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Francisco Beltrão
segunda-feira, 23 de junho de 2025

Edição 8.230

21/06/2025

A adversidade me fortalece para defender meus ideais

A adversidade me fortalece para defender meus ideais

Resposta ao artigo “Opiniões” do colunista Itacir Rovaris publicado no dia 14.10.2011, no Jornal de Beltrão, pág. 6. A perda da elegância e o ataque injusto merecem resposta nos mesmos termos, como dizem “em pé de igualdade”. Procurarei ser breve e dentro dos conhecimentos adquiridos nos bancos escolares e na vida,  esclarecendo-os a seguir:

1º – Sou advogado, e não doutor como foi atribuído no artigo, já que este título é privativo de quem fez doutorado, que não é o meu caso, razão de não poder aceitar a referência de um título que não possuo.

2º – Quanto ao dizer que OAB não é isenta de erros e críticas, tem razão. Claro que ela comete erros e pelos seus erros deve ser criticada, e se não me engano não escrevi isso no texto. Todavia, aproveitando a deixa, a imprensa e os jornalistas também são passíveis de cometer erros, como a OAB, e nós também. Infalível, só Deus. Senão vejamos: “O noticiário era cruel. Caricaturas do ministro era em cima de bicicletas, com mochilas recheadas de dinheiro, e as talhas com torneirinhas pingando moedas em vez de água. Não há democracia sem imprensa livre. Isso já foi dito e repetido milhões de vezes em todos os idiomas. Jornalismo, quando é bom, assegura a tomada de consciência do povo em todos os assuntos. Mas quando é ruim, sai de perto! Nada existe de mais maléfico. Informa errado, insiste no erro, parte em busca de prova para mostrar o certo e erra de novo; não se retrata, falsifica fatos, inventa entrevistas, difama, injuria e autoelogia. É um desastre sem remédio. Alceni Guerra, foi vítima de um desses desastres”. (Opinião constante na obra “Código da vida”, do jurista Saulo Ramos, fls. 370).

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O senhor por acaso sabe que foi graças ao ministro acima citado que o Caic de Francisco Beltrão foi construído?

3º – Ter orgulho dos pais não é só um dever, é uma obrigação de todo filho e filha. E aqui vai a certeza de que você também tem dos seus, certeza essa extensiva a seus demais familiares, pelos quais tenho profunda admiração e respeito, tendo a felicidade de conhecer alguns. Quanto ao direito de se manifestar, este é de todos, a favor ou contra, democracia é a livre manifestação de todos, e não somente a imposição de alguns, em detrimento da maioria. O jurista Celso Antonio Bandeira de Mello, em entrevista ao jornal da OAB-PR (setembro/2011): “No Brasil não temos prática de democracia. E há uma aceitação de que a violência exercida pela autoridade — em todos os sentidos — é legítima e ninguém pode fazer nada”. E ensina: “A solução para melhorar o país passa por transformar as pessoas em cidadãos. O que realmente transforma é o cidadão. Ou ela vira cidadão, passa a lutar, ou não muda. O sujeito tem de militar em organizações sociais, partidos”. (grifei)

Sem mais comentários. Quero crer, e não posso deixar de acreditar de forma alguma, já que o conheço um pouco, que não se tenha equivocado quando escreveu “(…) como admiro e respeito todas as pessoas do mundo”. Tenho absoluta certeza que, como eu, o senhor não pode admirar, dentre outros, o estuprador, o pedófilo, o corrupto. Quem estaria sendo sincero, eu que não os admiro, e tenho a coragem de dizer e ser sincero que devem ser punidos e responderem pelos seus atos, ou o senhor que escreveu textualmente “como admiro e respeito todas as pessoas do mundo”? Esta seria de fato a manifestação de sua  sinceridade e  verdade, ou não foi sincero e não é verdade, se equivocando. Tomara que a verdade esteja no equívoco. 

4º – Senhor Itacir, trabalhei durante três administrações municipais em cargo de confiança, com três ex-prefeitos de partidos políticos diferentes e, é verdade, o senhor nunca me atacou. Naquela época, inclusive, fiz alguns artigos defendendo os administradores e o poder municipal (artigos no jornal) e muitos chegaram a dizer que meus artigos eram tipo “chapa branca”, porque os defendia em razão de receber do poder público. Não era por essa razão, o fazia porque aquilo era o meu pensamento, e nem por isso os entendi como ofensa. Escrevi conscientemente e dentro dos parâmetros da ética e da responsabilidade. Se sabes alguma coisa a meu respeito de que não sou digno e que não sou honrado, como escreveu, podes falar, escrever, que assim pelo menos me oportunizará a fazer minha defesa, esclarecer os fatos, e se eventualmente se restar caracterizada qualquer infração legal, que me sejam aplicadas as penas cabíveis. Caso contrário fica difícil me defender do que desconheço.

