Política
A desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita suspendeu ontem o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), do exercício da função. O mandato de Crivella terminaria no próximo dia 31.
A decisão está no despacho em que a magistrada acatou denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e decretou prisão preventiva de sete denunciados num desdobramento da Operação Hades, que apura corrupção na Prefeitura e tem como base a delação do doleiro Sergio Mizrahy.
Foram presos mais cinco acusados de envolvimento no esquema. O ex-senador Eduardo Lopes não foi encontrado no endereço no Rio. Segundo a desembargadora Rosa Helena, o afastamento do prefeito foi determinado com base no Artigo 319, Inciso VI, do Código de Processo Penal.
Conforme o despacho, o esquema de corrupção apontado na Operação Hades, que teve desdobramento, ontem, com a prisão dos denunciados, intensificou-se na campanha de Crivella à Prefeitura, em 2016.
Na ocasião, diz a magistrada, um dos empresários denunciados pediu que Crivella providenciasse contas bancárias pelas quais pudesse receber quantias em espécie a serem utilizadas na campanha.
De acordo com Rosa Helena, depois de Marcelo Crivella ser eleito, o empresário passou a ocupar uma sala na sede da Riotur, empresa municipal de turismo, mesmo sem exercer qualquer cargo público.
O doleiro Sergio Mizrahy disse que esteve no local diversas vezes para entregar ao empresário dinheiro em espécie, oriundo de operações de troca de cheques resultantes da cobrança de taxa de serviço.
Na denúncia, o Ministério Público ressalta que, embora Crivella não tenha sido reeleito, o que resulta na “perda de foro especial por prerrogativa de função e cessação da competência deste primeiro grupo de câmaras criminais para o julgamento da causa, as medidas cautelares requeridas, dada a sua natureza de urgência, devem ser imediatamente analisadas, sob pena de se verem frustrados a sua eficácia e os fins por elas colimados”.
De acordo com o MPRJ, as investigações começaram com a instauração do inquérito policial em decorrência do acordo de colaboração firmado com Sérgio Mizrahy, preso preventivamente no âmbito da Operação Câmbio, Desligo.
Tal operação foi deflagrada pela força-tarefa da Lava Jato no Rio, dia 3 de maio de 2018, como desdobramento das operações Calicute e Eficiência, em que foram apuradas denúncias de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, cartel e fraudes em licitações pela organização criminosa liderada pelo ex-governador Sérgio Cabral.
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