Política

Dia 10 de julho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) completou 35 anos — idade mínima para ser embaixador do Brasil mundo afora. Então o presidente Jair Bolsonaro (PSL), pai de Eduardo, disse que poderia indicá-lo para ser o titular do posto nos EUA. Foi um auê.
Desde então, o presidente tem subido o tom, e praticamente toda semana tem polêmica.
Questionou os dados oficias sobre desmatamento, sugeriu que o desaparecido político Fernando Santa Cruz possa ter sido morto por companheiros de grupos de esquerda, questionou a lisura da Comissão da Verdade, disse que a jornalista Miriam Leitão “mente” quando afirma que foi torturada nos anos 70, classificou os governadores do Nordeste como “paraíbas”, destacando que “o pior deles” era o do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), defendeu que verba da Ancine não deve ser liberada para “filmes como o da Bruna Surfistinha”, chamou de “malandro” o jornalista americano Glenn Greewald por ter casado com outro homem e adotado crianças brasileiras (daí não pode ser deportado), etc.
O Jornal de Beltrão convidou três sudoestinos para opinar sobre esse “estilo” do presidente. Escrevem nesta página o advogado Fábio Forselini, de Pato Branco, o professor beltronense Douglas Paz e também o vice-prefeito de Francisco Beltrão, Antonio Pedron (PSD), cada um querendo que o Brasil dê certo, torcendo pelas reformas e o desenvolvimento, mas com ressalvas a falas de Bolsonaro.
Jair Bolsonaro e as críticas de plantão
Vivemos num País que respira democracia e o pensamento é livre. Temos visto o nosso presidente da República, Jair Bolsonaro, ter se manifestado em entrevistas para jornalistas de forma um pouco áspera, brusca, rude e às vezes inconsequente; no entanto, é preciso fazer uma análise mais aprimorada dessas manifestações.
Quem já ouviu falar na “psicologia reversa” vai entender que as manifestações do presidente têm refletido nesse sentido, algumas vezes, aliás, no caso dos governadores do Nordeste que foram chamados de “paraíbas”, é um exemplo disso, pois resultou numa grande polêmica junto à imprensa nacional, porém, os governadores daquela linda região começaram a trabalhar, com reuniões, com ideias positivas de mudanças em seus Estados tão pobres em termos de desenvolvimento econômico e social.
Claro, os governadores ficaram irados com a denominação de “paraíbas”, mas infelizmente seus Estados são muito subdesenvolvidos em relação às demais regiões. São os Estados do Norte e do Nordeste que mais têm representatividade política dentro do Congresso. Como explicar toda pobreza e subdesenvolvimento de seus povos? Ora, o presidente cansou e a sociedade ativa também. Queremos resultados.
Quanto às declarações relativas aos relatórios do cientistas do Inpe, aos ambientalistas, aos professores universitários, aos servidores de demais instituições públicas, etc… etc… são tantas…
Veem inicialmente o efeito negativo — “o choque” —, mas logo em seguida se coloca em “cheque” os atos comportamentais de seus atores, e isso a meu ver tem se tornado positivo, pois tanto o poder público quanto a sociedade brasileira estão fazendo uma autoanálise reflexiva de seus atos éticos-comportamentais. Isso é muito bom e necessário.
Na economia, os reflexos podem ser drásticos no momento das declarações, todavia, o presidente tem recuado algumas vezes, e os efeitos tem sido menos danosos. Lembrando que o Congresso, composto por deputados federais e senadores, uma grande parcela destes envolvidos em escândalos de corrupção, não possui mais credibilidade. Isso é uma realidade.
Aliás, é a sociedade ativa, fora das repartições públicas, que comanda esse País. E o presidente, pragmático e inteligente, tem ciência disso. Trabalha bem com as redes sociais e o embate tem sido grande com a imprensa que ainda não percebeu que a população ativa não aceita mais falcatruas e corrupção.
Há uma mudança no comportamento do brasileiro no sentido de querer as coisas mais certas e idôneas. Isso é muito positivo.
Por fim, vejo que deveria haver, sim, uma dosagem menor nas declarações do presidente, para se evitar tantas polêmicas desnecessárias, como no caso recente do presidente da OAB e seu pai com o período da revolução militar. Discussão e desgaste inúteis.
