Política
Patricia Lucini, Diário dos Campos
Após oito meses à frente do Governo do Estado, a governadora Cida Borghetti (PP) apresenta, ao Diário dos Campos, uma avaliação do período em que chefiou o Executivo estadual. Com uma trajetória que inclui dois mandatos de deputada estadual e um mandato de deputada federal, Cida tornou-se, em abril deste ano, a primeira mulher a ocupar o cargo de governadora do Paraná, com a desincompatibilização de Beto Richa (PSDB) do cargo, que concorreu a uma vaga ao Senado. Cida, por sua vez, disputou o Governo do Estado, mas acabou perdendo as eleições no primeiro turno para o deputado estadual Ratinho Junior (PSD).
Ela destaca que conseguiu cumprir todos os compromissos e entrega o Estado com as contas em dia e importantes obras executadas e em andamento. Confira trechos da entrevista.
Avaliação do mandato
“Cumpri com todos os compromissos que assumi com a sociedade paranaense. Na infraestrutura, ficam programas de obras e de melhorias em estradas no valor de R$ 3 bilhões. Também há um pacote de investimentos expressivos no Porto de Paranaguá, na Copel e na Sanepar, com planejamento estratégico preparamos as empresas públicas para a próxima década. Agimos contra os altos preços do pedágio, iniciamos a construção de um novo modelo e anunciamos a não renovação dos contratos. Com a mudança de postura do governo e a intervenção administrativa nas concessionárias, o Estado passou a ter uma posição mais ativa auxiliando o Ministério Público Federal nas ações relacionadas ao tema. Além disso, integramos as forças de segurança, instalamos novos batalhões da PM, mais patrulhas Maria da Penha. Tudo que fizemos foi a partir de uma decisão pessoal de manter o gabinete de portas abertas para promover um diálogo franco com todos os setores da sociedade. Isso ajudou o Paraná a avançar”
Em que situação o governador eleito receberá o Estado
“Um Estado nunca está pronto, está sempre em construção. Governei o Paraná com muita responsabilidade e o resultado disso é que a próxima gestão terá recursos disponíveis para iniciar a administração com dinheiro para investir. Nossa projeção é de que o caixa ficará com R$ 5 bilhões. Além disso, o nosso Estado hoje é um verdadeiro canteiro de obras, que tive a felicidade de iniciar ou autorizar”.
Principais legados para o Paraná
“ A tudo aquilo que o Estado pode e deve fazer, nós dissemos sim, desatamos os nós e fizemos. Ao que o Estado não pode e não deve fazer, dissemos não. Isso se chama resolutividade. Foi assim que obras históricas saíram do papel, e que outras foram concluídas ou estão planejadas, já com recursos no orçamento – e que serão realidade no futuro. Fomos o primeiro Estado a liberar as estradas durante a greve dos caminhoneiros, tivemos atitudes concretas em relação aos pedágios. Acredito que deixo um legado de grandes realizações, mas também de atitudes sérias e de comprometimento com a austeridade e a responsabilidade com a coisa pública. Criamos a Divisão de Combate à Corrupção, integramos de vez as forças de segurança do Paraná e recuperamos recursos do Governo Federal para obras nos presídios. Um governo não se faz só com obras físicas. Um bom governo é a soma de todas as suas ações, das mais vistosas até aquelas que não percebemos no cotidiano das nossas vidas. Nessa linha são muitos os avanços que implementamos para que o Estado funcione para o bem de todos.
Símbolo disso é o Governo Digital, onde o cidadão pode acessar cerca de três mil serviços públicos, inclusive federais”.
Primeira mulher a ter assumido em definitivo cargo de governadora
“É um orgulho e uma honra representar as mulheres paranaenses no maior posto político do Estado. Também é uma alegria alcançar esta condição, pois neste período de governo foram muitas as realizações. Trabalhamos intensamente para levar as ações do Estado para mais perto dos paranaenses, seja através de obras ou de programas. Nos pautamos por metas. Vou entregar o Governo do Paraná numa das melhores situações do País, com R$ 5 bilhões em caixa e centenas de obras autorizadas e em execução.
Cida faz avaliação do processo eleitoral, e planos para 2019
“Confio e entendo o processo democrático. As eleições deste ano passaram por um fenômeno de renovação. Fizemos uma campanha honesta, com foco em propostas concretas e pés no chão. Comecei a disputa com apenas 5% das intenções de voto, muita gente não me conhecia e aos poucos pude mostrar meu trabalho e minha forma de pensar o Paraná. Fiquei muito honrada por cada voto recebido, por cada abraço e palavras de incentivo. Conheci a realidade de todas as regiões do Estado, ouvi as demandas da população e não tenho dúvidas de que o processo me fortaleceu como política e ser humana. Desejo que o governador eleito, Ratinho Júnior, que foi meu colega deputado estadual e federal, tenha muito sucesso em seu governo. Estarei sempre à disposição do Paraná. Por hora, vou me dedicar aos meus projetos pessoais. Tenho convite para visitar o Japão e a China. Também irei retomar meu trabalho voluntário com a primeira infância na Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e na Organização Mundial da Família (OMF). E é claro, cuidar da nossa pequena Maria Antônia, minha primeira netinha, que está por vir. Deixo registrado a todos os paranaenses meu muito obrigada!”
Ratinho terá primeiro escalão enxuto
O governador eleito Ratinho Júnior (PSD) reduziu de 28 para 15 o número de secretarias. Calcula-se, preliminarmente, uma redução de R$ 300 mil por mês de gastos para cada Secretaria cortada (no total, o corte foi de 13 pastas). Seria uma economia mensal de R$ 3,9 milhões — ou R$ 46,8 milhões por ano; ou quase R$ 200 milhões até 2022.
O novo modelo foi elaborado a partir de estudo realizado pela Fundação Dom Cabral, que fez uma análise da administração estadual por cenários. Todo o processo foi acompanhado de perto pelo governador eleito. “O nosso governo vai ficar entre os três mais enxutos do País. Com corte de gastos, desburocratização e planejamento, o Paraná poderá crescer 4% ao ano. Vamos trabalhar para que o Estado volte a ser protagonista do Brasil”, afirmou Ratinho Júnior.