A chapa “Parlamento Forte” – liderada pelo deputado Ademar Traiano (PSDB), como candidato à Presidência, única inscrita para o pleito, foi aprovada com 51 votos favoráveis, havendo ainda duas abstenções. Somente o deputado Nelson Justus (DEM), na qualidade de presidente da sessão, não votou. No seu discurso, Traiano destacou que “ao assumir a presidência desta casa, reafirmo o compromisso de trabalhar com dedicação e vigilância para que todas as coisas que afetam a vida dos paranaenses deem certo. Um homem só não pode fazer todas as leis, pois isso seria uma ditadura. Um homem só não pode reunir todo o conhecimento e sabedoria, pois isso seria imitar o poder divino. Um homem só não pode ter sempre razão, pois isso seria pura arrogância.” O evento teve a participação de várias lideranças do Sudoeste, além do governador Beto Richa (PSDB). A seguir a íntegra do pronunciamento de Traiano, que mesclou questões familiares, propositivas e políticas.
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Prezadas senhoras deputadas, prezados senhores deputados; caros servidores desta casa, meus amigos do Paraná, minhas senhoras, meus senhores.
Podemos imaginar qualquer coisa do que não conhecemos. Mas daquilo que conhecemos bem só podemos falar a verdade. Verdade que deve ser incontestável, plena e transparente.
Conheço esta casa há tempo bastante para compreender seu funcionamento, entender suas necessidades e reconhecer seu valor. Há 24 anos vivendo o dia a dia desta Assembleia Legislativa, aprendi também a amá-la. Sim, meus amigos, amo esta casa por tudo o que ela significa. Mas, sobretudo, pelo que ainda pode fazer pelo nosso Paraná.
A Assembleia é o reflexo mais cristalino da nossa sociedade. É o espelho do que somos e do que desejamos para o nosso futuro. Aqui, os diferentes se tornam iguais no propósito de buscar uma vida melhor para todos.
Nossas divergências são menores que nossa disposição ao diálogo e ao entendimento. Se há divergências – e sempre existem -, é para que o resultado obtido nos debates esteja baseado em premissas verdadeiras, debatidas e aceitas como a melhor solução. E não impostas por decisões às vezes autoritárias.
Meus amigos, sou um homem que a experiência ensinou a acreditar nas coisas que podem dar errado. Logo, conhecendo o que pode dar errado, nossa energia será sempre focada no que vai dar certo. Ao assumir a presidência desta casa, reafirmo o compromisso de trabalhar com dedicação e vigilância para que as coisas, todas as coisas que afetam a vida dos paranaenses, deem certo.
Um homem só não pode fazer todas as leis, pois isso seria uma ditadura. Um homem só não pode reunir todo o conhecimento e sabedoria, pois isso seria imitar o poder divino. Um homem só não pode ter sempre razão, pois isso seria pura arrogância.
Assembleia não estará isolada
Por isso, a Assembleia é um colegiado de 54 deputadas e deputados, centenas de servidores e um conjunto de ferramentas trabalhando em harmonia para obter o resultado que todos esperam. Que nunca pode ser mais ou menos, mas sempre o melhor.
Mas a Assembleia não é – e não pode ser jamais – um poder isolado, embora autônomo. Trabalha em sintonia com o Executivo, com o Judiciário e, principalmente, com a sociedade que representa. Sem leis, nada funciona. E as leis precisam de permanente atualização.
Portanto, nossa missão é dar continuidade ao que vem sendo feito há 163 anos, desde que este poder foi instituído. A todos os presidentes que me antecederam, meu sincero muito obrigado. Todos contribuíram, cada um à sua maneira, para fortalecer o parlamento.
Devemos um tributo ao passado, não existiríamos sem ele. Mas nosso compromisso é com o presente e com o futuro. Começamos hoje uma nova etapa na vida deste parlamento, em sintonia com o sentimento dos paranaenses.
Para isso, estabelecemos uma diretriz que norteará toda nossa gestão. Transparência total e inflexibilidade no cumprimento das leis e normas que regem a vida de todos e o funcionamento desta Casa.
Uma casa que tem a tarefa indelegável de elaborar leis deve ser ela própria exemplo de conduta no seu cumprimento. Tenho certeza de que as senhoras deputadas e os senhores deputados são conhecedores dessa exigência que a sociedade nos impõe.
A transparência não deve ser entendida como uma obrigação imposta por autoridade superior, mas como um dever de ofício de todo agente público. Um hábito a ser incorporado ao nosso quotidiano.
