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Francisco Beltrão
sexta-feira, 13 de junho de 2025

Edição 8.225

13/06/2025

Síndrome do marido traído

marido traído

Nem os cânceres, a hipertensão ou a diabete – menos ainda a impotência sexual. O brasileiro tem de ser devidamente tratado mais por suas patologias sociais que as do corpo, propriamente ditas, com política do SUS e tudo. A nova endemia a atingir os trópicos é a síndrome do marido traído, mais prejudicial à saúde que fumar duas carteiras por dia.
Nestes tempos tão conturbados, muita gente parece aquele amigo iludido num casamento feliz, mas que tem que se cuidar pra não enroscar as guampas na porta. Ninguém arrisca fazer uma delação premiada para revelar o delito da infidelidade porque isso supõe autocrítica, tomada de decisão e ter que separar e dividir os bens. E tudo isso é um saco.
O fato de não saber das relações extraconjugais da mulher não torna o amiguinho menos corno, nem a gente menos conivente com a corrupção que vem de cima e dos lados. Sete em cada 10 brasileiros já cometeram ilícitos de seu famoso jeitinho, segundo o Data Popular, e a maioria tiraria vantagens pessoais das coisas públicas, segundo constatação em rodas de bodega e chimarrão.
Nossas relações na vida púbica e privada são construídas assim: com pouca confiança e muito cinismo.
Talvez a síndrome esteja relacionada ao clima tropical, ou a essa nossa mania de se isentar das responsabilidades em vez de lidar com os resquícios de realidade. É ruim ter de se acusar e contar que também já traiu. Foi com a estagiária. Puta merda, que cagada!
A crença de que traição e corrupção não existem não deve superar o estrago que elas causam quando escancaradas. O contrato social rousseano e o registro de casamento têm mais semelhanças que a gente imagina e expõem uma verdade absoluta: não dá pra levar chifres a vida toda.

 

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