O negócio parece bom: um valor inicial, em pouco mais de dois anos, se multiplicou cerca de 10 vezes.
Por Niomar Pereira – A reportagem do Jornal de Beltrão conversou ontem com mais uma pessoa que está na lista de credores da empresa de criptomoedas de Chapecó (SC). Veja reportagem publicada na edição de ontem. O morador, que não será identificado, contou que aplicou em 2020 um determinado valor e que sempre foi reaplicando, ou seja, nunca fez nenhum saque.
O valor inicial, em pouco mais de dois anos, se multiplicou cerca de 10 vezes. “Eu fiz um investimento pequeno, portanto não foi nenhum baque, mas tem gente que aplicou a economia de uma vida inteira.” Ele contou que recebeu a indicação de um amigo que conhecia e confiava no representante da empresa.
O beltronense salienta que não tinha um percentual fixo de rendimento, e isso era uma coisa que chamava atenção, variava entre 1,8%, 3% e 5% ao mês. “Como deveria ser em cripto(moeda), estava dentro do aceitável, e você tinha a opção de reinvestir, por isso crescia o montante.”
Um levantamento do JdeB indica que a empresa tem credores em diversas cidades do Sudoeste do Paraná, inclusive, com valores consideráveis: Francisco Beltrão, R$ 700 mil; Barracão, R$ 1 milhão e 124 mil; Dois Vizinhos, R$ 378 mil; Pato Branco, R$ 450 mil; Verê, R$ 383 mil; Capanema, R$ 3 milhões 296 mil; Planalto, R$ 1,9 milhão; Marmeleiro, R$ 50 mil; São Jorge D’ Oeste, R$ 115 mil; Renascença, R$ 120 mil; Vitorino, R$ 1 milhão e 260 mil; Chopinzinho, R$ 450 mil; entre outros. “A gente arrisca um pouco, mesmo porque a cripto(moeda) é de risco. Agora, o cara investir tudo nesse tipo de “aplicação”, não é recomendável”, comentou a pessoa ouvida pelo jornal.
Processo investigativo
Ontem a reportagem do JdeB entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Chapecó, que confirmou que o Procon local abriu em fevereiro um procedimento administrativo em relação a uma empresa sediada no município e que estaria captando recursos de investidores com promessa de investimento em criptomoedas. No site Reclame Aqui há dezenas de reclamações contra empresa.
A empresa estaria prometendo retorno financeiro acima das taxas médias praticadas no mercado. No entanto, o Procon tem recebido muitas reclamações de não pagamento dos valores e por isso deu dez dias para a empresa prestar esclarecimentos sobre supostas práticas abusivas. A empresa informou que houve uma baixa no mercado de criptomoedas e que encaminhou recuperação judicial. Argumentou que não haveria tanta reclamação para gerar ação do Procon. No entanto, o Procon informa que já tem 30 processos abertos.
Quem procurar?
As informações serão repassadas para o Ministério Público, que acompanha o caso. A Coordenadoria Municipal de Defesa do Consumidor orienta os consumidores que se sentirem lesados, para que procurem o Procon, na rua Clevelândia 727E, na Ala Sul da Arena Condá, das 13h às 19h. O telefone é 49-3319-1102.
