Para líder cooperativista, decisão terá impacto negativo para os produtores.

A Portaria 193/2015 da Agência de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Adapar), publicada nesta semana no Diário Oficial do Estado, na prática inviabilizou a safrinha, ou segunda safra de soja, muito comum na região Sudoeste, e tida como a “salvação da lavoura” para o agronegócio regional, que anda com as margens apertadas. A cultura da soja e particularmente a safrinha, vinha assegurando uma boa renda aos agricultores, principalmente na região Sudoeste, onde o milho e feijão não estão na escala de preferência do agronegócio. A portaria repercutiu negativamente entre lideranças do setor.
A portaria estabelece que para a safra 2016/2017 passa a valer um novo período para a semeadura da cultura da soja no Paraná, entre 16 de setembro a 31 de dezembro de cada ano agrícola. Também estabelece como prazo final para colheita ou interrupção do ciclo da cultura da soja a data de 15 de maio, e após esta data todas as áreas cultivadas com soja deverão estar colhidas ou dessecadas. A portaria estabelece também no artigo 3º que fica proibida a semeadura e cultivo de soja em sucessão à soja, na mesma área e no mesmo ano agrícola. A portaria é tão rigorosa que permitirá a Adapar erradicar lavouras que estiverem fora do zoneamento agrícola.
Na prática, segundo o presidente da cooperativa Agrícola São Cristóvão (Camisc), com sede em Mariópolis, Nelson De Bortoli, foi a proibição da safrinha. Somente na sede da cooperativa em Mariópolis, num levantamento rápido, a proibição da safrinha causará um queda brutal na renda do agronegócio. “Deveremos ter um prejuízo somente na primeira safrinha que deixará de ser plantada mais de R$ 80 milhões, um desastre para nossos cooperados, que tinham na safrinha a oportunidade de aumentar a renda e pagar suas contas em dia”.
Nelson comentou que a região foi altamente prejudicada, e não foi apresentada alternativa para a microrregião de Pato Branco, onde os produtores conduziam a safrinha de forma correta sem causar danos ao meio ambiente.
Nelson prevê que o baque será grande e que o agronegócio não quer provocar prejuízos ao meio ambiente, mas quer o “direito de trabalho e produzir alimentos, gerando renda para honrar seus compromissos”.
Ele adiantou que esta portaria será em 2016, de forma a tentar alternativas, porque “o agricultor quer cumprir a lei, mas também quer sobreviver com dignidade, quero vem vai pagar nossas contas”.