5º – Manifestação dos estudantes, se o senhor discorda das mesmas, é um direito seu, que não se nega. O mesmo direito que tem de discordar, entendo que os estudantes e o povo também  têm o direito de discordar. Afinal, isto é democracia!

Democracia é um processo de convivência social em que o poder emana do povo, há se ser exercido, direta e indiretamente, pelo povo e em proveito do povo. Em proveito do povo. Qual o proveito do povo com o aumento de custos, de despesa pública, quando estes recursos poderiam ser aplicados em beneficio da população e não em proveito de poucos?

6º Vou refrescar sua memória para perceber suas bobagens. É um entendimento seu, me parece equivocado, todavia merece o meu respeito. Passo responder o que entendeu como “bobagens”, no mesmo nível do mesmo:

a) – Quanto à revolta dos posseiros, não foram somente os agricultores, foi de toda a população e, se a memória não me falha (já fazem tantos anos), os seus líderes todos viviam na cidade, eram comerciantes e profissionais liberais. Disse que eles viviam sob a escravidão do regime e da falsa lei, então, na época, o regime não era democrático, o que se contesta (presidente JK), e da falsa lei, a lei existia, portanto vigorava uma lei, e eles a descumpriam. Portanto, foi ou não uma “desobediência civil” ? No meu entendimento, sim; no seu, não. Pontos de vista divergentes, mas se a lei vale para um, vale para todos. O que interessa é que a população foi ouvida e os problemas da ocupação da terra do Sudoeste foi resolvido.

b) Quanto à citação de Luther King e Hitler, sobre o direito de discordar e da desobediência civil, recomendo-lhe a leitura de “Do direito de discordar e da desobediência civil , uma alternativa para a violência”, escrito por quem se acredita conhecer o assunto, Abe Fortes, ministro da Suprema Corte dos Estados Unidos.

c) Discordo de que não exista governo bom. Governo bom existe, sim, é aquele que respeita o cidadão, o povo, os seus direitos. Dentre os regimes, aí sim temos maus governos e, neste caso, cabe a celebre definição de Platão de democracia, “é o pior dos bons governos, mas o melhor entre os maus”.

d) Apolônio já dizia que a verdade é a condição fundamental da virtude e sentenciou magnificamente: “Aos servos cabe mentir; aos livres dizer a verdade”. Para isso é preciso ter coragem, como sentenciou Lamartine, “é a primeira das eloquências, é a eloquência  do caráter”. Aquele que aspira ser águia deve olhar de longe e voar alto, o que se resigna a rastejar como um verme renuncia ao direito de protestar quando o esmagam.

Foi por isso que ao responder a matéria publicada pela senhora presidente do legislativo municipal na imprensa, sobre os fatos que diziam respeito ao aumento do número de vereadores, no dia 10/10/2011 (coincidência de data, marco da liberdade do Sudoeste), protocolei ofício respondendo à mesma, inclusive com pedidos para que a Câmara Municipal apure se eventualmente houve ou não má gerência de bens públicos e violação do meio ambiente, entre outros fatos apontados, pedindo publicação do mesmo, o que até agora não aconteceu, todavia, a título de informação, cópias idênticas dos ofícios, foram entregues por mim junto ao Ministério Público Federal e aos promotores de Justiça de Francisco Beltrão. Ao me atribuir que disse “bobagens”, concluo este citando o legendário julgamento de Midas. “Pã ousou comparar sua flauta de sete carriços com a lira de Apolo. Propôs uma lida ao deus da harmonia, sendo o rei frígio juiz.

Decidiram todos que a flauta era incomparável à lira, todos menos o rei, que reclamou a vitória para aquela. Imediatamente cresceram sob seus cabelos duas miraculosas orelhas. Apolo ficou vingado, e Pã se refugou na sombra. O juiz, confuso, quis ocultar as orelhas com sua coroa. Um camareiro as descobriu, correu a um vale longínquo, cavou um poço e contou ali seu segredo. Mas a verdade não se enterra: floresceram roseiras que, agitadas pelas brisas, repetem eternamente que Midas teve orelhas de asno”.

Finalmente, posso dizer que o debate, as discussões, as divergências, opiniões contrárias e a favor servem, tanto para este advogado como para o colunista levar ao conhecimento do público pontos de vista discordantes, já que toda unanimidade é burra.

 Raul José Prolo – Advogado em Francisco Beltrão – Paraná.

 

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