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Francisco Beltrão
sexta-feira, 13 de junho de 2025

Edição 8.225

13/06/2025

TRÁFICO

Quadrilha de Beltrão movimentou mais de R$ 52 milhões com drogas

Delegado Ricardo e delegada Franciela durante coletiva ontem pela manhã. Fotos: Divulgação Polícia Civil.

Da assessoria e JdeB – A Polícia Civil prendeu, nesta terça-feira, 13 pessoas suspeitas de integrar uma organização criminosa especializada no tráfico interestadual de drogas e na lavagem de dinheiro. A ação integra a Operação Rota Sudoeste, deflagrada pela Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc), por meio do núcleo de Pato Branco, em conjunto com a 19ª Subdivisão Policial de Francisco Beltrão.

Cerca de 120 policiais participaram da operação, que teve como objetivo o cumprimento de 13 mandados de prisão preventiva — 12 deles efetivados — além de três prisões em flagrante por posse de armas, munições e drogas. Também foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão, além do sequestro de veículos e do bloqueio de contas bancárias.

Segundo o delegado-chefe da 19ª SDP, Ricardo Moraes Faria dos Santos, as investigações começaram em junho de 2023, após a apreensão de quase cinco toneladas de maconha em um caminhão, em Francisco Beltrão. O motorista foi preso em flagrante, mas liberado cinco meses depois. Retornou à atividade criminosa e, no ano seguinte, adquiriu caminhões avaliados em aproximadamente R$ 2 milhões.

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“Acredito que conseguimos tirar de circulação uma grande organização criminosa. Além daquela primeira apreensão, conseguimos vincular outras duas, também na casa de toneladas de drogas, ao mesmo grupo”, afirmou o delegado Ricardo.

As ordens judiciais foram cumpridas, em sua maioria, em Francisco Beltrão. Também houve prisões em Manfrinópolis, Três Barras do Paraná e Chapecó (SC).

Início das investigações

A primeira apreensão foi realizada em 2023 pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Francisco Beltrão, totalizando cinco toneladas de maconha. Em 14 de fevereiro de 2025, outra carga do grupo foi interceptada pela Polícia Civil de São Paulo: cerca de cinco toneladas do entorpecente estavam escondidas em sacos de farinha de trigo e seriam entregues em Goiás. Além disso, parte dos compradores (da droga de Beltrão) foi presa em 28 de março, durante a Operação Chiusura, da Polícia Civil do Distrito Federal.

De acordo com a delegada Franciela Alberton, titular do Denarc em Pato Branco, a organização pegava drogas na região Oeste do Paraná e trazia para chácaras em Francisco Beltrão e Manfrinópolis. Nesses locais, a carga era acondicionada em caminhões e distribuída para outros estados, como Santa Catarina (especialmente o litoral), Rio Grande do Sul e Goiás.

Durante o período de investigação, o grupo movimentou mais de R$ 52 milhões. “O chefe da organização reside em Francisco Beltrão e vários integrantes utilizam estabelecimentos comerciais de fachada para o branqueamento do dinheiro obtido com o tráfico”, disse Franciela. Conforme a polícia, o homem vivia em um edifício de alto padrão e, recentemente, mudou-se para uma casa. Ele possui empreendimentos nos ramos de entretenimento e alimentação.

Mandados foram cumpridos em Beltrão, Manfrinópolis, Três Barras e Chapecó.

Identificar bens

Mais de 23 celulares foram apreendidos e serão periciados com o objetivo de identificar outros envolvidos e rastrear o patrimônio da quadrilha. “Boa parte dos bens foi bloqueada por meio do sequestro de bens e bloqueio de contas, mas sabemos que há imóveis registrados em nome de laranjas”, disse a delegada. Ainda segundo ela, as buscas visavam levantar documentos que contribuam para a identificação desses bens, com o objetivo de descapitalizar a organização.

A logística adotada pelo grupo — que deu nome à operação — era pensada para despistar as autoridades. Cargas vindas da fronteira, normalmente mais fiscalizadas, eram transferidas para a região Sudoeste antes de seguirem para os destinos finais. Os caminhões viajavam com veículos batedores, muitos deles alugados, a fim de dificultar a identificação dos envolvidos.

Entre os presos está um casal de Goiânia, apontado como responsável pela movimentação de recursos provenientes do tráfico. Eles utilizavam contas bancárias de empresas de fachada para dissimular a origem ilícita do dinheiro. Uma dessas contas, vinculada a uma empresa de transportes, foi usada para pagar por drogas fornecidas pela organização de Francisco Beltrão. Também foram usadas contas pessoais da proprietária da empresa e do filho dela — nomeado, em 2023, para um cargo comissionado na Câmara Municipal de Goiânia.

A investigação revelou o uso de contas bancárias de familiares e empresas de fachada nos ramos de alimentação, entretenimento, cosméticos, hotelaria e transportes para lavar o dinheiro do tráfico. Um dos caminhões, registrado em nome de uma dessas empresas, transportava 2,8 toneladas de maconha, um fuzil e uma pistola 9mm, apreendidos em 1º de abril de 2025, no município de Simão Pereira (MG).

Movimentação do dinheiro do tráfico

Segundo a delegada Franciela, essas empresas, sediadas em Francisco Beltrão, estavam em nome de laranjas que cederam suas contas para movimentar o dinheiro da droga. O pagamento era feito diretamente nessas contas, e os valores eram posteriormente utilizados para aquisição de imóveis e outros bens registrados em nome de terceiros. O dono do hotel, segundo a investigação, é o mesmo proprietário da empresa de transportes envolvida na primeira apreensão de cinco toneladas, que deu origem à investigação.

A apuração segue com o rastreamento de outros suspeitos e bens. A Polícia Civil ressaltou a importância da atuação conjunta com a Polícia Rodoviária Federal, destacando a troca de informações e o trabalho integrado como fundamentais para o êxito da operação e o desmantelamento da organização criminosa.

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