Até porque, em tempos de grave crise econômica nacional, temos que nos preocupar com o futuro de nossas empresas, dos nossos empregos, dos nossos negócios, dos nossos serviços profissionais e aí o nosso presidente, infelizmente, tem pecado nesse quesito. Mas é o nosso presidente temos que respeitar. Errar é humano. Vamos em frente.
Fábio Forselini – Advogado tributarista empresarial e professor universitário
Insigne presidente
É primacial ao ambiente econômico a confiança no futuro. Afora a política efetuada pelo governo, os indivíduos – pessoas e empresas – carecem de um contexto de máxima serenidade, ausência de perturbações, de modo a condicionar a melhor avaliação possível com vistas ao futuro, calcular riscos e dimensionar oportunidades. Nesse sentido, compete à liderança política maior da nação, no caso, o presidente da República, dar ensejo a um discurso otimista, cordato, equilibrado e, sobretudo, apaziguador.
Nos últimos dias, o presidente Jair Bolsonaro envolveu-se desnecessariamente em discussões polêmicas, troca de farpas, declarações ignóbeis. É verdade que grande parcela da imprensa brasileira expressa má vontade com relação ao atual governo. Com efeito, o país continua muito polarizado, envolto no falso maniqueísmo direita x esquerda; nós contra eles. Contudo, o comportamento recente do presidente acirra este clima de confrontação; não parece apropriado.
É conspícuo o processo de empobrecimento da sociedade brasileira, tanto no sentido moral, quanto no sentido material. O período de baixa no ciclo de negócios já dura, pelo menos, cinco anos, um período considerável de destruição de valor, onde cada vez mais brasileiros sofrem as agruras do desemprego.
Destarte, há uma ampla agenda político-econômica que precisa ser colocada em curso pelo governo. Se por um lado, a reforma previdenciária está atrasada, ainda que bem encaminhada, por outro há outras reformas estruturais, tanto ou mais importantes, esperando o devido encaminhamento.
É a partir das reformas que um ambiente institucional favorável vai se constituindo, possibilitando um arranco autossustentado para a economia brasileira que, metaforicamente, parece um potente avião com tanque de combustível lotado, sendo gasto na cabeceira da pista, à espera de autorização para decolagem. Há um enorme potencial, demanda reprimida, projetos empresariais engavetados, ideias latentes esperando a ação individual que só virá sob confiança no futuro, segurança de que o retorno será adequado.
É evidente a boa intenção do governo e, principalmente da equipe econômica, qualificada, capitaneada pelo ministro Paulo Guedes. Portanto, o presidente faz bem se deixar de lado as declarações intempestivas das últimas semanas, na medida em que reverberam de maneira não favorável tanto na imprensa nacional, quanto no noticioso internacional, até porque, jornalista separa o joio do trigo e fica com o joio. A campanha eleitoral ficou para trás e Bolsonaro deve se comportar como presidente de todos os brasileiros, independentemente de ideologias, conquanto se considerem como superadas as falácias keynesianas e as bobagens marxistas, por muito tempo em voga na política brasileira. Se assim proceder, o país que sonha, acorda cedo e trabalha, agradecerá.