Uma vez adquirido o bom hábito, a consequência inevitável será o aprimoramento do processo legislativo – que se dará em três etapas distintas, mas não excludentes:
Primeiro, o pensar da política, que é a reflexão amadurecida, apurada, decantada de um problema em busca de solução. É a ponderação entre pontos a favor e pontos contra.
Aquela situação que termina em equilíbrio perfeito, em que todos ganham.
Segundo, o fazer da política, que é o pensamento posto em prática, traduzido em ação concreta e resultados previsíveis. Sempre para o bem da maioria.
Terceiro, o sonhar da política, que é a soma da reflexão com a ação, que nos permite sonhar com uma perspectiva melhor. Objetivo principal e único da atividade política de boa qualidade.
Eis aqui a política que queremos para o nosso Paraná: simples, eficiente e descomplicada, porque as pessoas precisam entender nossos propósitos. Porque a política é mais eficaz quando é mais simples.
Faremos isso, senhoras e senhores, seguindo os princípios que sustentam, por definição, a boa ação política. Honestidade intelectual, rigor técnico, disciplina legal e idoneidade moral. Porque todos somos providos desses atributos.
Para além disso, o aprimoramento do processo legislativo passa também por ações práticas que compõem o dia a dia da Assembleia, como:
1) valorização e profissionalização contínua dos servidores do Legislativo.
2) mais investimentos em tecnologia da informação, para que todos os processos sejam digitalizados e atualizados em tempo real.
3) novos canais de acesso à informação por parte do cidadão, ampliando a transparência das nossas ações.
4) novos meios de comunicação para que a Assembleia possa manter os paranaenses informados sobre seu papel no processo democrático.
“E o verdadeiro sucesso não é uma história a ser contada.
É uma história a ser construída”
Mas nada disso faria sentido se o mais importante elo dessa corrente não receber a atenção devida – nossos deputados.
Por isso, no meu mandato, os deputados serão tratados com o respeito que merecem. Todos serão reconhecidos e prestigiados pelo trabalho que desempenharão: nas comissões, no plenário, nos cargos de direção e na atuação política. Nos tempos modernos, o poder real tornou-se inversamente proporcional à irresistível tentação de demonstrá-lo.
Mas não cairemos nessa armadilha. Vamos exercer o poder que os paranaenses nos conferiram com dedicação e lealdade. Não buscaremos o sucesso pelo sucesso. Não nos interessa apenas a aparência do sucesso, mas aquele que deriva de nossas ações e nossas atitudes, porque este é o verdadeiro sucesso!
E o verdadeiro sucesso não é uma história a ser contada. É uma história a ser construída. Esse é o trabalho que nos espera: escrever uma ou mais páginas da história do Paraná.
Minha família
Por falar em história, quero agradecer a algumas pessoas que ajudaram a construir a minha, que, embora modesta, muito me orgulha. Meus filhos Vinícius, Ademar Júnior e Gabriela sabem como foi difícil conciliar a vida pública com as responsabilidades de construir uma família. Durante meu primeiro mandato como parlamentar tivemos uma perda dolorosa: a doença cruel que levou Edil, minha esposa. Meus três filhos, na época um com 14 anos, outro com 10 e minha caçula, de apenas cinco, viveram seus últimos momentos ao lado da mãe amorosa e dedicada.
Reuni todas as forças e disciplina para cuidar da minha família, dar amparo, aprender e ensinar. Tivemos de suportar a dor e recomeçar. Enfrentando contratempos, provações. Mas também inúmeros momentos felizes. Nada é mais valioso do que uma família unida.
Aos meus filhos, meu agradecimento especial – pela compreensão nas constantes ausências que a política me impôs, pelo apoio incondicional e pelo amor sempre verdadeiro. Com emoção, digo, muito obrigado!
Gratidão não tem preço. À Sônia, que há mais de 23 anos nos acompanha, esteve presente durante o período difícil da doença da minha esposa e após a morte de Edil. Fez o papel de mãe, governanta, amiga. Meu eterno agradecimento.
Mas não poderia deixar de lembrar – neste momento especial da minha vida – dos meus pais, Vitório Traiano e Vitalina, que nunca foram políticos, mas que sempre acompanharam minha carreira com entusiasmo e alegria. Mais que isto: sempre foram entusiastas da política como forma de transformar a nossa sociedade.
Também desejo agradecer aos meus irmãos e irmãs: jamais esquecerei o apoio que recebi de vocês, mesmo exercendo uma carreira difícil e pouco compreendida. Vocês nunca falharam comigo e isso para mim não há o que pague. Obrigado do fundo do meu coração!
