Movimento começou semana passada e ontem só havia paralisação em Realeza.

Foto: Rádio Clube Realeza.
Há uma semana, na terça-feira, 2, motoristas do Brasil inteiro começaram a paralisar rodovias em um protesto contra o aumento de imposto sobre os combustíveis, contra a corrupção, por mais segurança nas estradas, por um valor mínimo do frete e outras questões que, no posicionamento dos manifestantes, atrasam o desenvolvimento do País e dificultam a vida da classe dos caminhoneiros e também do povo em geral.
Durante a semana passada, houve paralisações em rodovias de pelo menos oito Estados. O Sudoeste do Paraná não ficou de fora. Desde terça, pontos de paralisação abriram e fecharam em Nova Prata do Iguaçu e Clevelândia, enquanto o bloqueio no município de Realeza começou na terça e continua até hoje – com um intervalo no domingo, dia 6, quando a rodovia ficou totalmente liberada.
Segundo informações, tanto da polícia quanto dos caminhoneiros e da imprensa local, a paralisação não parou carros pequenos, ônibus, veículos de emergência ou caminhões com carga viva ou perecível. Ainda assim, na sexta-feira a paralisação chegou a formar uma fila de mais de seis quilômetros.
Ontem, no entanto, o posto da Polícia Rodoviária Estadual em Realeza informou que o movimento estava mais fraco, com menos caminhões parados. Além disso, enquanto no início da semana passada o movimento estava pacífico, ontem e sábado a polícia registrou atos de violência – como pedras atiradas – contra motoristas que não quiseram parar no bloqueio. Os policiais não informam se a violência é cometida pelos manifestantes ou se é uma ação individual, sem aval do movimento.
Apesar de o movimento em Realeza ter arrefecido, a promessa é que hoje a manifestação se intensifique no Sudoeste, com nova paralisação em Clevelândia – um movimento mais rigoroso. Segundo o capitão José Batista dos Santos, da 6ª Companhia da Polícia Rodoviária Estadual, em Pato Branco, caminhoneiros enviaram um comunicado à força policial informando que o bloqueio começa hoje, aberto para carros pequenos, ônibus e cargas vivas e perecíveis, mas que a partir de amanhã, o bloqueio será total.
O capitão ainda informa que, por ora, a polícia aguarda ordens e não terá nenhuma ação. “É preciso primeiro ver se eles vão cumprir o fechamento total”, disse. Ele comentou que, se esse bloqueio se confirmar, é provável que o movimento se intensifique, mas ainda de forma menor do que em outros anos.
Aumenta o preço do diesel
Um dos principais motivos da paralisação dos caminhoneiros é o aumento do preço dos combustíveis e ontem o diesel voltou a aumentar. A Petrobrás anunciou um aumento de 0,6% no diesel, enquanto o preço da gasolina ficou igual. Na sexta-feira, houve uma redução de 1,2% no diesel. Isso acontece porque a Petrobrás adotou uma nova política de preços, ajustando os valores de acordo com o mercado, o que torna possíveis ajustes diários. Desde a mudança (no dia 3 de julho), a gasolina aumentou 3,89% e o diesel 7,39%.
“Todo mundo tinha que se unir”
Fábio Dalberto, caminhoneiro e vereador pelo PDT em Nova Prata do Iguaçu, foi um dos manifestantes que fecharam a rodovia entre Nova Prata e Salto do Lontra na semana passada. Hoje, sem participar da paralisação, ele comenta: “Estávamos em poucos aqui, teve pouca mobilização, então não continuamos”.
O vereador avalia que a manifestação é necessária, mas está muito fraca, com pouca adesão social. “Se não tiver uma união de todo mundo, para lutar junto, vai continuar do jeito que tá, com o governo roubando e com essa carga de impostos muito grande. Era preciso que os colonos, o comércio, dono de posto, todos irem para a luta.”
Ele considera que a manifestação deveria ser de toda a sociedade, já que os “desmandos” do governo afetam todo mundo. “Mas mesmo entre os próprios caminhoneiros, que carregam esse País nas costas, uns são a favor, outros são contra, tem muita desunião. Para acontecer alguma coisa, era preciso todo mundo se unir”, pondera.
Ele ainda comenta que, caso se confirme o bloqueio em Clevelândia e que os outros setores da sociedade participem, “pode ser que o movimento ganhe força e o pessoal se una”. Mas, por ora, Fábio vê a situação com desânimo.