Parece moleza, mas quase 300 voluntários se dedicaram por mais de 15 dias em todas as etapas de uma das festas mais organizadas do Sudoeste.

Fotos: Alex Trombetta/JdeB
Lá pelas 2 horas da madrugada de domingo, 1° de maio, a maioria dos participantes da 13ª Festa do Leitão Maturado, de Itapejara D’Oeste, ainda aproveitavam o conforto e o calor de suas camas enquanto os voluntários da organização do evento já se reuniam para dar sequência aos preparativos, iniciados ainda na manhã de sábado. As chamas dos fogões na cozinha do pavilhão da Paróquia Senhor Bom Jesus da Redenção trabalhavam no cozimento de intermináveis caldeirões de mandioca e ajudavam a amenizar um pouco o frio.
As voluntárias da Associação de Senhoras de Rotarianos (ASR), esposas de suinocultores e pessoas da comunidade chegavam às dezenas. Desta vez, a festa ganhou também o reforço dos alunos do curso de Gastronomia da Faculdade de Pato Branco (Fadep), que botaram a mão na massa voluntariamente em troca da experiência. Com os 20 estudantes da Gastronomia, a cozinha contou ao todo com mais de 60 voluntários na correria da madrugada para preparação dos kits que acompanharam os 260 leitões preparados.
A professora Flávia Gnoatto é itapejarense e coordena os cursos de Gastronomia e Nutrição da Fadep. Ela é nutricionista e mestre em Engenharia de Alimentos e articulou a participação dos alunos na organização do evento. “Sou daqui e sempre participo da festa. Desta vez, entramos em contato com a associação e eles gostaram da ideia de participarmos e auxiliarmos nos trabalhos. Envolvemos os alunos do 1°, 3° e 5° períodos e foi uma experiência única, um evento para mais de 6 mil pessoas. A participação em eventos assim faz a diferença na formação”, destacou.
Com uma organização impecável, sob o atento olhar da vice-prefeita Marli Dariva, uma das coordenadoras da festa, cozinheiras e cozinheiros não davam trégua na preparação de cada um dos itens que compõe o generoso kit. Mandioca com bacon, seis tipos de saladas, pães, cucas, farofa, frutas e até os tradicionais docinhos em formato de porquinhos eram sistematicamente posicionados dentro das caixas. “Temos a responsabilidade de mostrar o prato e somos conhecidos pela organização. Nosso lema é primeiro a qualidade e depois a apresentação do produto, prezamos por isso, sou bem exigente, pego no pé, se for pra fazer mal feito, então não faça”, garante Marli.
Os assadores entram em ação
Às 5 horas da manhã, o frio incomodava bastante e foi o café com leite quentinho servido aos trabalhadores que ajudou a combater o gelo. Foi neste horário que as equipes de assadores começaram a dar as caras para acender as churrasqueiras e colocar os leitões nas grelhas. Como numa verdadeira linha de produção, com agilidade e destreza, os voluntários iam desembalando os leitões – que tinham em média 20 quilos cada e passaram os últimos 15 dias temperados com sal, ervas e vinho brando e congelados – e ajeitando um a um nas grelhas, que seguiam diretamente para o fogo.
O suinocultor e presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), Jacir Dariva, coordena o preparo dos suínos desde a primeira edição. Ele estava animado com a significativa participação dos voluntários e a excelente aceitação da festa. “Há pelo menos 15 dias já não tínhamos mais leitões disponíveis para a venda. Temos essa facilidade para vender, mas sempre a preocupação em atender bem todo mundo. Desta vez, eu estava contando com 30, 35 assadores, e até o amanhecer já tínhamos mais de 60 trabalhando nas churrasqueiras. As pessoas têm vontade de ajudar, todo mundo quer ajudar”, comenta.
O relógio marcava 9 horas da manhã quando a equipe iniciou a segunda etapa da preparação dos leitões: virar e regar cada um com uma mistura de molho pomarola e azeite de oliva. Depois deste processo, eles retornavam ao fogo – com o couro para baixo – até o momento de finalmente ser preparado para servir. A última etapa iniciou por volta das 11h30, quando os leitões já prontos eram colocados nas caixas e decorados com alface, rodelas de limão e abacaxi e, por fim, um ramo de ervas para aromatizar.
Os kits de acompanhamentos e os leitões foram carregados nos 16 caminhões, enquanto no Centro de Eventos as equipes que iriam servir as mesas já estavam apostas.
Mais um recorde
As famílias, casais e amigos já chegavam ao Centro de Eventos por volta das 10h, mas o lugar lotou mesmo foi depois das 11h. Enquanto uns optavam pelo chimarrão para tapear o frio, outros não abriam mão do chope – servido pela Schaf Bier, de Beltrão. O prefeito Eleandro Pichetti também chegou cedo e aproveitou para cumprimentar a comunidade e os visitantes. “A festa é tradicional, as pessoas gostam de participar, procuramos oferecer uma estrutura diferenciada para quem participa. O empenho da administração e comprometimento do Rotary e da Associação de Suinocultores é o que faz o sucesso, é o conjunto de ações, de pessoas que se colocam à disposição e fazem a diferença”, disse.
Quando finalmente o último caminhão estacionou no local marcado e o locutor anunciou que os leitões seriam servidos, as pessoas abriram alas nos corredores e, em impressionantes 5 minutos e 1 segundo, todas as 260 mesas estavam servidas e os milhares de participantes se deliciavam. Não tinha como não perceber o entusiasmo de todos e, apesar do frio, muita disposição de cada voluntário, que sem ganhar nada em troca, se satisfaziam em ver os participantes alegres e em poder fazer parte de uma das festas mais bem organizadas do Sudoeste. (Confira mais fotos esta semana no site do Jornal de Beltrão).