Douglas Paz, beltronense,economista, professor da UEL
Brasil, é a hora
O governo de Jair Bolsonaro, legitimamente eleito, tem se consolidado a cada dia que passa. Passados sete meses, os ímpetos da família Bolsonaro arrefeceram e assim o governo Bolsonaro vai mostrando a que veio. Apesar das manifestações realizadas nas mídias sociais e na imprensa, contrárias, que ora divertem ora irritam, o governo toma forma. Tem muitas manifestações divertidas. Aliás, declarações e opiniões divertidas não são exclusividade de Bolsonaro. Só lembrar da ex-presidente Dilma. Falam que o presidente quer manter o confronto e polarização direita x esquerda. Nada disso: é situação defendendo e oposição batendo. Nada mais. Analisemos a história: lembram fora FHC? Muito se falava em polarização. É o processo democrático, a sociedade se movimentado, apoiando ou não. Ora a oposição se enfraquece, ora se fortalece. É assim mesmo. O barulho é maior do que deveria porque a grande imprensa não concorda com o eleito, e ela (a grande imprensa) produz a polarização fake, mesmo porque, até pouco tempo atrás, não tinha mídia social, e assim, menos oportunidades de se posicionar, bater. Pelo sim, pelo não, o presidente Bolsonaro tem em suas mãos a oportunidade de realizar as sonhadas e imprescindíveis reformas que o Brasil precisa, apoiado pela maior parte da sociedade brasileira. Isto está claro nas nomeações dos ministros e presidentes de estatais e órgãos do governo, das políticas públicas anunciadas, quer com relação aos aspectos econômicos e sociais, que envolvem saúde, educação, como aquelas de infraestrutura, desestatização e desaparelhamento do Estado, etc. E é isso que vislumbro para os próximos anos de seu governo. Dentre as várias medidas anunciadas, algumas implementadas, destaco a Reforma da Previdência. A determinação do governo em escrever novo sistema de aposentadorias é elogiável. Todo mundo tem o direito de não gostar do Governo Bolsonaro, mas os 379 votos que a reforma produziu na Câmara dos Deputados é uma vitória com v maiúsculo, ou seja 74% dos deputados brasileiros. A partir desta retumbante vitória, tudo parece ficar mais fácil. Os meios de comunicação de grande circulação pouquíssimo têm falado, ou nada falado, é como se tivesse acontecido uma votação qualquer, sem importância. Esta é a reforma das reformas. Tomara que o Senado Federal, para o bem da nação, consiga incluir Estados e municípios. Se não fizer, anotem, logo vai faltar dinheiro para a maioria dos Estados e municípios. Fala-se que o município de Curitiba tem um déficit atuarial em torno de 10 bilhões de reais. Não vai muitos anos que problema chega por aqui. Na área econômica o governo estará lançando um pacote econômico, provável “Plano Guedes”, porém ações já estão acontecendo, e temos resultados. A inflação de junho foi de 0,06%, a menor dos últimos 13 anos, fato real. A taxa Selic publicada pelo Banco Central, estabeleceu nova taxa Selic: 6%, a menor desde o início do regime de metas de inflação em 20 anos. A liberação do FGTS/PIS, na fórmula publicada, vai injetar na economia 42 bilhões de reais nos próximos anos, sendo para o ano que vem a previsão 12 bilhões, projetando um crescimento da economia em 1%. Consta no plano a liberação de depósitos compulsórios retidos pelo Banco Central dos bancos, automatização de processos burocráticos, reforma tributária, liberdade econômica (MP 881), vendas de empresas estatais e ativos da união, e outras medidas mais, como por exemplo, o corte de 21 mil cargos de “provimento livre”, que ninguém sabe para que servia (ou sabíamos?). A expectativa, implantado o Plano Guedes, é que gerará impactos positivo na economia de R$ 4,59 trilhões. Não é pouca coisa. Merece destaque uma medida importante: A quebra do monopólio da Petrobrás e mudanças regulatórias que abrem caminho para investimentos privados no mercado de gás, controlado pela empresa desde os anos 50. A abertura do mercado de gás vai possibilitar 50 bilhões em investimentos até o ano 2030. Com a participação da iniciativa privada, o preço do gás ao consumidor pode cair até 40%. Vejam que as possibilidades são imensas de transformar este país. Só fiz esta observação para mostrar a potencialidade que temos em relação às privatizações. No cenário internacional a imagem do presidente é positiva, especialmente pelo avanço nas negociações de livre comércio, mediante acordo Bilateral com Estados Unidos e a Comunidade Europeia. A análise é mais complexa, quanto aos mercados internacionais, que deixaremos para um próxima oportunidade. Acredito no Brasil, e implantadas as reformas, que a sociedade quer e deseja, seremos cada dia um país melhor. Lembrando: o Brasil já é um grande país, com todos seus problemas, mas comparado a boa parte do mundo estamos bem. A classe política e classe empresarial, bem como a sociedade, todos em igualdade de condições têm sua participação no processo. Vamos dar uma chance ao novo governo, afinal tivemos quatro eleições vencidas por um único grupo político. Em tempo: tem novidades do ministério da Educação com o programa Future-se, desafios à vista.
Antonio Pedron, contabilista e administrador,
vice-prefeito de Francisco Beltrão