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Francisco Beltrão
quarta-feira, 04 de junho de 2025

Edição 8.218

04/06/2025

2.500 pessoas trabalham na construção da usina hidrelétrica

Empreendimento energético deve ficar pronto até 2019 e gerar energia suficiente para um milhão de pessoas.

 

Cerca de 2.500 pessoas estão trabalhando na construção da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu.
Deve ficar pronta em 2019 e gerar energia para um milhão de pessoas. 
Foto:  Rubens Anater/JdeB

Em um ponto em que o grande Rio Iguaçu cruza o Sudoeste do Paraná, entre Capanema e Capitão Leônidas Marques, ergue-se uma obra monumental. É a Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, a última usina que deve ser construída neste rio que corta o Paraná de Leste a Oeste. Apesar de ser considerada de porte médio, ela se destaca como um empreendimento colossal para a realidade da região.

Para esclarecer o tamanho da obra, o Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu (Cebi), responsável pela usina, informa que a construção tem 434,46 hectares de dimensão – 592,82 ha se considerada a área do rio que fará parte da usina. Só a barragem terá 30 metros de altura e 600m de comprimento. 
Além disso, as escavações retiram 3 milhões de metros cúbicos de terra e pedra para a construção, o equivalente a 300 mil cargas de caminhão. De concreto, a obra deve usar 410 mil metros cúbicos, o suficiente para construir cinco estádios do Maracanã, enquanto de aço serão usadas 21 mil toneladas, o que daria para construir três torres Eiffel.
E para todo esse trabalho, o empreendimento contratou 2.500 funcionários – com previsão de chegar a 3 mil contratados em breve. E este é o fator que o Cebi apresenta como maior benefício da usina nesse momento da construção: a geração de empregos.
Para fazer valer esse benefício, o consórcio afirma que deu preferência à contratação de trabalhadores da região – com exceção das contratações para funções específicas, que exigem experiência. Assim, dos contratados atualmente, 26% são de Capanema, 24% de Capitão, 19% de outras cidades do Paraná e 31% de outras regiões do país.

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O canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, em Capanema.
Foto:  Assessoria

 

Trabalho na usina é oportunidade
O Jornal de Beltrão entrevistou um desses contratados capanemenses: Loivo João Mieczikovski, um agricultor, produtor de leite, que possui uma fazenda a menos de dois quilômetros do canteiro de obras, mas que viu no trabalho na usina uma oportunidade de melhorar a vida. “No sítio, eu tenho que investir dinheiro para tirar alguma coisa. Se eu contar o valor do meu serviço, tô sempre no vermelho. Além disso, a gente depende muito do tempo. Se choveu você tá bem, se não choveu, você tá na pior. E aqui não, eu invisto só minha mão de obra e tiro um dinheiro limpo”, afirma ele.
Atualmente, Loivo trabalha como motorista na obra e está ali desde novembro de 2015 (mês em que a construção foi retomada depois de uma paralisação de um ano e meio, por restrições ambientais). Ele está consciente de que esse emprego não deve durar para sempre, por isso, tem sua esposa e seu filho ainda tocando o sítio, de onde ele pretende voltar a tirar seu sustento quando a construção terminar.
Loivo ainda comenta que o acolhimento que a empresa dá aos funcionários é muito bom. “A empresa é humana. Aqui eu me sinto bem, tô à vontade”. Esse acolhimento abrange alimentação para todos os funcionários, espaços de lazer para serem usados nos intervalos – desde campos de futebol até mesa de pebolim -, atendimento de saúde com ambulatório, ambulâncias, campanhas e programas, e alojamento para os trabalhadores que precisam.
Roniclei Lima, outro colaborador da usina, concorda com Loivo, e comenta que a estrutura que o empreendimento dá para seus colaboradores é bastante completa, mas que não é só isso. “Tem também o tratamento das pessoas com você. A atenção que a empresa dá aqui pra gente é diferenciada.”
Diferente de Loivo, Roniclei não é paranaense, faz parte dos 31% de colaboradores que vieram de outras regiões do País. No caso dele, a origem é Porto Velho (RO) – e ele viajou os quase 3 mil quilômetros de lá até Capanema só para trabalhar nesse empreendimento.
Segundo ele, a iniciativa de vir de tão longe partiu de convite da própria empresa, que o chamou pela experiência de 25 anos na área de solda – dentre esses anos, os 12 últimos ele trabalhou com solda na construção de barragens. 
E quando perguntado sobre a adaptação a uma região completamente diferente, Roniclei garante que não podia estar sendo melhor. Nos primeiros dias, ele ficou no alojamento do canteiro de obras, mas já alugou uma casa em Planalto para trazer a família de Rondônia. “A receptividade é muito boa! O pessoal é hospitaleiro, acolhedor, e a cidade é tranquila. De todos os cantos que eu já passei, acho que o local que eu mais gostei foi aqui, então eu pretendo ficar aqui enquanto a obra me oferecer espaço pra ficar”, afirma.

