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Francisco Beltrão
sábado, 14 de junho de 2025

Edição 8.226

14/06/2025

Não adianta jejuar na Quaresma e cair na valeta no Sábado de Aleluia

Quaresma

Todo fevereiro o drama se repete, mais precisamente na Quarta-feira de Cinzas. Um monte de gente se entristece e desconsola pelo fim do feriadão e um outro tanto se atormenta com o início da penitência de 40 dias. Um contraste entre a ressaca carnavalesca e o martírio da Quaresma.  
É um período turbulento e perigoso até de se andar na rua, não por causa da possibilidade do Tinhoso aparecer num baile do Challé travestido em homem galante, mas dado o alto nível de estresse provocado pela abstinência de qualquer coisa que as pessoas se dão como uma pena moral. São 40 dias sem álcool, sem Facebook, sem carne vermelha, sem blasfemar, sem chocolate, sem sexo, sem refrigerante, sem falar mal da vida alheia – essa promessa nunca vi – ou sem todas as opções anteriores juntas. 
Cito como exemplo um amigo que já bebeu um Iguaçu na vida em cachaça – desde Empacadinha até as envelhecidas em carvalho -, mas entre o fim do Carnaval e o Sábado de Aleluia se reserva, no máximo, a uma Brahma 0. A Quaresma é esse incentivo que as pessoas precisam para se livrar de vícios bons e ruins. Uma pena! 
A penitência ainda é um desses mistérios do consciente humano que vai levar mais tempo para ser compreendido que o bóson de Higgs. E aí, será que 40 dias jejuando e se privando das coisas anulam os excessos dos outros 325? Ou será que a Quaresma serve apenas de pretexto para uma porrada de gente que precisa de uma motivação exterior a si próprio para encontrar sentido nas coisas e limpar a consciência? 
Nem uma, nem outra! Na verdade, esses 40 dias não têm nada a ver com a compreensão da alma humana e reflexão das ações cristãs; é apenas um período resultado do lobby da Federação Episcopal dos Piscicultores do Alto Cotegipe pra vender mais peixe neste época do ano.

 

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