O trabalho mostra possível adaptação na forma de atendimento ao consumidor em razão da necessidade de isolamento social.

As vendas de áudio, vídeo e eletrodomésticos apresentaram um salto de 14% no mês de maio no Paraná. Produtos de informática, telefonia, linha branca (como geladeira e fogão), celulares, televisores, móveis e colchões também mostraram tendência positiva após a forte queda nas vendas nos meses de março e abril.
Os dados são do boletim conjuntural divulgado na semana passada pelas secretarias da Fazenda e do Planejamento e Projetos Estruturantes. O trabalho mostra possível adaptação na forma de atendimento ao consumidor, e identifica que alguns bens duráveis podem ter experimentado aumento de demanda em razão da necessidade de isolamento social, movimento econômico que é limitado, à medida que as pessoas se sentem adaptadas à nova realidade.
Um dos novos dados apurados no boletim conjuntural mostra que o Paraná chegou a um saldo de R$ 103,5 bilhões em créditos concedidos a pessoas jurídicas até o mês de abril. O montante aponta um acréscimo de quase R$ 10 bilhões em relação ao resultado de fevereiro.
Atacado
No período de 1º a 21 de junho de 2020, o comércio atacadista paranaense operou num nível equivalente a 74% do patamar pré-pandemia, apresentando relativa estabilidade em relação a maio. As vendas no comércio varejista no Estado ao Paraná também apresentaram, desde maio, tendência de recuperação após as quedas nos primeiros meses da pandemia.
O Paraná registra 94% de empresas que emitem documentos fiscais (NF-e ou NFC-e) abertas até 19 de junho. Mesmo assim, o Estado já acumula R$ 1,6 bilhão em perdas de receitas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
No cenário específico do funcionamento das empresas, o boletim conjuntural aponta que quatro mil estabelecimentos que operam no Simples Nacional e 1,050 mil do Regime Normal ainda estavam fechados no dia 22 de junho. No auge das recomendações de isolamento social, entre o fim de março e o começo de abril, havia 37.700 empresas do Simples fechadas, assim como 6.300 do Regime Normal.
ICMS teve queda de 30% em maio
No mês de maio, houve queda de 776,5 milhões (30%) no ICMS, em comparação ao mesmo período de 2019. Em relação à Lei Orçamentária, a queda foi de R$ 433 milhões em abril e R$ 853 milhões em maio. A arrecadação de ICMS de abril apresentou melhor desempenho em comparação a maio porque está relacionada, em parte, às operações realizadas em março, que foram afetadas a partir da sua segunda quinzena.
O setor de combustíveis, que tem a maior participação no ICMS, de 21% em 2020, representa a maior queda, de 61% em comparação a maio de 2019. A queda na arrecadação de ICMS de março a maio, de R$ 1,3 bilhão somada à queda parcial de junho, de R$ 234 milhões. O auxílio financeiro de R$ 1,7 bilhão destinado ao Paraná pelo governo federal suportará até 23% das perdas no ICMS do Estado.
Mas projeção do PIB dá sinais de estabilização
A projeção do PIB para 2020 mostra sinais de estabilização, uma vez que o valor para a semana atual é muito próximo das duas anteriores, com queda estimada de 6,5%, contra uma previsão de alta de 2,3% estimada para o ano antes do início da pandemia. A expectativa do momento é que haja resultado positivo na agropecuária (2,2%) e redução significativa na indústria (-7%) e em serviços e comércio (-5%).
Segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), embora as projeções do Banco Central indiquem que o segundo trimestre do ano será o mais afetado pela pandemia, o Paraná projeta resultados negativos já no terceiro trimestre (-10%) em relação à previsão inicial, e no quarto trimestre (-7%).
Apesar da recuperação inicial analisada pelo Ipardes, o boletim conjuntural aponta que é necessário acompanhar o novo cenário e comportamento das atividades econômicas, pois o PIB paranaense deve apresentar retração em todos os trimestres até o final ao ano.