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Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Fusão de municípios pode afetar dez cidades da região e ter impacto de R$ 73 milhões por ano

Valor é referente às perdas de FPM caso os municípios menores sejam incorporados pelos maiores.

Mauro Cenci, presidente da Amsop, defende que novo pacto tem pontos positivos, mas proposta de fusão de cidades é vista com restrição pela entidade.

A proposta de alteração no pacto federativo, entregue pelo Governo Federal ao Senado, prevê que municípios com menos de cinco mil habitantes e receitas próprias inferiores a 10% do orçamento sejam extintos, incorporados por cidades maiores. Na região Sudoeste, dez municípios podem ser afetados pela medida – que passaria a valer em 2026 – mas a proposta é vista com restrição pela Amsop (Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná).

Um dos principais argumentos é a queda de arrecadação, se for considerado o atual modelo. Somente de FPM (Fundo de Participação dos Municípios), o Sudoeste perderia cerca de R$ 73,5 milhões por ano, segundo levantamento da Amsop. Isso porque hoje todos os municípios recebem um valor do Governo Federal com base na população. Em 2018, esse montante foi de R$ 7,5 milhões para cidades com até dez mil habitantes.

Se as pequenas cidades do Sudoeste se fundirem ou forem reincorporadas, esse valor deixará de ser recebido pelos municípios e não haverá compensação nos maiores, porque a população será insuficiente para elevar o índice. Por exemplo: Pinhal de São Bento recebe 7,5 milhões/ano de FPM e Santo Antônio do Sudoeste recebe R$ 15,1 milhões. Se os dois se fundirem, o total de recursos recebidos do fundo será de R$ 15,1 milhões para o novo município, que terá maior área, estrutura e população.

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Outro caso envolve Salgado Filho, Flor da Serra e Manfrinópolis. Sozinho, cada um recebe R$ 7,5 milhões por ano, mas juntos receberiam R$ 10 milhões/ano. Dois Vizinhos, caso incorporasse de volta Boa Esperança do Iguaçu e Cruzeiro do Iguaçu, receberia os mesmos valores de FPM de hoje, pois não haveria alteração no índice: R$ 22,6 milhões. O único caso em que haveria acréscimo é o de Barracão, que receberia R$ 2 milhões a mais caso incorporasse de volta Bom Jesus do Sul.

Prós e contras
A Amsop ainda estuda o impacto que a proposta terá em outros repasses governamentais, como o ICMS, que vem do Estado. No entanto, a entidade considera positivo alguns pontos do novo pacto, principalmente por descentralizar recursos e dar mais autonomia aos gestores locais na definição dos investimentos. “Ainda vamos fazer uma análise geral em conjunto com a região, mas somos contra a questão da extinção dos municípios por deixar uma série de lacunas que ainda não estão bem definidas e por retirar serviços que hoje atendem a população de forma exemplar”, sintetiza o prefeito de Saudade do Iguaçu e presidente da Amsop, Mauro Cenci, citando os bons indicadores em Saúde, Educação e Segurança nas cidades pequenas.

Entre os apontamentos de Mauro estão a realocação de servidores já contratados pelas prefeituras que serão extintas, além do remanejamento de recursos, serviços, equipamentos e prédios. Ele defende ainda que a caracterização de receitas próprias pode ser revista, já que recursos como o ICMS e FPM são calculados com base no Imposto de Renda, IPI, produção agrícola e a movimentação econômica dos próprios municípios. “É um dinheiro que a população local paga ao Estado e União e que volta às prefeituras como transferência”, explica.

Na mira
Além dos municípios listados abaixo, outras cidades como Eneas Marques, Honório Serpa, Nova Esperança do Sudoeste, Pranchita e Saudade do Iguaçu podem ser incluídas na medida nos próximos anos, dependendo das estimativas do IBGE, pois têm população entre 5 e 6 mil habitantes.

 

Municípios do Sudoeste com menos de cinco mil habitantes
Bela Vista da Caroba – 3.511
Boa Esperança do Iguaçu – 2.503
Bom Jesus do Sul – 3.541
Bom Sucesso do Sul – 3.264
Cruzeiro do Iguaçu – 4.252
Flor da Serra do Sul – 4.624
Manfrinópolis – 2.571
Pinhal de São Bento – 2.731
Salgado Filho – 3.580
Sulina – 2.981

 

 

Principais pontos da PEC do Pacto Federativo

Cria o Conselho Fiscal da República que se reunirá a cada três meses para avaliar a situação fiscal da União, estados e municípios. O conselho será formado pelos presidentes da República, Câmara, Senado, Supremo Tribunal Federal (STF), Tribunal de Contas da União (TCU), governadores e prefeitos;
Extinção do Plano Plurianual (PPA);
Leis e decisões judiciais que criam despesas só terão eficácia quando houver previsão no orçamento;
Benefícios tributários serão reavaliados a cada 4 anos. No âmbito federal eles não poderão ultrapassar 2% do PIB a partir de 2026;
A partir de 2026, a União só será fiadora (concederá garantias) a empréstimos de estados e municípios com organismos internacionais, e não mais com bancos;
Transferência de royalties e participações especiais a todos estados e municípios;
União fica proibida de socorrer com crédito entes com dificuldades fiscal-financeiras a partir de 2026;
Estados e municípios passarão a receber toda a arrecadação de salário-educação e a definir o uso dos recursos;
Permite que o gestor administre conjuntamente os gastos mínimos em educação e saúde, podendo compensar um gasto de uma área na outra.
Cria o Estado de Emergência Fiscal que vai desindexar despesas obrigatórias e cria mecanismos automáticos de redução de gastos.
Município com menos de 5 mil habitantes e arrecadação própria menor que 10% da receita total será incorporado pelo município vizinho
Fonte: G1

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