“O povo vai começar pedir a vocês [prefeitos] para voltar a trabalhar. O trabalhador precisa comer, ele precisa de trabalho. Terá problemas, mas as pessoas serão curadas e a pandemia irá passar. Eu não tenho medo de colocar minha cara a tapa.”
Foi reproduzida ontem, pelo whatsApp, uma mensagem forte do deputado Marcel Micheletto (PL), ex-prefeito de Assis Chateaubriand e ex-presidente da AMP. Ele defende a retomada do trabalho nos municípios e teme uma crise econômica grave; o conteúdo foi dentor de um grupo de prefeitos da Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná). Confira a edição do pronunciamento: “Agora é o momento de fazermos reflexões coletivas, a histeria não os levará a lugar nenhum. O povo vai começar pedir a vocês para voltar a trabalhar. O trabalhador precisa comer, ele precisa de trabalho. Vocês precisam parar de achar que o mundo irá acabar. Terá problemas, mas as pessoas serão curadas e a pandemia irá passar. Pelo amor de Deus, eu acho que sou mais municipalista do que todos vocês. Nós estamos numa guerra, todos juntos. Mas o processo econômico é grandioso, o Brasil não é o Estados Unidos, não tem 2 trilhões de dólares para colocar e reaquecer a economia. Vocês não vão ter dinheiro para pagar os servidores de vocês, se a economia não rodar. Pelo amor de Deus, vamos analisar com mais coerência e mais responsabilidade. Sentem entre vocês, prefeitos, eu já falei para vocês, a Amop tem que ser esse QG. Se o presidente da República está falando isso, e outros presidentes começarão a fazer isso também, é porque a economia do planeta vai quebrar. O povo não aguenta ficar todo esse tempo dentro de casa, a sua empresa quebrando, não podendo pagar o trabalhador, e o trabalhador na frente da casa do empresário dizendo que está precisando de dinheiro para comprar comida para sua família. Vocês não terão dinheiro nem para pagar a folha daqui alguns dias, e muito menos dar saúde pública para as pessoas. É isso que eu quero dizer. Nós temos que ter calma. Pelo amor de Deus, não vai morrer tudo mundo como vocês estão achando. Vocês precisam, agora, como líderes, solucionar problemas. Ter discernimento, ter calma, sentar com os empresários da cidade, ver o que pode começar a rodar, isolar as pessoas de mais idade. Tem ainda tempo para voltar às aulas, com calma. O governo do estado também colocará suas providências, e o governo federal também colocará. Eu só estou tentando passar de uma forma mais racional. Quando nós vamos para a guerra, uma parte da tropa irá cair, mas nós não podemos perder a guerra. E desse jeito, se voltarmos para trás e com medo de fazer o enfrentamento, nós vamos perder a guerra. Será o povo na frente da prefeitura, prefeitura sem dinheiro e o povo pedindo comida. Invadindo supermercados. Porque um homem sério, que não tem emprego e vê seu filho pedindo comida, ele vai se desesperar e irá atrás. Ele vai bater na porta dos prefeitos. Então, me desculpem, mas eu fico preocupado com a histeria que está acontecendo aí. Eu não tenho medo de colocar minha cara a tapa”.
Amop divulgou um comunicado
No início da semana, a Amop publicou um comunicado, informando que os prefeitos da região deliberaram sobre uma série de medidas, “especialmente a uniformização de decretos municipais que tentam barrar a chegada ou avanço do covid 19”. A preocupação é “quanto à falta de recursos financeiros, técnico-operacionais e também de estruturas físicas que garantam o atendimento da demanda de pessoas que, eventualmente, forem contaminadas, especialmente aqueles que fazem parte da faixa de risco”. “As consequências são preocupantes. Mas todos estão fazendo a sua parte e contribuindo para a diminuição da mobilidade de pessoas. É um desafio histórico para todos os agentes políticos, empresários, trabalhadores e sociedade civil. A prioridade da vida e da saúde precisa ser integrada à sustentabilidade social e econômica”, destacou o prefeito de Jesuítas e presidente da entidade, Júnior Weiller (MDB).
Uniformidade
“A Assessoria Jurídica da Amop vai uniformizar uma base de decretos e disponibilizá-los às 54 prefeituras associadas, levando em consideração diretrizes do governo do Estado e da União. Paralelo a isso, a entidade alinhará medidas com os setores de saúde municipais, vigilâncias epidemiológicas e sanitárias, para troca de informações, prevenção e controle. A Amop buscará ainda apoio junto a empresários e da Itaipu Binacional, bem como outras instituições, para dar suporte nos investimentos prioritários voltados a enfrentar a crise”, destaca o comunicado.
AMP
Hoje a AMP (Associação dos Municípios do Paraná) deverá emitir uma nota sobre a situação do atual dos comércios nos municípios. Ou seja: caso haja de fato a orientação de uma reabertura gradual de setores da economia, isto será feito com todos os municípios ao mesmo tempo. Caso isso não aconteça hoje, uma nova avaliação deverá ser feita no começo de abril.
