam algumas áreas laterais, não há marginais, o que torna o trânsito ainda mais desafiador. Como há um trecho de dois quilômetros de reta, muitos motoristas acabam desenvolvendo alta velocidade, aumentando o risco de acidentes.
Comandante da PRE busca soluções para acidentes frequentes na PR-566
O subtenente Joaquim Juarez de Almeida, comandante do posto da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), expressou preocupação com a frequência de acidentes na PR-566. Não há dados ainda sobre o tráfego de veículos, mas acredita-se que o movimento de veículos aumentou bastante nos últimos três anos. Segundo o comandante, o aumento no tráfego de veículos, principalmente os de porte pequeno, pode ser um fator relevante para o aumento dos acidentes na PR-566, mas não é só isso. A imprudência ainda é considerada a principal causa. Embora tenham sido realizadas ações fiscalizatórias, os motoristas ainda demonstram imprudência no trânsito, desrespeitando as normas e colocando em risco a segurança de todos.
“É difícil explicar por que tantos acidentes ocorrem na PR-566. Enquanto não houver uma mudança no comportamento dos usuários, continuaremos presenciando essas ocorrências trágicas. Mesmo com a fiscalização constante, ainda observamos desrespeito às normas de trânsito, seja por pressa, descuido ou falta de atenção”, destacou o subtenente Juarez.
Preocupado com a situação, o comandante pretende buscar soluções em conjunto com o Departamento de Trânsito (Debetran), DER e o Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat). Uma das medidas consideradas é a realização de uma contagem de veículos para analisar o fluxo de tráfego na região e desenvolver estudos que possam contribuir para a redução dos acidentes. Segundo ele, é fundamental que os motoristas estejam conscientes de sua responsabilidade no trânsito e respeitem as normas estabelecidas. “O mais importante a ser considerado é a imprudência, pois poderiam passar só dois carros por dia e acredito que ainda assim teríamos acidentes se as normas não forem respeitadas.”
O subtenente voltou a cobrar uma postura de direção defensiva dos condutores, pois é a melhor maneira de proteger a si e aos demais usuários das rodovias. “Enquanto as pessoas não mudarem, e não tiverem um comprometimento com a segurança viária, vão continuar acontecendo estes tristes fatos.” Na maioria absoluta dos casos, o policial diz que um dos motoristas cometeu imprudência seja excesso de velocidade ou ultrapassagens em locais proibidos, portanto, o fator humano é ainda o maior causador de acidentes. Ele lamenta que a fiscalização não tem surtido resultado, mesmo a PRE aplicando multas pesadas para quem desrespeita as leis de trânsito. “Nossa compania é praticamente a que mais multa no Estado, tem meses que superamos todo o Paraná em multas e mesmo assim ocorrem acidentes graves com mortes.”