Mas se a vida nos reserva momentos tristes, também nos premia com momentos de felicidade. Por isso, quero fazer um agradecimento caloroso à minha nora, Ana Paula. Mãe exemplar, que me deu dois netos, Vinícius e Marcela – que hoje são a principal razão da minha alegria de viver. Eles são a esperança viva do futuro que buscamos. Um beijo a vocês, meus queridos netos! Não poderia deixar de mencionar também o noivo da minha filha Gabriela, Lucas, que já considero parte da nossa família.
Aos meus amigos da política, prefeitos, deputados, militantes, quero dizer que o exemplo de cada um foi uma inspiração para persistir na vida pública. Sem vocês, talvez tivesse desistido.
Mas acredito que mesmo na política, com toda a imagem negativa que carrega, existem homens e mulheres de grande generosidade. Gente que trabalha para construir um Paraná melhor. A generosidade se dá por amor, não por interesse.
Foi com toda essa gente que aprendi que a política é o caminho mais seguro – senão o único – para construir uma sociedade justa e solidária. Praticando a boa política, seremos sempre melhores.
Aos meus queridos amigos e colegas dessa nossa atividade deixo minhas palavras finais. Aprendi com vocês, nesses 24 anos de convivência, mais do que em toda a minha vida. Absorvi preciosas lições, profissionais e pessoais. Assumo a presidência desta casa com a certeza de que poderei contar com o apoio e a sabedoria de cada um na tarefa nunca concluída de melhorar sempre o que pode ser melhorado. E corrigir o que não está em sintonia com as exigências do nosso tempo. O que melhor define uma gestão não é o que lhe falta, mas o que ela tem de bom!
Defeitos, meus amigos, ofuscam as virtudes. Por isso, quanto mais formos virtuosos, menores serão as nossas imprecisões.
Deixo a dívida pelo apoio que nunca me faltou, que, a rigor, é impagável. Mas todos os paranaenses podem contar com meu empenho máximo, minha dedicação plena e meu senso de justiça para que todos possamos ter orgulho da nossa Assembleia Legislativa.
Muito obrigado. Que Deus nos abençoe.
Começou como vereador, em 1983
O beltronense Ademar Traiano foi vereador em Santo Antônio do Sudoeste de 1983 na 85. Naquele ano, elegeu-se prefeito, até 1988. Era do PMDB.
Em 1990, foi eleito deputado estadual pela primeira vez, pelo PRN. Logo no início do primeiro mandato na Assembleia foi escolhido para ocupar a 2ª Secretaria da Mesa Executiva da Casa, assumindo, também, a 1ª Secretaria, na mesma legislatura, com o afastamento do então deputado João Batista de Arruda, que se elegia prefeito de Francisco Beltrão.
De 1995 a 1998 Traiano ficou na suplência. Neste período ele foi membro de diversas comissões permanentes da Casa, chegando a presidir a Comissão de Defesa do Consumidor. Foi novamente eleito em 1998, pelo PTB, para o período de 1999 a 2002. Em 2001 mudou para o PSDB. Pela quarta vez, em 2002, Traiano foi reeleito deputado estadual. Na gestão 2003/2006, além de ocupar a liderança do partido, integrou as comissões de Constituição e Justiça, de Finanças, Orçamento, Segurança Pública, Turismo, Assuntos do Mercosul e a Comissão de Redação.
Reeleito para o quinto mandato na Assembleia, entre 2007 e 2010, integrou a Comissão de Orçamento, de Tomada de Contas, de Educação, da Cultura, de Esportes, de Ciência e Tecnologia e da Comissão de Fiscalização da Assembléia Legislativa e Assuntos Municipais. Além disso, participou da Comissão de Constituição e Justiça e foi presidente do Conselho de Ética do PSDB. Em 2011, reeleito para o seu sexto mandato, foi escolhido pelo governador Beto Richa (PSDB) como líder do Governo na Assembleia Legislativa. Participou ativamente da equipe de transição entre os governos passado e atual. Eleito em 2014 para o sétimo mandato no Legislativo estadual, o novo presidente da Assembleia obteve 69.740 votos nas últimas eleições, o mais votado do PSDB.
Na eleição de 1º de fevereiro de 2015, como candidato único, recebeu 51 votos, com apenas duas abstenções.Natural de Francisco Beltrão (3/1/53), filho de Vitório e Vitalina Traiano, viúvo de Edil Cantelmo Traiano, tem três filhos: Vinícius, Ademar Júnior e Gabriela.
