A investigação se concentrou em apurar evidências de violação de leis anticorrupção no Brasil e nos Estados Unidos, envolvendo oito contratos que totalizaram R$ 11,34 bilhões.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, reafirmou que a auditoria externa contratada pela instituição não encontrou irregularidades nos contratos com o grupo J&F. Segundo Montezano, “não há nada mais a esclarecer” em relação às operações do banco. “Com relação aos casos escandalosos de corrupção que houve no Brasil e que o BNDES emprestou recursos para eles, a gente tem que esclarecer que até hoje nada de ilegal foi encontrado no BNDES”, disse Montezano. A investigação se concentrou em apurar evidências de violação de leis anticorrupção no Brasil e nos Estados Unidos, envolvendo oito contratos do grupo com o BNDES, firmados entre 2005 e 2018, que totalizaram R$ 11,34 bilhões (R$ 20,1 bilhões, em valores atualizados pelo IPCA).
Governo Michel Temer
A auditoria foi contratada em 2017 e 2018, durante o governo do então presidente Michel Temer, com custo inicial total de R$ 23,4 milhões, e recebeu dois aditivos. De acordo com Montezano, em 2018, em razão da ampliação do volume de trabalho nas investigações, houve uma suplementação no valor de R$ 5 milhões, realizada em novembro daquele ano. Em julho de 2019, em decorrência das investigações da CPI do BNDES e da Operação Bullish, da Polícia Federal, que investigou o favorecimentos do banco ao grupo J&F, foi aprovado o aumento do escopo da auditoria, com um novo aditivo de R$ 11,9 milhões no valor do contrato. Segundo Montezano, a decisão ocorreu antes de sua posse como presidente do banco, no dia 3 de julho.
Bolsonaro criticou auditoria: “Tem coisa esquisita”
As explicações do BNDES ocorrem após o presidente da República, Jair Bolsonaro, ter criticado a auditoria ao dizer que “tem coisa esquisita”. “Entendi que ele quis dizer com ‘raspar o tacho’ que parecia que alguém queria gastar todo o dinheiro [do BNDES] e a gente provou aqui que não foi o caso, que o banco gastou o necessário para cumprir o escopo da investigação”, disse Montezano, que logo após assumir o cargo se comprometeu a abrir a “caixa-preta” do BNDES. Para Gustavo Montezano, é “razoável” as pessoas terem dúvidas sobre as operações do banco, especialmente as que envolveram empresas pegas em casos de corrupção. “É legítimo que o cidadão brasileiro se pergunte como você pode liberar R$ 20 bilhões para uma empresa, R$ 50 bilhões para outra e essas empresas participaram de grande escândalos de corrupção e não tem nada ilegal? É legitimo que o cidadão tenha essa dúvida e pergunte para onde foi o meu dinheiro”, disse.