Um dos locais para a casa das máquinas da futura usina.
Foto:  Rubens Anater/JdeB

 

Benefícios do empreendimento
Além da geração de empregos, o Cebi afirma que a construção da usina gera outros benefícios para os municípios das proximidades. Começando pela movimentação da economia. Com tantos empregos gerados e tanta gente de fora vindo trabalhar na região, o movimento do comércio aumenta e a economia tem um giro maior.
O Consórcio também investe nos municípios, com medidas e programas para compensar sua presença no local. Existem 32 programas socioambientais do Consórcio para mitigar os prejuízos causados pela obra, além de outros projetos nos municípios, como a construção de uma pista de skate, doação de um micro-ônibus para área de saúde, reforma de uma creche e doação de câmeras de segurança em Capanema, de uma ambulância com UTI e reforma de uma escola pública (em andamento) em Capitão Leônidas Marques.
E para completar, quando a hidrelétrica estiver pronta (previsão é para meados de 2018) ela deve gerar 350 MW, o suficiente para abastecer cerca de um milhão de pessoas. Por esta geração de energia, os municípios diretamente atingidos receberão um pagamento referente à utilização da água e das terras – os chamados royalties, que são uma promessa para turbinar a economia regional. Capanema também receberá valores mensais referentes ao ICMS.

Os colaboradores da usina Roniclei Lima e Loivo Mieczikovski.
Foto:  Rubens Anater/JdeB

 

 

O Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu

A implantação da Usina Hidrelétrica em Capanema é de responsabilidade do Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu (Cebi), um grupo formado pela Copel, que tem 30% de participação no empreendimento, e pela empresa Neoenergia, um grupo privado do setor elétrico no Brasil, que detém os outros 70%.
A Neoenergia está presente em 12 Estados brasileiros. O grupo atua em geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia. A empresa funciona em regime de acionistas, que são a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), com 49,01% das ações da empresa, uma empresa estrangeira – a espanhola Iberdrola – com 39%, e o Banco do Brasil, com 11,99%.

 

 

Números da obra

Para dar conta de todo o trabalho em uma obra deste porte, o empreendimento conta atualmente com 2.500 funcionários, com previsão de aumentar para 3 mil. Esses 2.500 tem atendimento de saúde, área de lazer e alimentação – mas quanto de alimentação é necessário para tanta gente?
O Consórcio afirma que no café da manhã, lanche da tarde e da madrugada são consumidos, diariamente, 149 quilos de alimentos e 2.600 unidades de pão francês. No almoço e na janta são 2.210 quilos entre arroz, feijão, proteínas, verduras, entre outros. O restaurante funciona 24 horas por dia e sete dias por semana. São servidos, aproximadamente, cinco mil refeições por dia, em uma estrutura que pode atender até 12 mil refeições.
Mas a mão de obra humana de 2.500 pessoas – mesmo que bem alimentadas – também não é suficiente para o trabalho. A obra ainda conta com 150 equipamentos, entre veículos e máquinas. O que gera um consumo de diesel de aproximadamente 10 mil litros por dia, ou 220 mil litros por mês.

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