
onde prezam pela organização e bem-estar.
A propriedade de apenas 39 hectares dá espaço para uma infinidade de produtos, garantindo lavouras de milho, soja, trigo, feijão e canola, além do açude para criação de peixes, piquetes para o gado de leite, de corte e as ovelhas, a estrutura para criação de suínos e galinhas e ainda um amplo parreiral, um pomar invejável, a criação de abelhas para produção de mel e, por fim, uma pequena horta. A lista também tem vários itens de transformação, como vinho, geleias e os produtos de panificação.
A aposta na policultura visa à subsistência e, claro, amplas oportunidades de mercado. E o resultado é mais que satisfatório, garante o casal Neli e Sônia Sganzerla, que cuida da propriedade na comunidade Rio Elias, interior de Renascença, com muito carinho e dedicação.
O terreno pertencia aos pais de Neli, Natelmo – falecido em 2009 – e dona Elza, de 76 anos, que vive atualmente em Francisco Beltrão, com a filha Glaci. O casal teve apenas três filhos: Glaci, Neli e Gaspar, que mora em Renascença e também tira o sustento de sua família da mesma propriedade. Em resumo, Neli, que hoje tem 53 anos de idade, vive no mesmo lugar há 44 anos.
“Quando chegamos aqui, ainda não existia mecanização, era tudo manual, era apenas subsistência e vendia o excesso. A gente plantava um pouco de tudo, mas as atividades principais eram milho e criação de porco. Com o passar dos anos, conforme a necessidade ia aumentando e as oportunidades iam surgindo, a gente foi aumentando as variedades cultivadas na propriedade”, conta o produtor.
Em 1993, Neli e Sônia – hoje com 48 anos – se casaram, e daí vieram os dois filhos, que já não vivem mais na propriedade. O mais velho, Yogan Felipe, de 19 anos, faz faculdade em Foz do Iguaçu, enquanto o mais novo, Willian Gustavo, de 16, estuda no Colégio Sesi, em Beltrão.
Novas alternativas incrementam a renda
As lavouras acompanham a propriedade ano a ano e garantem boa parte da renda. Para incrementar os recursos, o casal passou a fornecer alimentos para a merenda escolar das escolas municipais, através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Sônia produz pães, macarrão, bolachas e cuca. O casal também entrega mel para a merenda todas as terças-feiras.
O mel também é comercializado para os vizinhos e amigos, assim como ovos de galinha e até frutas, como a uva, que ainda é transformada em vinho, vinagre, sucos e geleias, para o consumo e também para venda. As carnes produzidas são apenas para o consumo, assim como o leite e o queijo.
“Dá pra viver muito bem dessa forma, a gente gasta pouco, tem de tudo e só compra o que não consegue produzir. Se dedicar apenas a uma cultura não é uma boa escolha. Enquanto tô aqui, tá tudo produzindo, as abelhas trabalhando, a lavoura produzindo, os peixes e outros animais se desenvolvendo. A soma dos pequenos valores de tudo que a gente vende acaba dando um lucro bom”, afirma Neli.
Mais iniciativas
Neli e Sônia garantem que não pretendem abandonar a propriedade tão cedo, mas admitem que sentem falta de políticas públicas e mais iniciativas das entidades representativas. “É preciso buscar alternativas, mais opções para a agricultura familiar. Às vezes, a gente até tenta algo novo, mas nem sempre dá certo, falta conhecimento, orientação. As entidades que nos representam mostram poucas alternativas para a pequena propriedade, para a agricultura familiar, sempre falo isso”, frisa Neli.