A caverna fica bem próxima do Rio das Antas, em Aparecida D’Oeste.

Foto: Divulgação
No Brasil os especialistas em geologia e geografia mapearam, até agora, quatro cavernas basálticas. Três delas ficam no Paraná, uma delas no interior de Eneas Marques. Denominada de Pau Oco, a caverna com rocha basáltica fica quase na margem do Rio das Antas – antigo Rio Vista Alegre -, em propriedade rural localizada na comunidade de Aparecida D’Oeste.
Essa caverna foi apresentada no Encontro Internacional de Produção Científica, de 24 a 26 de outubro de 2017. Sua descoberta pelo mundo acadêmico e científico se deve ao educador ambiental Cláudio Loes, de Francisco Beltrão. Ele tem visitado uma série de locais – cavernas, tocas e cachoeiras – da região Sudoeste do Paraná.
Conforme Claudio, a caverna de Eneas Marques se formou há milhares de anos, quando o rio era mais alto. “Já era um bolsão de ar aberto; foi sendo aberto há milhares de anos”, relata. O local tem uma lâmina de quartzo – largura de cinco a seis centímetros – que passa por toda a parede, próximo do chão. É uma caverna de pequeno porte, com cerca de 10 m de profundidade, 225 de largura e 1 metro de altura. Próximo dali tem a cachoeira do Rio das Antas. O local agora está catalogado no Cadastro Nacional de Cavernas do Brasil.
Vários dados
Os moradores daquela região sabiam da existência da caverna. Mas nunca houve estudo sobre o seu interior ou catalogação científica. Cláudio foi até lá, entrou na caverna, fez fotos, medições e mandou os dados e informações para os especialistas da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Os estudiosos de cavernas vieram de Londrina para visitar a caverna.
No local há um tipo de mariposa com olhos diferentes, parece que adaptados ao local, e aranhas. Há rochas vulcânicas e derrames. Os estudos sobre este local devem ter continuidade em 2018, com a vinda de geólogos e geógrafos da UEL. Os pesquisadores que virão estudar e levantar mais informações poderão verificar a quantidade de quartzo presente nas rochas.
Estudos importantes

muitas informações sobre tocas,
cavernas e cachoeiras da região.
Foto: Flavio Pedron/JdeB
Claudio argumenta que os levantamentos das cavernas são importantes para geologia e geografia e, dentro do possível, que se possa, futuramente, explorá-los como pontos de turismo sustentável. “Daria para se explorar estes locais com a visitação, com o turismo sustentável, fazer estudos, sem ocorrer prejuízos à paisagem original”, defende Claudio.
As tocas, cavernas e buracos se localizam em encostas e margens de rios, córregos e cachoeiras e ficam em áreas de preservação permanente.
Visitas seguidas
Claudio tem visitado cachoeiras, tocas, paredões, cavernas e locais com vestígios pré-históricos da região Sudoeste do Paraná. Nessas visitas, outras pessoas o acompanham. Ele também dedica parte do seu tempo para ler sobre rochas, antigas expedições de exploradores que passaram pela região Sudoeste do Paraná e o Sul do Brasil e cartas geográficas. O educador cita um dos exploradores, o espanhol Cabeza de Vaca, que descobriu as Cataratas do Iguaçu. “As expedições faziam vários caminhos.”
Coordenadas do Exército
Com curiosidade aguçada, Claudio conseguiu mapas antigos de expedições e buscou livros que falam dessas incursões de exploradores pela América Latina. Também faz estudos com localização pelo GPS. Uma dificuldade encontrada por Claudio é que há poucos estudos disponíveis. Ele busca coordenadas e mapas do Exército e depois vai até os locais desejados.
O educador ambiental diz que as cavernas serviam de abrigo para antigas civilizações, por pessoas que participavam de expedições e pelos colonizadores. Na Linha São Braz, em Francisco Beltrão, Claudio esteve num local e encontrou vasilhas que devem ter sido usadas por indígenas. No interior de Campo Erê (SC), há escavações de antepassados que buscavam a descoberta de ouro.
Pessoal ajuda com informações
Por esse interesse em ver cavernas e buracos, o educador ambiental recebe informações e dicas para visitação. Os locais são catalogados no computador de Claudio. “Eu gosto de conhecer isso”, salienta. Além de catalogar os locais visitados, ele colhe informações, curiosidades e histórias dos lugares por onde faz suas incursões.
Assombração e caverna
Claudio conta que “tem também coisas folclóricas, de assombrações, é que tem pessoal que não gosta que vá ao local, pessoas que não querem a visitação”. Há, ainda, locais em que houve confusão por disputa de imóveis. As novidades e informações obtidas pelo educador ambiental são relatadas no site religar.net-expedicoes e no blog Ecophisis.
Claudio formou-se em Filosofia e Engenharia Elétrica e possui especialização em Educação Ambiental. Em tom de humor, ele fala sobre as histórias de assombração que recebe das pessoas. “Onde tem fantasma, tem caverna!” E quando encontra a caverna, já repassa a localização e dados para os geólogos da UEL.
Por enquanto, ele mantém apenas os registros, planilhas e informações de cada local visitado. Ainda não há perspectiva de um livro. “Livro seria uma coisa interessante, porque já tem um bom número de informações”, ressalta.