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Francisco Beltrão
terça-feira, 27 de maio de 2025

Edição 8.213

28/05/2025

Com boa perspectiva de mercado, grupo de produtores passará a criar suínos

Uma cooperativa e um frigorífico estão recebendo adesões de novas granjas.

Os problemas sanitários dos rebanhos suínos da China e demais países asiáticos e a desativação do frigorífico de perus da BRF em Francisco Beltrão estão gerando novas oportunidades para produtores rurais da região de Francisco Beltrão. No ano passado, mais de 15 milhões de suínos tiveram de ser abatidos na China devido aos focos da peste suína clássica. O governo e as empresas daquele País recorreram a outros países para a importação de proteínas animais visando suprir a demanda interna.

Ainda em 2018, a Cooperativa de Produtores Rurais de Concórdia (Coperdia), instalou um entreposto no município de Eneas Marques, para incentivar a adesão de mais produtores rurais à atividade suinícola. Em agosto de 2018, a direção da indústria de alimentos BRF encerrou os abates de perus na unidade industrial de Francisco Beltrão. Cerca de 750 aviários deixaram de receber lotes de peruzinhos para engorda. A maioria dos 350 avicultores de perus paralisou as atividades.

Alguns, no entanto, decidiram adaptar seus aviários para alojar suínos com o incentivo da Coperdia. A cooperativa vai utilizar um barracão pertencente à Prefeitura de Eneas Marques, na comunidade de Rio Cachimbo, para instalar uma fábrica de rações, visando atender os cooperados, integrados e demais produtores da região.

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Quem são
Há interessados investindo recursos próprios ou financiados para receber suínos que serão comprados pela Coperdia, integrante da Aurora, central de cooperativas da região Oeste de SC que mantém indústrias lácteas, de frangos e suínos. Mas o Frigorífico Palmaly, de Palmas, também está recebendo novos integrados do Sudoeste.

O escritório da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Sustentável (Seds) de Francisco Beltrão está analisando de 35 a 40 pedidos de licença ambiental para novos empreendimentos para criação de suínos. O chefe do escritório da Seds, Dirceu Abatti, disse ao JdeB que há de 400 a 500 processos cadastrados, para diversas atividades econômicas, de licenciamento no órgão público de Francisco Beltrão. Cerca de 130 a 140 são projetos já licenciados ou em fase de licenciamento para suinocultura.

Esses 35 a 40 pedidos para implantar novas granjas de suínos se deu de julho de 2019 para cá. Os bancos e cooperativas de crédito estão ofertando linhas de financiamento para que os empreendedores ou produtores rurais possam construir novas instalações ou adequar os aviários para os padrões exigidos pelas empresas de suínos e pela legislação ambiental.

Dirceu ressalta que não há como liberar rapidamente os pedidos de licenciamento. “Pra acontecer o licenciamento da noite pro dia é praticamente impossível”. E acrescenta: “O normal é ser rápido.” Ele explica que às vezes o engenheiro da Seds demora para lançar toda a documentação no sistema/processo de licenciamento. “Mas não é só lançar e já vai sair a licença, o projeto tem que estar de acordo com o que pede a legislação”, ressalta.

Uma oportunidade
O JdeB tentou contato com o entreposto da Coperdia, em Eneas Marques, mas a ligação não foi completada.

Claudimar de Carli, agrônomo e secretário de Agricultura de Francisco Beltrão, diz que está se abrindo uma nova oportunidade para os produtores que deixaram de alojar perus depois que a BRF paralisou os abates. A Prefeitura de Beltrão ajudou na construção de esterqueiras em várias propriedades, para a destinação correta dos dejetos dos suínos. “É um negócio bom, uma atividade nova que surgiu com o problema na China, da peste suína clássica nos rebanhos. E o Brasil é um grande produtor de suínos”, comenta. Atualmente, a maioria dos produtores é integrado das empresas, o que garante mercado para os produtores, mesmo que eventualmente eles recebam um pouco menos pela venda dos lotes de suínos. “O independente não sobrevive, porque os insumos são muito altos”, argumenta Claudimar.

 

 

Odontólogo William Furlan investe em projeto para criação de suínos

JdeB – Os odontólogos Luiz Furlan (pai) e William Furlan (filho) decidiram investir na adaptação de dois dos três aviários de perus para a produção de suínos. A atividade será gerenciada pelo filho Willian.
A previsão de investimento é de R$ 500 mil no projeto de criação de suínos para engorda e terminação. A granja vai produzir suínos para a Coperdia. Devem ser alojados 800 animais por lote e uma média de 2,8 lotes por ano. Os leitões chegarão com cerca de 40 quilos e serão entregues à cooperativa, para abate, com cerca de 110 a 120 quilos cada.

O projeto prevê o uso dos dejetos de suínos para a fertilização da pastagem do rebanho de vacas criadas para produção de bezerras. O sistema de alimentação será automatizado. A cada duas horas são disponibilizadas água e ração para a alimentação dos animais. O animal come a ração e toma água ao mesmo tempo. “Com a absorção da água com o alimento os animais se desenvolvem mais rapidamente”, explica Luiz. Depois, os dejetos caem numa lâmina d´água. A criação de suínos será acompanhada por um funcionário.

Para montar o projeto, os Furlan foram visitar uma granja no interior de Eneas Marques que adota o mesmo sistema que eles vão implantar na propriedade, conversaram com o pessoal da Coperdia e com engenheiros para a elaboração dos projetos.

Luiz diz que hoje o sistema de produção tem que ser por integração. “Com as oscilações do mercado, não tem como o particular bancar os custos. O fato de estar junto com uma cooperativa dá mais segurança”, sublinha.

Veio do interior e continua
Luiz Furlan se criou no interior de Francisco Beltrão e saiu há alguns anos, quando jovem, para cursar Odontologia. Quando se formou, retornou para o município. “Desde formado, sempre fui ligado à roça. Vou investir onde? No campo!”, comenta. Ele argumenta que para a produção de alimentos sempre haverá demanda. Ainda mais agora que a China se tornou um gigante da economia mundial e tem no Brasil um dos principais parceiros para o fornecimento de proteína animal – carnes de frangos, suínos e bovinos -, soja e derivados do leite. As populações da China (1,4 bilhão de pessoas) e da Índia (1,3 bilhão de pessoas) continuam aumentando e vão precisar de mais alimentos nos próximos anos.

Duas propriedades
A família conta com duas propriedades rurais. Na Linha Gaúcha o foco é a produção de suínos e a criação de 800 bezerras e novilhas para corte. Em outra propriedade, na Linha Santo Isidoro, são cultivados milho e soja.

Antes de iniciar o projeto de alojamento de leitões há ainda as fases de autorização das licenças ambientais junto à Seds. Primeiro a licença de uso e ocupação do solo, segundo a prévia e a terceira de operação. Depois serão iniciadas as obras de adequações dos galpões e, na sequência, os alojamentos de leitões.

A previsão é que num prazo de quatro meses tudo esteja pronto para iniciar os alojamentos de leitões. Os equipamentos necessários já foram orçados. Todos os projetos e processos ambientais já foram encaminhados ao escritório regional da Seds. No entanto, Luiz gostaria que os processos tramitassem com mais rapidez.

A granja da família Furlan, na Linha Gaúcha, que passará a criar suínos.

 

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