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Francisco Beltrão
sábado, 14 de junho de 2025

Edição 8.226

14/06/2025

PLANEJAMENTO SOBRE O FUTURO

Beto Richa diz que o PSDB conversa com PSD, MDB e Podemos

Em entrevista exclusiva para o Jornal de Beltrão, o deputado e ex-governador afirma que questão de fusão ou federação com outras legendas ainda está sendo discutida.


Beto Richa: “O que nos tranquiliza, de certo modo, é saber que muitos partidos demonstraram interesse em estar caminhando junto com o PSDB nas próximas eleições. Com o tempo, lógico que essas conversas vão evoluir bastante. Não sabemos se seria fusão, se seria uma federação com outros partidos, como a que temos hoje com o Cidadania”. Foto: Arquivo JdeB.

JdeB – Beto Richa, 59 anos, já foi deputado estadual, vice-prefeito e prefeito de Curitiba, governador do Paraná e agora é deputado federal. É uma das lideranças nacionais do PSDB e está participando das conversas sobre o futuro da legenda. Nessa entrevista exclusiva, ele conta como está o panorama atual e cita PSD, MDB e Podemos como legendas que estão trocando ideias  com os tucanos. “Nós estamos analisando as melhores possibilidades daqueles partidos que mais se afinam conosco, principalmente no campo ideológico, para ver que rumo o PSDB pode tomar”, destacou.

Confira a conversa feita pelo WhatsApp.

O PSDB nasceu em 1988. Como avalia a trajetória da legenda?

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Beto Richa – Eu posso dizer que acompanhei de dentro de casa o nascimento do partido, porque meu pai, José Richa, foi um de seus fundadores. Então, estou ligado ao partido desde o nascimento. Disputei a primeira eleição pelo PSDB em 1992, para vereador em Curitiba, mas não tive a felicidade de ser eleito. Depois, me elegi deputado estadual em 1994 e, por um breve período, entre 1998 e 2001, estive do PTB. Voltei ao PSDB e a partir daí construí a maior parte da minha história política. Fui prefeito de Curitiba por duas vezes e governador do Paraná, também por dois mandatos. E agora, deputado federal.

O PSDB é um partido de grandes serviços prestados ao País, como a criação do Plano Real, o fim da hiperinflação, a estabilização da economia, a criação dos remédios genéricos e a defesa intransigente da democracia. Então, é um partido presente na memória dos brasileiros, com uma trajetória que marcou a história do País. Nesses anos todos, o Brasil mudou, com
novas demandas sociais, novos debates, e o partido deve acompanhar essa nova realidade.

O atual momento é o pior dessa história de 37 anos? O noticiário nacional dá conta  que o PSDB pode desaparecer, se fundindo com outro partido, etc. Ou essa eventual fusão pode se transformar em federação? Ou o PSDB pode reagir mantendo a sigla viva?

Olha, o PSDB tem avaliado uma série de possibilidades. Temos conversas abertas com diversos partidos. Eu próprio participei de algumas reuniões com presidentes e lideranças de importantes partidos políticos que demonstraram interesse em caminhar nas próximas eleições já ao lado do PSDB, pelo que o PSDB representa, pelo histórico de realizações que o PSDB tem no País, pelas lideranças que temos.

Reconheço que o partido diminuiu de tamanho, mas tem lideranças expressivas espalhadas pelo Brasil. Temos três governadores de Estados importantes [Eduardo Leite, RS; Raquel Lyra, PE; e Eduardo Riedel, MS], temos uma bancada pequena, mas muito representativa, na Câmara dos Deputados.

Temos também quase 300 prefeitos pelo país e o histórico de boas administrações. Então, isso facilita o entendimento com diversos partidos.

Existem, de forma pública e transparente, conversas com o PSD, do Gilberto Kassab, uma grande liderança nacional, ao lado do governador Ratinho Júnior. Também participei de conversas com o presidente do MDB, Baleia Rossi, com a Renata Abreu, presidente do Podemos, e outros partidos e lideranças. Então, nós estamos analisando as melhores possibilidades daqueles partidos que mais se afinam conosco, principalmente no campo ideológico, para ver que rumo o PSDB pode tomar. Mas o que nos tranquiliza, de certo modo, é saber que muitos partidos demonstraram interesse em estar caminhando junto com o PSDB nas próximas eleições.

Com o tempo, lógico que essas conversas vão evoluir bastante. Não sabemos se seria fusão, se seria uma federação com outros partidos, como a que temos hoje com o Cidadania, mas com respeito às questões éticas, questões morais, ideológicas. Então, ainda estamos aguardando a evolução de todas essas conversas.

Em que momento o PSDB começou a declinar? Foi no desempenho ruim de Geraldo Alckmin em 2018 (menos de 5% dos votos)?

Acredito que a polarização que divide o País, em que as pessoas se posicionam de um lado ou de outro, inflexíveis, vem extinguindo o diálogo, o contraditório e, claro, retira espaço de um partido marcado pelo debate amplo, pela discussão de propostas, de reflexão e equilíbrio como o PSDB. Isso se manifestou, por exemplo, na eleição presidencial de 2018, marcada por essa divisão, cada vez maior desde então. Isso não é bom, claro, para um
partido como o PSDB, mas quem perde mais com essa polarização é o País.

A mesma pergunta anterior, mas agora olhando o Paraná: na década passada o PSDB foi o grande protagonista da política estadual. E agora só tem um deputado federal e dois estaduais. Em que momento foi o declínio estadual?

Também temos nove prefeitos, 15 vice-prefeitos e 130 vereadores em 75 municípios do Paraná. E o senador Oriovisto Guimarães acaba de retornar ao partido.

Sim, é claro que nossa representação não é a mesma de quando, por exemplo, eu estava no Governo do Estado. É natural que prefeitos e deputados se aproximem do governo do momento, pensando em atender seus municípios e suas bases. Mas o PSDB tem uma grande trajetória e essa trajetória está inscrita na história do Paraná e os paranaenses a reconhecem.

Vejo três blocos fortes na sucessão estadual: Um, do governador Ratinho Júnior; outro, do senador Sergio Moro; e outro, o bolsonarismo. Pergunta: o senhor, com o peso político de um ex-governador bem avaliado na gestão 2011-18, tenderia a se juntar a quem em 2026?

Essa não é uma discussão que está posta agora. As eleições vão acontecer daqui a quase dois anos e eu seguirei o que o partido decidir, no momento adequado. Mas estamos abertos ao diálogo, como sempre estive.

Política não é a imposição de vontade pessoal, mas a construção de alianças que podem representar a vontade de amplos setores da sociedade civil.

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