A causa das falhas no aplicativo não foi identificada ainda — uma das questões é o fluxo de acessos maior do que a ferramenta comporta. A hipótese de um ataque hacker não está descartada.

O PSDB decidiu que concluirá a votação das prévias presidenciais entre os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) até domingo, 28, e afirmou que, se o aplicativo contratado não oferecer garantias de viabilidade, pode adotar tecnologia privada para finalizar o processo.
Em uma reunião na sede do partido em Brasília, as campanhas entraram em acordo sobre isso.
Em nota, o partido afirmou que aguarda manifestação da Faurgs (Fundação de Apoio à Universidade Federal do Rio Grande do Sul), empresa contratada para desenvolver o app.
“Se, até esta terça, 23, ela não oferecer garantias concretas de viabilidade e robustez da solução contratada, o PSDB adotará tecnologia privada para concluir o processo de prévias.”
Uma vez escolhido o App, a ideia seria fatiar a votação em mais de um dia — separando a votação de políticos com mandato e, em seguida, de filiados. A retomada da votação poderia ocorrer em até 48 horas.
A causa das falhas no aplicativo não foi identificada ainda — uma das questões é o fluxo de acessos maior do que a ferramenta comporta. A hipótese de um ataque hacker não está descartada.
Neste cenário, as campanhas pressionam por ritmos diferentes. Enquanto Doria e Arthur Virgílio propõem retomar a votação no próximo domingo, a campanha de Leite quer a retomada mais imediata — hoje, 23, ainda que à noite, ou amanhã, 24. Mas tudo depende da decisão técnica a respeito de qual aplicativo usar.
A avaliação de aliados de Leite é a de que o tempo conta contra o gaúcho, já que a capacidade de mobilização do PSDB de São Paulo é maior. Ou seja, Doria poderia virar mais votos até domingo.
Fiasco
Diante do fiasco da votação no domingo, com aplicativo travado desde 8h30 da manhã até o fim do dia, parte dos tucanos ainda vê com ceticismo a hipótese de manter a votação pelo App original. O saldo de domingo para o PSDB foi de vexame e mais tensão entre Doria e Leite, que trocaram acusações. Líderes de partidos da chamada terceira via veem o PSDB em frangalhos – uma união da sigla em torno do vencedor das prévias parece cada vez mais distante.
“Nos últimos meses, de forma exaustiva, toda equipe que faz o PSDB preparou com muito carinho e enorme dedicação uma festa para no último domingo escolhermos o primeiro candidato à Presidência com a participação de todos os filiados. É antes de tudo uma aposta na democracia. Eu mesmo, como voluntário do partido, tenho me dedicado integralmente ao projeto”, diz a nota de Bruno Araújo, presidente do partido.
“Lamentamos muito que um problema técnico no aplicativo desenvolvido para as prévias nos obrigou a não concluir uma comemoração que começou bonita pela manhã”, afirma o presidente do PSDB. A ideia de utilizar urnas eletrônicas, defendida por Doria, voltou a ser aventada após o problema com o App, mas é vetada por Leite.
Mais de 40 mil inscritos
Ao todo, 44,7 mil tucanos (cerca de 3% do 1,3 milhão de filiados) se inscreveram para a votação indireta, em que cada grupo representa 25% da pontuação: filiados; prefeitos e vices; vereadores e deputados estaduais; deputados federais, senadores, governadores e vices, ex-presidentes do PSDB e o atual. São Paulo, pela concentração de mandatários e filiados cadastrados, larga com 35% de peso nas prévias. Além do Rio Grande do Sul, Leite tem o apoio de estados chave no tucanato, como Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. No domingo, o PSDB fez uma votação híbrida.