Em todos os hospitais municipais que estão funcionando há uma queixa em comum: a alta demanda por recursos públicos. Muitos trabalham no vermelho, porém, conforme relato dos gestores, saúde pública não pode ser considerada uma despesa, e sim um investimento, que visa à melhoria da qualidade de vida da população mais carente. O Jornal de Beltrão procurou conhecer um pouco da realidade financeira destes estabelecimentos.
O Instituto de Saúde de Ampere (ISA), por exemplo, teve no ano passado um total de receitas na ordem de R$ 2.347.634,96 e uma despesa de R$ 2.409.371,21, portanto, ocorreu deficit de R$ 61.736,25. Em 2014, foram feitos 21.415 atendimentos (é como se toda a população tivesse passado pelo hospital por algum motivo de saúde) e mais 1.156 internamentos.
O diretor administrativo, vice-prefeito Luiz Carlos Grzebieluckas, afirma que o hospital tem feitos que orgulham a administração municipal como o atendimento 100% gratuito às gestantes e a redução a zero da mortalidade infantil nos últimos dois anos. O hospital funciona 24 horas por dia durante os 365 dias do ano.
Depois de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado com o Ministério Público, o hospital deixou de funcionar como uma associação hospitalar e passou a ser um instituto. O objetivo é buscar recursos nas esferas estadual e federal para ampliar o atendimento. “Fomos buscar formas de melhorar o atendimento e de aumentar rendimento do hospital. A mudança foi necessária, para que se buscasse números melhores”, fala.
Atualmente, o município de Ampere banca praticamente sozinho, com recursos próprios, todo o funcionamento do hospital. Conforme disse, um hospital municipal só é viável se o pensamento for o de investir em melhoria da qualidade no serviço prestado. “Quando você vai falar em saúde pública, sempre é viável. A nossa administração vê a saúde como um investimento. O município vem passando até por dificuldades, porque esse dinheiro é retirado dos cofres públicos.” Há uma lei em Ampere que permite o repasse de R$ 150 mil por mês, que somados aos R$ 46 mil em AIHs (Autorização para Internamento Hospitalar), que o SUS repassa, constituem a fonte de receitas do instituto. “É com esse dinheiro que nós mantemos 24 horas por dia aberto.”
Como funciona
O hospital atende urgência e emergência. O Samu recolhe o paciente, leva para o hospital, onde é realizado o atendimento inicial. Dependendo da gravidade do caso, há possibilidade de ser transferido para Francisco Beltrão. Há médicos contratados que cumprem expediente manhã, tarde e noite e nos finais de semana existe plantão. “Todos os horários são preenchidos com o plantão e durante a noite temos de sobreaviso profissionais de ginecologia e pediatria.”
Luiz Carlos conta que uma das metas é fazer com que o menor número de gestantes tenha que sair de Ampere para o parto. “Em 2013, fizemos 161 partos com mortalidade zero; em 2014, fizemos 142 partos; 2015 chegaremos perto de 200 partos dentro do nosso hospital e com recursos do município.” Recentemente, foram realizados investimentos com a reforma geral, reforma do centro cirúrgico, contratação de mais enfermeiros e compra de equipamentos. (NP)