Família tem cuidado meticuloso com o sítio e com os animais.

Em 2016, a bacia leiteira de Eneas Marques teve um lucro bruto de R$ 42,5 milhões, um dos maiores da região. Mesmo com grandes produtores de leite no município, os pequenos agricultores também se destacam no negócio.
José Batistel, 57 anos, mora na comunidade Arroio Empossado, em uma pequena propriedade num dos belos vales que há na região. O terreno montanhoso impossibilita a mecanização da lavoura, portanto, a criação de gado leiteiro é uma alternativa para a renda.
O produtor comprou o pedaço de terra de 3,5 alqueires em 1998. “Eu trabalhava na Sadia, que hoje é Pluma, aqui em Eneas. Fiquei lá por 11 anos. Era muito difícil, acordava de madrugada e ia a pé pelo meio do mato. Quando chovia, tinha que ir igual, ia abrindo carreiro de madrugada”, lembra José. Mesmo após comprar o sítio, ele conciliou o trabalho na granja com a propriedade.
50 litros de leite a cada dois dias
Quando resolveu largar o emprego, José tinha algumas cabeças de gado, mas que não davam muita rentabilidade. “Tinha oito vacas, a cada dois dias entregava 50 litros de leite e eu achava que estava bom demais. O sítio era tudo quiçaça, não tinha pasto.”
A mudança na produtividade veio com o Programa Paraná 12 Meses, no início da década de 2000. “Na época, o pessoal da Emater passou aqui e disse que nos daria uma vaca. Era para escolher a raça pra ganhar. Lembrei que meu pai sempre falava que vaca boa pra leite é jersey”, comenta Marli Batistel, esposa de José.
José não acreditava que receberia a vaca, mas, após a vinda do animal, a vida da família mudou completamente. “Quando a jersey criou a primeira vez, desisti das outras vacas, a produtividade era muito maior”, relata.
700 litros de leite a cada dois dias
Hoje, a família cria 18 vacas produzindo 700 litros a cada dois dias. Os animais vivem soltos nos piquetes e são alimentados com um pouco de ração e a grama do sítio. O cuidado minucioso com os animais fez com que José fosse premiado três vezes no Festleite.
Trabalhando somente com a produção leiteira, a família consegue uma renda média mensal bruta de R$ 10 mil. José é um dos bons exemplos do município de que com pouco espaço e alguns animais é possível ter uma boa renda por mês. “Pra quem tem um pedaço de terra e quer começar, o conselho é: tem que cuidar, tem que se dedicar, tem que gostar do trato com o animal”, assegura o agricultor. “Do leite eu fiz minha casa. Paguei tudo com o leite”, completa.

Fotos: Renan Guex/JdeB