12.9 C
Francisco Beltrão
sexta-feira, 27 de junho de 2025

Edição 8.234

27/06/2025

Dezenas de políticos se elegem com apelido no Sudoeste

Apelidos ou alcunhas substituindo o nome mostram-se prática comum na região.

 

 

O vereador reeleito em Salto do Lontra
João Carlos Dalberto, conhecido como
Carlão Verdureiro por causa
da profissão – ele planta
e vende verduras na cidade.

O uso de apelidos é comum na sociedade. É difícil achar alguém que nunca tenha tido algum apelido, algum tipo de brincadeira de infância que pegou. Muitos desses marcam tanto a pessoa que duram a vida toda, outros surgem na fase adulta, mas acabam tão presentes que substituem até o nome.
Essa prática é corriqueira na política. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que comandou o Brasil por oito anos, entre 1995 e 2003, é chamado por muitos, até hoje, simplesmente de FHC – sigla formada com as iniciais do seu nome. 
Mas talvez o exemplo mais marcante na política nacional seja o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que governou o País de 2003 a 2011. A alcunha Lula surgiu como um apelido para Luiz enquanto ele era representante sindical e pegou tanto que foi adicionada oficialmente ao seu nome. Ao mencioná-lo, todo mundo fala do ex-presidente Lula e o Luiz Inácio é pouquíssimo utilizado.
Em nível municipal, esse tipo de substituição do nome é ainda mais comum. No Sudoeste, muitos candidatos utilizaram apelidos ou até mesmo sua profissão junto ou substituindo seu nome de registro. Só em Clevelândia, dos nove vereadores eleitos, oito se candidataram utilizando apelidos. Bolacha (PSD), Bofão (PSDB), Valdeci Avila – Siribi (PMDB), Pitanga (PMDB), Darci Enfermeiro (PP), Preto Loyola (PR), Baxinho do Rincão (PV) e Tino (PT) – isso sem contar os candidatos que não se elegeram neste ano, como Ratinho (PRP), Cacique (PSB) e Amigão (PSDB).
Sudoeste afora, até candidatos ao maior cargo do poder público municipal utilizaram apelidos. O prefeito eleito de Ampere deixou de lado seu primeiro nome, Disnei, para utilizar Zuca Luquini (PP) como nome político. Em Coronel Domingos Soares, elegeu-se como prefeita a Dona Maria (PMDB), enquanto em Bela Vista da Caroba o prefeito eleito atende pelo apelido de Dito (PSDB). Em Salgado Filho, o candidato que venceu a eleição registrou-se como Helton – Saúde (PMDB), para dar destaque ao cargo que ocupa como secretário de Saúde.
Outros nomes chamam atenção, como Carlão Verdureiro (PPS), vereador reeleito de Salto do Lontra. “Eu usei Carlão Verdureiro porque sou mais conhecido assim, que eu vendo verdura na rua há mais de 20 anos e as pessoas me chamam desse jeito. Por João Carlos Dalberto ninguém me conhece”, conta o vereador, e acrescenta que ainda faz valer o apelido: “Continuo plantando verduras pra vender, tô inclusive com a enxada, limpando melancias agora”. Salto do Lontra ainda conta com o vereador Ladair Casanova Cavilha, que adotou um nome de filósofo, ou de jogador de futebol: Sócrates (DEM). 
Já em São Jorge D’Oeste, tem vereador que escolheu nome de comida, como o Osvaldo Chucrute (PDT). “Quando eu tinha uns 10 ou 12 anos, eu jogava bola e o técnico Juarez Basso cansou de me chamar de Osvaldo, e como eu sou alemão, me chamou de Chucrute, que é um prato típico alemão. Aí o apelido pegou mais do que eu imaginava e agora todo mundo me conhece por Chucrute”, conta o vereador eleito, com bom humor. Osvaldo ainda revela: “Em português, chucrute é repolho azedo, mas não tenho nada a ver com repolho, é só porque eu sou alemão mesmo”.
Em Vitorino tem vereador com nome de bicho: Tigrão (PMDB); de cor: Preto (PDT); em aumentativo: Julião (PMDB); de pista de bocha: Valdir da Cancha (PSC); e o vereador mais votado do município, que tem alcunha de fruta: Daniel Leonardi – Melão (PDT). “Desde criança que me chamam assim e todo mundo em Vitorino me conhece por Melão”, conta ele. Mas o apelido às vezes até complica as coisas. “Aqui em Vitorino tem dois Melão, então às vezes dá confusão.”
Nova Esperança do Sudoeste tem dois vereadores com nomes peculiares, um que usa tanto o nome de batismo quanto o apelido: Gilmar Carvalho Leão – Sapuca (PR); e outro que usa só o apelido, mas garante que a alcunha é tão velha quanto o próprio nome de batismo. É o Tatão (PDT), registrado em cartório como Cirineu Bonetti. “Mas desde que eu nasci, eu tenho esse apelido. Acho que é coisa do meu pai, de certo porque eu era um bebê de uns quatro quilos, um piazão meio grande, aí passei por Tatão”, diz ele, rindo.
O vereador afirma ainda que é difícil encontrar o Cirineu na cidade, porque ninguém o conhece assim. Já o Tatão é outra história: “Teve até um caso que foram me procurar no Mercado Bonetti (que é da família) pelo nome de Cirineu e a moça que atendeu disse que não conhecia ninguém por esse nome e eu tava lá, falei que claro que conhece!”, relata Tatão.
Francisco Beltrão não fica fora dessa estatística: elegeram-se 13 vereadores, e destes, cinco se apresentaram com apelido. Além da vereadora mais votada, Fran Schmitz (PSDB), teve o Dile (PMN), o Léo Garcia (PSC), o Pedro Tufão (DEM) e o Zé Carlos (PDT). E teve ainda três que se elegeram com o nome da profissão – curiosamente, os três são educadores – Professora Elenir (PP), Professor Aires (PMDB) e Professor Silmar Gallina (PSDB). Outro fato curioso: eles conquistaram, respectivamente, 2º, 3º e 4º lugar entre os mais votados.
Pato Branco, que elege 11 vereadores, também teve um educador eleito: o Professor Moacir (PMDB). Mas teve ainda a Mari da Farmácia (PSDB) e o Moacir do Econômico (PP), que apareceram pela empresa. Os dois vereadores mais bem votados também entraram com apelido: Biruba (PDT) e Rodrigo Chupim (PSC).

- Publicidade -

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques